O brasileiro Gustavo Lins foi o primeiro do país a fazer parte do seleto mundo da alta-costura francesa, um grupo formado por apenas 12 maisons.
Ele voltará ao calendário francês a partir desta temporada, com apoio do parceiro Olivier Ceccarelli, que comprou parte das ações da grife que leva seu nome em julho de 2013, por meio da holding YO Créateurs.
Em seu ateliê no bairro do Marais, em Paris, ele também administra sua primeira loja. “A alta-costura concentra a informação da marca e depois vai destilando. A Dior não vende roupa, mas vende a marca. Todo mundo quer ter um chaveiro, um lenço… Essa é a força da marca. A alta-costura tem essa faculdade de formar opinião”, avalia Lins, que também tem uma marca de prêt à porter e vende para algumas lojas selecionadas em Paris e Milão.
O resultado de seis meses de trabalho árduo passa rápido na passarela: menos de dez minutos. Mas o esforço dá retorno. Cercado por câmeras de televisão, o expert consegue espaço na mídia de vários países. “Os principais veículos são a internet e a televisão. São as mídias que ocupam praticamente todo o espaço e isso permite atrair pessoas que não necessariamente conhecem moda”, destaca Nicolas dal Sasso, assessor de imprensa do estilista brasileiro.
Nascido em Belo Horizonte, Gustavo Lins se formou em arquitetura, mas a paixão pela moda falou mais alto. Com o dinheiro da venda dos vestidos que fez para as colegas de turma irem à formatura, viajou para a Europa. O objetivo era estudar a obra de Gaudi em Barcelona, mas ele acabou se mudando para Paris.
Por lá, trabalhou como modelista em grandes grifes, como Louis Vuitton, Kenzo, Jean Paul Gaultier e John Galliano. “Durante 12 anos nessas grandes casas, aprendi a construir o pensamento, a fazer de uma palavra uma frase; de uma frase, um texto; de um texto, um projeto; de um projeto; um produto”, conta Lins.
Ele vendeu o apartamento em Paris e investiu € 1 milhão (R$ 3,9 milhões) na própria marca. A recompensa profissional veio em 2011, quando ele se tornou membro definitivo da Câmara da Alta-Costura Francesa. Antes disso, passou por um rigoroso processo de seleção e precisou do aval dos outros integrantes. “É um título que você não pode comprar, você só tem por mérito. É uma coisa que abre as portas para o mundo inteiro”, diz.