“La historia es nuestra y la hacen los pueblos” (A história é nossa e a fazem os povos), foi o que disse o ex-presidente chileno Salvador Allende em 1973, no dia do golpe de Estado que derrubou o governo para implantar a ditadura militar comandada pelo general Pinochet. Com o objetivo de exaltar a luta do povo pela sua libertação, Rico Manzano traz trecho do discurso de Allende como sample da faixa principal do trabalho, “El Pueblo”, que mistura lo-fi com funk.
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A gravação do clipe de “El Pueblo” aconteceu no Centro Cultural Vila Itororó, complexo de edifícios históricos que foi restaurado e reinaugurado recentemente na cidade de São Paulo. Ele foi dirigido por Joaquim Tomé e com interpretação do bailarino Felipe Silva, que narra sua própria história e as dificuldades de ser um bailarino negro e gay no Brasil. Para isso, sua coreografia une o clássico do balé com movimentos da dança popular, como funk e hip hop.
Como forma de mostrar que existe um outro lado mais denso da América do Sul, o artista divulga o EP “Trop!cal Lo-fi” na íntegra, lançado pelo Selo Relva Music. O Centro Cultural Vila Itororó também será palco para o show de lançamento do EP, que acontecerá gratuitamente no dia 9 de outubro. A apresentação conta com participações especiais de novos artistas da cena independente como Tonyyymon, Lafetah, Bia Doxum, Caiena e Felipe Silva, além de DJ Pierre e DJ Joaquim. Para o evento, Manzano se apresenta operando os beats, teclados e sintetizadores ao lado de banda (saxofone, trompete, percussão, bateria, baixo, guitarra). O evento também terá a exibição do novo clipe, com intervenções artísticas de Felipe Silva.
O novo EP conta com faixas já lançadas anteriormente, somando a marca de 300 mil reproduções nos aplicativos de música em apenas 9 meses: “Soulfi”, “Sônia”, “Potosí” e “Charles B”. As quatro canções foram produzidas com a mixagem Dolby Atmos, nova tecnologia criada para fornecer uma experiência de som ainda mais envolvente para o ouvinte. O projeto autoral de Rico traz uma viagem entre sons flutuantes, regionalidade e beats, com cada música trazendo uma referência diferente para o trabalho.
Para o trabalho, o artista sentiu a necessidade de trazer ao público um lado um pouco mais real, nu e cru do nosso continente. “O mundo tropical da América do Sul vai muito além de uma praia paradisíaca e coqueiros, a realidade mostra que é tudo muito mais denso e complicado socialmente, sob uma história de muita luta do seu povo”, diz Rico, que mistura música, dança, audiovisual, fotografia e tecnologia em seu projeto.
Rico Manzano – Foto: Divulgação
Manzano é referência quando falamos de lo-fi no Brasil, um dos gêneros que mais cresceu no no País durante a pandemia. O “Low fidelity”, origem do termo, é caracterizado pela leveza e simplicidade com melodias suaves, geralmente livre de letras e com truques e efeitos sonoros que deixam a obra ainda mais interessante. O artista explora a improvisação e a mistura de gêneros musicais dentro do próprio lo-fi, trazendo em suas composições referências ao hip hop, R&B, música tradicional, jazz e música eletrônica, com a brasilidade sempre presente. A partir de elementos do analógico e do digital, Manzano mistura o orgânico com o eletrônico e beats com instrumentos em suas composições.
Os projetos do artista incluem o lançamento de novos singles com participações especiais, além da realização de shows em formato banda para apresentar suas composições ao vivo, modalidade ainda pouco explorada no gênero lo-fi.