Por Vívian Sotocórno, da Harper’s Bazaar
A Bazaar Brasil está em festa! Chega às bancas nesta quinta-feira (31.10) edição histórica, que comemora 2 anos da revista no país. Para a capa, a escolhida foi top Crystal Renn, clicada com exclusividade para a gente por Dusan Reljin em Nova York, com styling de Victoria Bartlett e coordenação de moda de Aline Borges. A diretora de fotografia Tissy Brauen também foi aos EUA para acompanhar de perto o editorial Festa Urbana.
Três anos atrás, quando lançou sua autobiografia, batizada, convenientemente, de Hungry, Crystal Renn experimentava a sensação de chegar ao topo. Após perder um terço de seu peso para tentar uma carreira como modelo, a americana trocou a anorexia por dias de comilança e se tornou a modelo plus size mais conhecida do planeta. O mais irônico da história é que, se tivesse seguido no padrão size 0, talvez hoje ninguém soubesse quem é Crystal Renn – isso se, após anos na dieta alface-chicletes-Diet Coke, ainda estivesse viva.
Enquanto alguns torciam o nariz para seu corpo curvilíneo (ela chegou a vestir tamanho 48), Crystal estrelava capas clicadas por todos os fotógrafos importantes de seu tempo, de Patrick Demarchelier a Terry Richardson. Hoje, três anos após um editorial de moda que a colocou definitivamente sob os holofotes, a modelo parece ter encontrado um equilíbrio na balança – ao longo do último ano, vem mantendo um novo corpo, mais magro, mas ainda assim com muito mais curvas do que uma modelo considerada “no padrão”.
“Como qualquer mulher, há muita luta até chegar a um acordo com o próprio corpo. Passei por muitas coisas até encontrar a paz nessa área. Não se trata de chegar a determinado tamanho, trata-se de brilhar como a pessoa que você é”, conta, em entrevista à Bazaar. De fato, Crystal se tornou a porta-voz de toda uma discussão sobre peso na indústria da moda. “Não entendia por que deveria existir um único padrão de beleza, então, quis desafiá-lo. Acredito que mulheres com uma mentalidade saudável são a chave para o nosso futuro.”
Fato é que hoje, aos 27 anos, considerada uma das 50 modelos mais importantes do mundo pelo site Models.com, Crystal encontrou a serenidade. A anorexia prematura foi apenas um passaporte para fugir da própria realidade. Criada pela avó em Miami, ela se mudou para o Mississippi aos 12 anos, com a mãe desequilibrada, com quem pouco convivera até então (o pai ela nunca chegou a saber quem é).
Quando um olheiro a descobriu, aos 14, e disse que, se ela perdesse 25 cm de quadril, poderia seguir carreira como modelo em Nova York, deixar de comer pareceu um pequeno preço a pagar por tamanha liberdade. “Era tudo tão novo e eu era tão ingênua. Mas as dificuldades me fizeram a pessoa que sou hoje, menos crítica, com o coração mais aberto”, revela. Foram três anos de luta com a balança até o contrato com a Ford Models, que a permitiu respeitar sua genética e lançar-se como modelo plus size.
Constantemente viajando mundo afora, ela conta que já esteve no Brasil e que, inclusive, foi aqui que descobriu suas sobremesas preferidas – açaí e pudim de milho.