Por Suzy Menkes, do International Herald Tribune
NOVA YORK — Formas frugais para passos largos e as linhas gráficas do início do modernismo – esta é a herança da moda americana.
Em suas coleções de outono, estilistas se esforçaram para obter aquela sensação de simplicidade dinâmica. Mas muitos de seus esforços pareceram estar cheios de nostalgia, como se a única maneira de expressar o que o estilo de Nova York representou no passado fosse voltar a uma época anterior. Nas passarelas, formas enxutas foram a principal mensagem.
Houve certa ironia no fato de que Victoria Beckham, uma inglesa morando em Los Angeles, tenha produzido a coleção arquitetonicamente mais pura da temporada. Seus vestidos não são mais inteiramente justos: o estilo VB ficou mais suave, com organza drapeada em formas volumosas estilo merengue, e cashmere envolvendo o corpo de forma solta. Ms.Beckham continuou com sua obsessão pela estrutura, mas deixou-a mais frouxa, mostrando que está evoluindo como estilista.
Do mesmo modo, na Diane Von Furstenberg as modelos sempre parecem estar andando a passos largos em direção a um futuro melhor. Mas nesta estação a estilista se concentrou em “Lendas Americanas” — “pioneiras do estilo e resplendor”, explicou ela, como Millicent Rogers, Gloria Vanderbilt e Diana Vreeland. E ainda assim as modelos na passarela pareciam muito com a própria DVF – como um flashback dos anos 70, quando Yves Saint Laurent dominava as passarelas, estampas gráficas traziam corações e um fedora raso dava ao traje um toque chic. O estilista da DVF, Yvan Mispelaere, traduziu o estilo hippie de luxe em um elegante glamour gaúcho: calças largas com fechos dourados nas laterais, culotes estreitos e calças de pijama. O wrap dress, característico da DVF, fez ousadas aparições como um modelo preto e branco com estampas de corações e um vestido longo com paetês, digno do red carpet. O resultado foi vigoroso e esportivo. Mesmo que pudesse ter menos franjas e uma dose de realidade urbana do dia-a-dia, ainda assim pareceu combinar com a atitude feminista contínua da marca.
Tory Burch, outra estilista da cidade, também ancorou seus modelos nos anos 70, quando calças largas e pregueadas podem ter sido modernas, e não consideradas hippie. Saias na altura dos joelhos, em boa proporção com tops, mostraram uma tendência geral a barras mais baixas.
Havia um quê do estilo camponês dos anos 70 nos vestidos longos com estampa paisley na Tommy Hilfiger. Mas não havia nada de desleixado ou hippie nesta linha esportiva chique, que trouxe casacos de alfaiataria e roupas para chuva. Afastando-se do clichê preppy, Mr. Hilfiger trouxe uma clareza para sua linha feminina, junto com uma nova percepção de luxo casual. Enquanto isso, Derek Lam citou o maestro do bale George Balanchine: “Não há passos novos, apenas novas combinações”. Isso pareceu promissor para esta linha de roupas urbanas feitas em tecidos trançados, com detalhes divertidos como listras de cor em diferentes combinações. Mas a maior parte do conceito de design de Mr. Lam foi difícil de entender a partir do desfile. Seu programa explicava que a alta no custo das matérias-primas, desde o algodão até o cashmere, havia levado fábricas de tecidos a combinarem panos preciosos com outros básicos. Mas, como espectador, era preciso acreditar na palavra do estilista de que as roupas aparentemente simples foram feitas com seda tratada ou algodão quimicamente prensado. Apenas as mangas de pele encerada e os vestidos de noite mandavam uma mensagem clara de que algo inventivo estava acontecendo.
Por outro lado, a coleção de Thakoon Panichgul sofreu com uma overdose de inspiração. O desfile foi esmagado por seu tema out-of-Africa inspirado no povo Masai, desde os cabelos escovados para trás para imitar turbantes decorados com flores, até as estampas tribais em vestidos tafetá. Mas tirados do contexto africano, os looks individuais no desfile de Thakoon tinham uma energia excêntrica que deu ao desfile um toque de estilo urbano downtown.