Karl Lagerfeld não tem medo de dizer o que pensa – e agora, promete transformar as palavras em ações. O estilista, crítico às políticas do governo da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, declarou que cogita renunciar sua cidadania alemã caso “as coisas continuem como estão”.
Em entrevista ao jornal à revista francesa Le Point, divulgada nesta quinta-feira, o diretor criativo da Chanel atacou a política de Merkel de abrir as fronteiras alemãs para refugiados. “Ela realmente precisava dizer que era necessário abrigar um milhão de imigrantes quando, na França, que se coloca como a terra dos direitos humanos, prometeu aceitar 30 mil”?, indagou o designer.
Lagerfeld acusou a chanceler de ser culpada pela ascensão da extrema-direita na política alemã. “O AfD não existia, mas, com apenas uma sentença, ela fez com que o partido ganhasse vida ao alienar dois milhões de eleitores e colocou 100 desses neo-nazistas no Parlamento”, disse em referência ao partido Aliança Pela Alemanha, que elegeu 92 parlamentares nas últimas eleições no país, em 2017.
“Se as coisas continuarem como estão, irei renunciar à cidadania alemã”, contou o estilista, sem dar pistas de qual identidade nacional assumiria. “Pessoalmente, gosto do Macron e de Brigitte [esposa do presidente francês], mas isso não significa que eu quero me tornar francês”, despistou sobre a possibilidade de pedir o passaporte francês ao chefe de governo Emmanuel Macron.
Por fim, Lagerfeld comentou sobre como se sente em termos de identidade. “Não gosto de nações, sou um cosmopolita”, refletiu o estilista. “Tampouco me sinto alemão – sou um hanseático”, disse, em referência à Liga Hanseática, aliança comercial entre cidades do norte alemão surgida no século 13.
Não é a primeira vez que Lagerfeld critica Merkel e provoca polêmica. Em novembro, ele declarou a um canal de televisão francês: “Não é possível, mesmo depois de décadas, matar milhões de judeus para depois trazer milhões de seus inimigos em seus lugares”, disse, citando as políticas do governo alemão para com os imigrantes e refugiados ao fazer um paralelo com o Holocausto.