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Chanel Couture por Suzy Menkes

Nossa colunista fala sobre o desfile de alta costura da Maison

Por Suzy Menkes, do International Herald Tribune

PARIS — Coco Chanel, a estilista que ficou famosa por dar às mulheres liberdade fashion, não era o tipo que andava com os joelhos apertados por uma saia justa, ou que entrava em um espartilho só para modelar o corpo para uma jaqueta ampulheta. Não, Mademoiselle Chanel estava destinada para os tweeds pueris de linhas retas, que apareceram mais uma vez na passarela couture de Karl Lagerfeld para a Chanel, no Grand Palais de Paris. Os chapéus planos de palha, que completaram muitos dos looks, pareciam acenar para a década de 1930. Desfilado enquanto a noite caia sobre a cidade, esta coleção de haute couture trouxe uma elegância sóbria que lembrou as coleções de prêt-à-porter mais apocalípticas da Chanel do passado. Olhos cobertos por renda e botas feitas de meia-calça transparente mexeram com a arte da obscuridade.

Mr. Lagerfeld raramente é nostálgico, mas este desfile, com seus tweeds gráficos preto-e-branco e roupas de noite primorosamente detalhadas, pareceu seguir uma narrativa que levou a moda de volta ao tema clássico masculino/feminino. Ou, como o próprio estilista definiu: “Gosto da ideia da metamorfose – uma evolução feminina do menino para a mulher”. O resultado foi um equilíbrio entre o compasso e a régua: a mulher curvilínea com sua silhueta arredondada e o formato solto e meio masculino das roupas. Nenhum pareceu exatamente momentâneo. E quando a cor fúcsia foi adicionada à mistura, ela vibrou junto com a elegia cinza do resto da coleção. Quando a alfaiataria finalmente se derreteu no meio dos vestidos (e foi uma longa espera), os looks ainda traziam ecos do passado. Mas os detalhes e decorações – plumas, pregas e chiffon recortado como penas – eram tão primorosos que animaram o desfile.

“Clássico, não?”, perguntou Diane Kruger, a convidada da primeira fila que usava um vestido Chanel moderno em cinza e branco. Lagerfeld traduziu sua visão gráfica e linear para a casa da Chanel. Mas nesta estação de couture, o resultado foi um desfile que não capturou totalmente a poesia do anoitecer.

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