Top

“Racismo continua presente até hoje em nossa sociedade”, diz Sérgio Malheiros

O ator, diretor, youtuber e ativo no IGTV Sérgio Malheiros queria ser professor, mas, apesar dos desejos de infância, começou cedo na carreira de ator. Segundo ele, desde os tempos de escola já sabia que seguiria para esse lado, pois já atuava em produções e projetos audiovisuais.

SIGA O RG NO INSTAGRAM

“Quando adolescente, cheguei a produzir alguns conteúdos educativos e didáticos no colégio Intelectos, que foi onde tive a certeza de que tinha uma paixão pela direção e a parte de produção de audiovisuais. Foi um projeto muito bacana e que me deixou mais próximo da vertente como diretor e produtor de conteúdo. Na época eu conciliava isso com a novela ‘Sangue Bom’.”

Ele foi descoberto por Malu Fontenelle, quando participou dos programas “Samba, Pagode & Cia”, seu primeiro trabalho na Globo, e do “Gente Inocente”. Na sequência, já um rosto conhecido, foi chamado para outros trabalhos na casa, como a novela “Da Cor do Pecado”, que ele considera um divisor de águas em sua carreira.

Mais recentemente, o ator representou o jovem advogado Diego, em “Verão 90”, papel que explorava o preconceito e o racismo. “A história da novela se passava na década de 90, mas a luta contra o racismo continua presente até hoje em nossa sociedade”, diz.

Atualmente, ele dirige o filme “Única Saída”, que está em fase de pós-produção, e ainda tem programa no IGTV em que fala sobre geopolítica internacional, uma forma que descobriu para desenvolver seu lado “professor”.

Malheiros bateu um papo com RG. Leia a seguir:

Seu mais recente papel na TV, o Diego de “Verão 90”, era uma cara todo certinho que passou por preconceito e tal, como foi criar o personagem e qual a importância desse papel na sociedade atual?

O Diego era um cara com uma representatividade forte. De origem pobre e negro, sofreu muito preconceito e batalhou muito para chegar onde queria. A história da novela se passava na década de 90, mas a luta contra o racismo continua presente até hoje em nossa sociedade. É um papel importante na minha carreira, pois me fez refletir ainda mais sobre o quanto o preconceito é um tema atual, infelizmente e, também, por poder levar essa reflexão aos nossos espectadores.

Essa é sua estreia como diretor de cinema?

Eu já havia dirigido alguns curtas na faculdade de Cinema. Mas, “Única Saída” é meu primeiro projeto profissional no cinema como diretor. Ainda estou trabalhando na pós-produção, mas estou muito satisfeito com o resultado. Em especial dos meus atores que arrasaram:  Rafael Logan, Gabriel Godoy, Lucélia Sérgio e Edmilson Filho, que assina o roteiro comigo.

Como apareceu essa ideia/convite?

Eu sempre quis dirigir. Venho produzindo alguns clipes e programas de internet há algum tempo e em paralelo estudo roteiro e escrevo muito, todo dia. E esse projeto vem com meu trabalho como diretor. O roteiro de “Única Saída” veio de um encontro com o Edmilson Filho, em Los Angeles, cidade onde ele mora. Eu estava de férias por lá e liguei para ele me apresentar a cidade. Falamos de mil projetos e batemos o martelo no primeiro, que era o “Única Saída”. Com o final da novela, consegui um tempo a mais para me dedicar a isso e reuni uma equipe de peso com o André Modugno, na direção de fotografia, e fizemos um lindo filme. Agora, estou escrevendo uma série, que vai contar um pouco mais sobre a história dos protagonistas de “Única Saída”.

Conte um pouco do curta.

A história do curta se baseia em dois protagonistas, um nordestino e uma mulher negra, que desapontados com as perspectivas na carreira audiovisual, resolvem ir para o Rio de Janeiro para ganhar a vida aplicando golpes, aproveitando do talento que eles têm como atores. Muita confusão envolve a vida deles.

