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O homem azul

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Me encontrei com David Azulay no desfile da Cavalera, ha menos de um mes. Conversamos sobre dietas e cirurgia do estomago, que ele havia feito recentemente. Estava mais elegante. Falamos um pouco de moda e ele me contou de seu novo projeto: reerguer a Yes, Brazil que havia recem-comprado do socio de seu querido irmao, Simon Azulay, morto na decada de 80. Ele estava radiante com a aquisicao; finalmente poderia fazer jus ao nome de uma das mais importantes marcas da moda carioca, que foi perdendo forca aos poucos e minguou ate sumir. Imagino o quanto aquilo o incomodava.


Alias, nao foi so a Yes, Brazil que minguou, foi a moda carioca como um todo, lamentavelmente, salvo rarissimas excecoes. Uma delas e a Blue Man, que por 37 anos conseguiu ser relevante na historia da moda brasileira. Infelizmente podemos contar nos dedos de uma mao quantas marcas conseguiram isso com eficiencia. Lancou o biquini jeans, de lacinho, de bandeira brasileira. Se inspirou no futebol, no apitaco, no verao da lata, no funk e em outros movimentos tao cariocas e ao mesmo tempo internacionais. Conseguiu ser indispensavel para quem vive de reportar estilo e comportamento.


David sabia como ninguem observar o mundo ao seu redor, as praias, as mulheres, os desejos de moda. E traduzia isso em lifestyle, com DNA. Seu maior trunfo sempre esteve na identidade. Era uma pessoa que se sentia a vontade, que nao tinha vergonha nem medo de ser o que era nem de dizer o que pensava.


Foi assim que dei um dos maiores furos da minha carreira de jornalista, quando era reporter especial do jornal O Dia. Pegamos um aviao juntos, por acaso, para virmos assistir ao Premio Abit, aqui em Sao Paulo. Ele tinha uma forte desconfianca de que venceria, percebi. Mas a vencedora foi a Rosa Cha. Encontrei com ele na saida e vi um David bem revoltado. “Eles nao fazem moda praia, fazem moda-piscina”, reclamou. Publiquei. O quiproco foi grande. Ele me ligou, reclamou que tinha dito em off, me pos contra a parede e no final desabafou: “quer saber? So nao vou brigar com voce porque e isso que eu acho mesmo, nao estou nem ai se nao gostaram”. Fiquei arrasada, mas so entendi o David com o tempo.


De vez em quando ele me ligava. “Vou contratar a Bia Lessa para fazer o meu desfile, o que voce acha?”, “Voces querem que eu invente a roda, mas o que eu sei fazer e isso ai”. Tive a oportunidade de fazer uma linda materia de capa com ele sobre os 30 anos da Blue Man para a revista Domingo, ainda sob a tutela de minha diretora aqui na Vogue, a Daniela Falcao. Ainda bem! O titulo era: “A estrela de David”. Que ela continue a brilhar muito, so que agora, la no ceu.

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