Ela é bonita, influencer, atriz, inteligente e ligada em ações sociais. Thaynara OG, 30 anos, que conta com mais de 5,1 milhões de seguidores no Instagram, vai muito além de sua aparição nas redes sociais, ela se preocupa em levar o nome de seu estado, o Maranhão, para além dos esteriótipos. Dona da festa São João da Thay, que acontece no dia 28 de junho, em São Luís, e que reúne influenciadores e pessoas de peso que levam o nome do estado para todos os cantos, Thaynara converte a renda do evento para o Unicef – Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância -, do qual é embaixadora no Brasil.
A festa que este ano pretende ser a maior das três edições passadas e que ficou suspensa por dois anos por conta da pandemia, vai reunir atrações como Felipe Araújo, Juliette, Alcione, Glória Groove, Zé Felipe, Fabrícia Almeida e Preta Gil, além do folclore nordestino, que estará presente nas apresentações dos grupos Boizinho Barrica, Boi de Santa Fé e Boi dos Morros. Os ingressos estão à venda, mas é preciso correr, porque, como ela mesma conta, nas edições anteriores eles se esgotaram.
Nascida e criada no Maranhão, Thaynara, que é a filha do meio – as irmãs são Márcia e Ludmila – nem pensa em deixar sua terra natal e objetiva com a festa ajudar pessoas, resgatar a identidade cultural de seu estado e apostar na solidariedade. Neste ano, amigos, parceiros e convidados unirão forças para arrecadar bens em prol da mortalidade infantil e pobreza menstrual, causas que atingem crianças e adolescentes de todo Brasil.
Advogada de formação, ela viu na internet a oportunidade de fazer outras coisas na vida, inclusive, com sua notoriedade, acabou partindo para outra profissão, a de atriz. No ano passado gravou um filme com Lilia Cabral, que deve estrear ainda neste ano. Sem nome definido ainda, o longa foi gravado no Maranhão. Animada com o filme, ela agora quer ser atriz efetivamente, e para isso está fazendo aulas de atuação. “Ah, eu tenho, o último filme que eu fiz foi em setembro do ano passado e aí eu tomei a decisão de estudar”, conta.
Leia a seguir o papo que Thaynara bateu com RG via Zoom.
Como foi sua infância?
Nasci e cresci no Maranhão, sou de uma família muito grande, que gosta de se reunir. O curioso é que fui uma criança extremamente tímida, tímida de nem conseguir falar. Na primeira série, do Ensino Fundamental, eu tinha uma melhor amiga, e quando a professora me perguntava alguma coisa, eu falava a resposta no ouvido da minha amiga para ela se dirigir à professora. Mas depois, com a internet, eu fui mudando.
Como é sua família? Tem irmãos? fale de seus pais.
Somos três filhas mulheres, eu sou a do meio. A mais velha é a Márcia, a mais nova a Ludmila. Minha mãe é dona de casa, meu pai é da área de direito, assim, como toda a minha família. Isso me influenciou quando fui prestar vestibular, sou advogada também. Como disse, somos uma família muito grande, e não conseguimos ficar desgrudados uns dos outros. É uma família barulhenta, tipicamente brasileira, que se ama muito e se protege.
Como se torna influencer?
Foi de uma forma despretenciosa, quando eu me formei da Universidade Federal do Maranhão em direito, fiz a OAB, e meu objetivo era estudar para concurso publico porque queria ser defensora pública da União. Aí, nessa rotina que é tão sacrificante que é estudar para concurso público, eu me sentia tão só que quando me apresentaram o Snapchat, que foi app em que fique conhecida, eu o usava para espairecer. Então todos os dias quando eu dava uma pausa nos estudos, eu fazia quadros, brincadeiras no Snapchat para poucos amigos, só que isso foi viralizando no boca a boca. Eu tive o perfil privado por muito tempo, porque tinha vergonha. Mas depois de seis meses eu tornei meu perfil público, e passei a ser repostada por vários famosos, fui parar no programa de Fátima Bernardes, e marcas grandes começaram a me abordar comercialmente. Foi tudo relativamente rápido. Na minha cabeça ia durar pouco tempo, mas já são sete anos, e a internet me abriu portas que eu jamais imaginei que fosse ter acesso, programas de TV, conhecer pessoas que eu admiro, trabalhar com marcas que eu sempre sonhei, como fazer filme.