Como é produzir o curta e ainda uma série sobre a história dos personagens, de onde surgiu esse projeto e qual o intuito dele?

Na verdade são dois trabalhos separados. O curta está agora em processo de finalização, enquanto a série é um projeto (que ainda está sendo escrito) baseado nos mesmos personagens.

Fale um pouco sobre sua participação no “Dose Tripla”. Está gostando de atuar como apresentador?

O “Dose Tripla” é um projeto muito bacana. Eu sempre fui fascinado pelo universo cinematográfico e o AdoroCinema me convidou para integrar esse time. Divido a bancada com o Renato Hermsdorff, que é quem realmente conduz o programa e é um grande jornalista e crítico de cinema. Nos divertimos bastante e a cada semana temos um convidado novo, o que é muito legal porque eu tenho a chance de conhecer e reencontrar grandes colegas. Tem sido uma experiência fantástica.

O que é, exatamente, seu projeto no IGTV e por que geopolítica internacional, de onde vem esse seu interesse? Já pensou em escrever sobre isso, um livro, talvez?

Eu já tinha um canal no YouTube, mas ele não estava tão movimentado. Como usava muito mais o Instagram, comecei a movimentar a Malheiros TV por lá. Eu sempre me encantei com as aulas de história e geografia na escola, e quando mais novo, queria ser professor. Comecei a produzir alguns vídeos falando de uma maneira fácil de entender sobre questões do cenário geopolítico internacional. Foi dando certo e migrei o conteúdo para o YouTube também. Sobre o livro, é uma ideia, mas ultimamente tenho focado mais no audiovisual, que é uma vertente que quero me aperfeiçoar e profissionalizar cada vez mais. Acho que é importante termos calma e foco nos novos desafios que nos comprometemos.

Como tem sido a receptividade do seu público com um tema tão sério e importante?

A receptividade tem sido ótima! O público vem gostando bastante e tenho recebido feedbacks bem positivos. São temas muitas vezes passados de uma forma complexa e eu tento ser o mais didático possível para passá-los a quem assiste. Claro que tenho ajuda de um professor especialista no assunto, que me orienta e com quem debato bastante sobre os temas, que é o professor de geografia Claudio Hansen.

Como anda seu love com Sophia Abrahão?

Está ótimo! A Sophia é minha grande companheira.

Pensa em ser pai? Se sim, quando?

Com certeza, mas não é algo que está nos nossos planos de agora. Acredito que temos que estar preparados para isso. No momento estamos focados em nossas carreiras.

Como cuida do corpo? Gosta de esportes? O que faz?

Meu pai era professor de karatê, então, cresci nesse círculo e sou apaixonado por esportes. Não sigo uma rotina regrada, gosto de experimentar novas modalidades e me aventurar. Desde pequeno faço capoeira, comecei lá trás com o Raí, em “Da Cor do Pecado”. Além disso, voltei a me dedicar ao surf com o Diego, em “Verão 90”. Também gosto muito e faço de vez em quando lutas, como muay thai e jiu jitsu, que voltei recentemente também. Já fiz parapente, wakeboard, karatê, futebol, futevôlei, entre outros. Há pouco tempo viajei para o Chile e esquiei pela primeira vez. Foi paixão à primeira vista!

Faz alguma dieta alimentar?

Eu não faço nenhuma dieta restritiva ou nada do tipo, mas tenho uma preocupação em me alimentar de forma saudável. Não me importo em extrapolar, às vezes, até porque gosto bastante de comer, mas é bom manter a alimentação balanceada.

Cuida da beleza, da pele, por exemplo, como?

Tenho alguns cuidados, sim, mas nada fora do normal. Passo protetor solar no rosto antes de sair, por exemplo, até porque moro no Rio de Janeiro e é um cuidado necessário.

Mais de Cultura