Sao 10h30 da manha de terca-feira (15.01). Isabela Capeto recebe RG Vogue com aquela simpatia carioca que lhe e peculiar. “Tao atrasados!”, brincou. “Estamos desde as 7 da manha terminando de montar pra voces verem”. Excitante! Desta vez, a estilista resolveu apresentar sua colecao numa especie de instalacao, ali nos jardins de sua loja paulista, na rua da Consolacao. Para quem nao se lembra, Isabela ja havia mostrado uma colecao de inverno (ha exatamente um ano atras) em sua loja, naquela ocasiao com um desfile ultra-exclusivo, apenas para pouquissimos jornalistas convidados. O formato agradou. “E mais intimista, menos um evento social”, define Alberto Renault, diretor de arte responsavel pela instalacao. Mas, desta vez, ha uma grande – e otima – diferenca. A coisa toda e mais democratica. Alem dos jornalistas, que terao a obvia primazia de ver tudo no primeiro dia, o publico interessado podera tambem conhecer a colecao; a instalacao estara aberta a visitacao durante os dias de SPFW. RG Vogue acha isso muito cool.
Manequins rodopiam num espaco todo preto, espelhado, forrado por pedacinhos de borracha de pneu reciclada, ornado com plantas pelo chao. Na trilha, de Renault e Gustavo MM, “trechos de musicas afetivas, que evocam a coisa do giro”, explica Renault. Bem ecletico, de Roberto a Philip Glass, passando por Caymmi. A luz natural incide sobre as roupas. A primeira impressao e impactante; o universo de cor e patchworks de Isabela se desgarra do preto dominante. E tudo multiplo, desde os reflexos infinitos no espelho ate os detalhes de styling e das estampas. A colecao gira em torno de referencias metropolitanas, o caos da cidade, o estetico inclusive. “As interferencias que a cidade sofre – as setas, as placas”, completa Isabela. A traducao disso, na roupa, esta nos patchworks, em estampas literais de janelinhas e rotas de avioes, nas colagens de um tudo, nas plaquinhas de rua que viraram colares (must-have desde ja!), nas colagens exuberantes – e harmonicas – de citricos.
Isabela contou que a colecao e muito influenciada por sua recente viagem ao Japao (ela desfilou por la). “Fiquei encantada e muito emocionada. Um dia eu estava sentada na rua esperando alguem, ai comecei a reparar nas pessoas, na maneira como elas se vestem, nao tem esse negocio de tendencia, nao tem modismo, nao tem compromisso. E o meu lugar”, revelou. “O negocio e ficar bonito, usar o que faz bem, acabou o julgamento”. Palmas. Com bom senso, e otimo exemplo para ser seguido.
Foco no styling de Felipe Veloso, ha nove colecoes com Isabela: “Passamos 20 dias juntos no Japao, fomos criando la, olhando tudo, coletando referencias dentro desse tema de “cidade”. E um styling bem carregado, uma mistura de culturas, um trabalho intenso de pesquisa”. Os detalhes citricos sao deliciosos de ver. E as plaquinhas… (Ok, chega de falar nas plaquinhas… E que as plaquinhas sao muito legais). Numa delas, alias, le-se “CAMINHO”. E o de Isabela, qual e? Ela comenta sobre sua possivel sociedade com o Pactual. “A gente cria filho pro mundo”, pontua. “A sociedade esta praticamente fechada. Vai me ajudar a focar mais na criacao e a fazer as coisas que a gente tem vontade”. Oba. Vem ai mais emocao para o seu guarda-roupa…