O SPFWN54, que acontece entre 16 e 20 de novembro, traz uma importante discussão da moda: os resíduos têxteis e o descarte pós-consumo. O evento terá uma grande instalação na entrada do Komplexo Tempo, um dos hubs do evento, feita a partir do descarte da indústria, em uma colaboração com o designer Gustavo Silvestre, do projeto Ponto Firme, que trabalha a experimentação dentro do pensamento da arte, moda e sustentabilidade e promove transformação social a partir do crochê, e a professora Francisca Dantas Mendes, coordenadora do Núcleo de Apoio a Pesquisa Sustentabilidade Têxtil e Moda (NAP) Sustex da USP (Universidade de São Paulo).
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O Festival SPFW+IN.PACTOS, que se encerra nesta edição, é comprometido com processos de transformação e inovação nas áreas criativas e propõe também ampliar a discussão sobre o enorme potencial da moda em sua busca por reinvenção em direção a uma economia circular. Em parceria com o INMODE e o Instituto Sustentabilidade Textil em Moda, o Festival abraça o 3º Congresso internacional de Sustentabilidade em Têxtil e Moda, que antecede a SPFW N54, de 9 a 11 de novembro, destacando as práticas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) na cadeia da moda. A questão dos resíduos têxteis e do descarte é um dos temas centrais deste encontro.
Milhões de toneladas de roupas são vendidas, usadas e descartadas anualmente em todo o mundo. Somente na cidade de São Paulo são recolhidas diariamente 20 toneladas de roupas pós-consumo e 35 toneladas de resíduos, que vão em sua maioria para aterros.
“A moda é feita e consumida por pessoas. Juntos temos a oportunidade de repensar e redesenhar nossos processos e hábitos e encontrar soluções com criatividade e inovação, gerando benefícios para toda a sociedade”, explica Paulo Borges, fundador e diretor criativo do SPFW.
Um trabalho especial, coordenado pela professora Francisca, desde 2015, resgata parte deste material, com moradores de rua se integrando a moradores da favela Marconi, da Vila Maria, na capital paulistana. As roupas, após uma seleção, são colocadas em fardos e enviadas para destinos por todo o Brasil. Roupas leves para o Norte/Nordeste, as mais pesadas para Sul/Sudeste. Um trabalho inclusivo que gera renda a inúmeras famílias.
“Quando o Paulo me convidou para participar da elaboração dessa instalação de resíduos em parceria com o Gustavo Silvestre, achei genial. Só de 2017 para cá, quando começamos a medir os níveis de resíduos têxteis através do residômetro, já medimos absurdas 55 mil toneladas de resíduos indo para os aterros sanitários e isso é matéria prima que gera renda e alimenta uma economia paralela muito importante. Precisamos mostrar para as pessoas essa realidade e iniciativas como essa são ferramentas importantes para difundir o ativismo dentro da indústria da moda”, conclui Francisca.