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Gabriel Gontijo sobre futuro da moda: “roupa está ali para nos vestir e ponto”

Gabriel passa a quarentena na casa dos pais, em Belo Horizonte (Foto: Felipe Rufinno / Divulgação)

RG convidou o influencer (Globetrotter de carteirinha) Gabriel Gontijo – que esteve nas temporadas italiana e francesa de moda masculina no início do ano – para compartilhar seus pensamentos sobre a pandemia de covid-19 (novo coronavírus), que nos restringe a viver uma realidade confinada. E o que esperar do futuro da moda pós-quarentena? Aos detalhes!

Por Gabriel Gontijo

Parece que precisou uma crise de saúde global, caracterizada pandemia pela própria OMS (Organização Mundial da Saúde), para começarmos a repensar nosso estilo de vida e questionar o ritmo que estávamos vivendo e os valores que estávamos assumindo para nós mesmos. Saúde e higiene tomaram a primeira posição do nosso pódio de prioridades, assim como a valorização das trocas interpessoais presenciais e não apenas virtuais.

Vivendo essa nova realidade confinada, talvez comecemos a deixar de nos apegar a coisas e hábitos fúteis e supérfluos. No caso da moda: A roupa está ali para nos vestir e ponto. Não há a necessidade de pensar em looks e fazer várias produções, uma vez que não temos mais tantas opções para onde ir (risos). Eu, particularmente, ensaio há um bom tempo assumir uma postura mais “minimalista” e consciente quanto aos meus hábitos de consumo e, pelo visto, não dá mais para fugir. A hora é agora.

No circuito de desfiles de moda, estamos acostumados a um calendário insano. As grandes marcas internacionais apresentam no mínimo sete coleções por ano (masculino: verão, inverno, resort, haute couture para as duas temporadas, além do verão e inverno feminino). Na maioria das vezes, em um ritmo de “see-now, buy-now” (veja e compre em tradução livre, que sai das passarelas direto para as araras), que exige o consumo imediato.

A forma como os produtos se tornaram descartáveis, o desperdício e o acúmulo de volume que isso gera cria um ambiente desconfortável, adoecido e até mesmo vulgar.

Que caminho vão trilhar as lojas de fast fashion? Ou serão dissolvidas após essa ficha do consumo-excessivo-adoecido ter caído, ou farão mais sucesso do que nunca com seus preços acessíveis, considerando a crise financeira que está batendo à porta.

Em resumo, espero que caminhemos para uma moda (e um mundo) menos efêmero e mais perene, que aprendamos a gastar nosso dinheiro de uma forma menos vulgar e que possamos (o mais rápido possível, se não for pedir muito) voltar a apertar as mãos uns dos outros e ter uma conversa a menos de dois metros de distância.

Que assim seja!

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