Aliando a investigação da musicalidade negra com a sonoridade da criação baiana contemporânea, o soteropolitano Giovani Cidreira apresenta, pelo selo Máquina de Louco, seu single “Dois Lados”, o primeiro de 2023, com as participações de peso dos conterrâneos Russo Passapusso e Melly.
Produzida por Sekobass, a faixa, que faz parte de uma prometida sequência de estreias já anunciadas pelo cantor, é marcada pela atmosfera extrovertida do verão, flerta com o universo pop e enseja o já conhecido entrosamento de Gio com relevantes artistas da cena brasileira, exaltando nesta ocasião a Bahia como ponto de partida e chegada.
A letra do single é retrato de um desejo não realizado, um desencontro amoroso, que reflete a incerteza das relações afetivas contemporâneas. As diferentes perspectivas deste dilema são apresentadas pelos intérpretes que, também, junto de Edvaldo Raw, são os compositores da obra. O clima ensolarado e descontraído dos ritmos afro-diaspóricos dão corpo à canção, tendo o “pagodão” como destaque nesse cenário “sofrência” envolvente.
“Gio desenha sua obra mostrando sempre um ponto de vista diferente pelos lugares que passa. Assim foi feito o encontro de ‘Dois Lados’. Ele chegou no estúdio falando de uma música, antes do dia da Lavagem de Yemanjá, no ano de 2023, e Seko já começou a produzir o beat. A letra falava de encontros. ‘Por que só você não vem?’ acabou virando um convite e, para minha surpresa e felicidade, ele já tinha convidado Melly. Tudo fez mais sentido”, destaca Passapusso.
“Que experiência massa poder colar com esses artistas que tanto admiro e poder complementar esse projeto com as sutilezas que enxerguei serem caminho. Só agradeço e desejo que essa faixa exploda, prospere e reverbere com a beleza dela”, completa Melly.
No clipe, dirigido pelo próprio Cidreira em parceria com o já citado Raw, o vídeo é aberto pela cena em que duas pessoas pretas, ornadas por joias e pinturas corporais, estão na praia, destacadas do horizonte, em contraste com a massa azul do mar e o branco da areia. A imagem evoca a célebre capa do álbum de Caetano Veloso de 1987. Verso a verso, a construção visual de “Dois Lados” faz do querer a fórmula para se encurtar distâncias, físicas e emocionais. Durante a dinâmica do registro, Gio, Passapusso e Melly surgem na tela, sempre em quadros separados, criando outras oposições. Quando um lado aparece, o outro aparece também.