por Suzy Menkes, do International Herald Tribune
Milão — As cores eram vivas, de forma simplificada foram as bolsas, e tão brilhantes e luxuosas foram as peles no dinâmico desfile de comemoração dos 90 anos da Gucci. Na concepção da coleção de inspiração setentista, a estilista Frida Giannini marcou as meninas com zíperes e olhares de garotas rockers e elevou o conceito para algo muito mais clássico e sofisticado.
“Eu quis brincar com cor, um pouco dos anos 70 e bastante ironia,” explica Giannini, no backstage do desfile de fevereiro, seguido de uma parada de peles fabulosas em turquesa, roxo, ferrugem e lilás jogadas sobre vestidos justos de couro. A coleção também trouxe jaquetas esportivas vestidas com saias plissadas que pareciam terem sido trazidas de um arquivo de Yves Saint Laurent e atualizadas para o hoje. Frida seguiu a mesma trilha de sua linha de primavera colorida, mas fez um line up mais usável. Para cada look bacana para o dia, cobertos por um chapéu de feltro e lábios vermelhos bem glossy, havia um vestido de noite vaporoso de chiffon, feito em painéis que esvoaçavam para poder revelar bastante das pernas. (E até haveria mais exposição se, partes de baixo, quase como aqueles antigos shorts de academia, não tivessem podido dar às modelos um pouco de modéstia). O efeito geral foi uma coleção bem pensada que manteve a marca em sua trajetória ascendente de elegância e discrição. Todos os acessórios eram estilosos – as bolsas-sacolas, as bolsinhas que bailaram ao lado de bolsas de ombro, e a joalheria que combinou tão bem com o tímido e calmo cinza para o dia como se fossem cores mais coloridas. Até mesmo os emblemismos – tipo os buquês de aniversário adornando os ombros dos vestidos de festa eram de qualidade couture. “Anjelica Huston fotografada por Bob Richardson” era a visão da designer. “YSL redux” deve ter sido um comparação mais acertada. Mas se ela estava seguindo um mestre, Frida escolheu um vencedor e apareceu com uma coleção otimista para manter a Gucci sempre fresca.
Enquanto isso, esta era a corrida para a premiação da Academia, tempo do ano quando pessoas começam a especular sobre o que as estrelas vão ou não usar no tapete vermelho. Em temporadas anteriores, Alberta Ferretti tinha um cunho muito particular sobre as cerimônias de premiação: usando a delicadíssima mão de obra para focar não nos vestidos, mas nas mulheres que os usariam.
Mas, desta vez, a estilista italiana fez seu statement com roupas para o dia, trazendo um swing modernista. Ela ofereceu uma túnica laranja bem suculenta e calças com um casaco azul-esverdeado, e fez experimentos com padrões que pareciam corar a superfície do tecido, apesar das peças terem tido menos exploração na parte interior.
Esses efeitos especiais foram bem estilosos, especialmente quando a sequência de vestidos curtos foi complementada por botas ricas de veludo em roxos papais que pareciam de papel. Ainda assim, o público alvo para os vestido de noite pareceu um tanto diferente – mulheres mais convencionais, que usam seu pingente de coração hollywoodiano em um bordado de prata ou laço preto: detalhes que, apesar de feitos delicadamente, no final parecem absolutamente familiares. Alberta, como muitos outros designers, cansou de “estrelas” como modelos e quis escapar do círculo de celebridades para poder mostrar roupas lindas para clientes sofisticadas. Então que seja. Mas seu desfile ainda precisava de um foco mais claro como sinal de qual seria o look Ferretti para o outono.