Não existe melhor palavra para definir Marcio Monclair do que superação. O modelo começou a sua carreira na moda ainda cedo, aos 16 anos, mas seu sucesso foi abruptamente interrompido por um acidente que sofreu aos 24 anos. Na garupa de uma moto em alta velocidade, Monclair caiu e bateu com a cabeça no chão. “Isso estilhaçou o visor do capacete e entrou nos meus olhos. Lesionei o nervo ótico e a retina também”, explica o modelo nos bastidores do desfile de moda Senai Brasil Fashion, no Rio de Janeiro.
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“No começo houve uma depressão, eu não sabia o que ia fazer da minha vida”, diz Monclair, que antes do acidente vivia uma vida independente. Foi com a ajuda de uma escola de reabilitação para deficientes visuais, em Santos, sua terra natal, que ele aprendeu tudo de novo. Hoje, mora sozinho e é jogador de Goalball pelo time Santos.
Nessa caminhada, o sonho da moda ficou de lado, até surgir a oportunidade de cruzar as passarelas mais uma vez, no show do Senai. “Eu sempre amei essa profissão, estou muito emocionado de estar aqui porque é uma coisa que eu gosto muito”, conta. O evento marca o seu retorno à moda.
Para desfilar, foi preciso fazer um reconhecimento do espaço: “Não existe nenhuma referência na passarela, nem um tipo de piso tátil. Então me orientei pela lateral da passarela, onde passei a bengala para entender o limite”.
Durante o desfile, a plateia não poupou aplausos enquanto Monclair desfilava, em uma coleção criada especialmente para o público masculino com deficiência visual. Assinada por Iure Medeiros e Anna Dantas, estudantes do Senai no Rio Grande do Norte, a linha também teve Bruno Montaleone em seu casting.
O modelo pretende abrir novos caminhos em sua trajetória da moda. “Além da celebração, hoje também faz parte de uma luta para que outros deficientes visuais tenham essa oportunidade”, finaliza.