O meu primeiro filme foi com Rafinha Bastos, “Internet – O Filme”, uma participação em “Amor.com” e agora fiz um filme com a Lilia Cabral, no Maranhão, que provavelmente vai ser lançado no segundo semestre deste ano. Então a internet abriu muitas coisas para mim, eu aprendi muito, conheci um mundo novo, TV, cinema, teatro na “Paixão de Cristo”. “Eu sempre me permito explorar novas possibilidades, ainda que dê um frio na barriga.“
Você tem vontade de se tornar efetivamente atriz?
Ah, eu tenho, o último filme que eu fiz foi em setembro do ano passado e aí eu tomei a decisão de estudar. Eu tive uma preparadora para me ajudar no filme com a Lilia Cabral, imagina a pressão. Mas eu decidi continuar as aulas para me sentir pronta, não quero ter que apagar incêndio, quero estar preparada para atuar.
Como foi o convite para se tornar embaixadora do Unicef?
Eu tenho um projeto social que se chama São João da Thay, e a gente faz um evento junino, o São João, do Maranhão, é muito rico, o folclore é único, é muito diferente, tem o Bumba Meu Boi, que abrange cinco sotaques diferentes, a gente tem o cacorial, o tambor de criola. Me incomodava muito ver que na mídia sempre que falavam do Maranhão era sobre pobreza, violência, IDH baixo. Quando eu vi que tinha esse alcance nas redes sociais, eu pensei que queria usar isso a favor do meu estado para desmistificar os preconceitos, por isso eu resolvi fazer o São João, para mostrar outras coisas do Maranhão, e torná-lo beneficente para retornar isso para a minha região. Nós já fizemos três edições, e a última foi em prol do Unicef, e desde então eu venho trabalhando com eles, o convite para ser embaixadora foi uma consequência desse trabalho. É um reconhecimento que te dá um gás e você vê que esta no caminho certo. Unicef é uma instituição muito séria, importante, que está no mundo todo. Para rolar esse convite teve toda uma pesquisa a meu respeito, teve que passar pela aprovação de várias pessoas, então eu reconheço que foi um grande presente, mas também uma grande responsabilidade, porque você está pelos direitos das crianças e dos adolescentes. Eu gosto muito de fazer as ações presencialmente, fizemos algumas, visitamos algumas escolas no interior do Pará, e em São Luís, falamos da dignidade menstrual.
Para 2022, depois da pandemia, o que pensou para o São João da Thay?
O São João da Thay, depois de dois anos de hiato, vai voltar maior, será aberto ao público. Não é gratuito porque precisamos da verba para ajudar as pessoas. Nós já estamos vendendo os ingressos, o link está no meu perfil do Instagram. O line up terá Juliette, Gloria Groove, Zé Felipe, Felipe Araújo, atrações de grupos folclóricos maranhenses, de Bumba Meu Boi, também cantores do Maranhão. Tudo acontece em uma noite, que é muito especial. É um evento que é muito importante para a cidade, é lindo e é por uma boa causa. Vai acontecer no dia 28 de junho e será em prol do Unicef.
Como escolheu seus convidados?
Eu gosto de escolher pessoas que admiro. Por exemplo, todas as vezes que eu tive a oportunidade de presenciar uma apresentação da Gloria Groove fiquei muito tocada com o talento dela. Eu ja tinha noção de que ela não fazia show em São Luís fazia tempo, e a galera vai gostar muito. O Zé Felipe… que também é uma figura muito carismática. A Juliette como uma surpresa grande. O Felipe Araújo que é um artista com quem eu já tenho uma parceria de longo tempo. Eu sempre penso em nomes de pessoas que eu admiro o trabalho e que a galera realmente vá se empolgar para assistir.
Qual o objetivo da festa?
Primeiro enaltecer a cultura do Maranhão, mas o principal é desmistificar os preconceitos que se tem em relação ao meu estado. Eu vi que as pessoas começaram a considerar o Maranhão, os Lençóis Maranhenses como um destino por conta do São João da Thay. As pessoas vêm para a festa, vão para os Lençóis, postam aquele paraíso e despertam o desejo em outras pessoas. Eu fico contente porque isso movimenta o turismo, a economia da cidade, eu recebi um prêmio de turismo do governo do estado, homenagens da assembleia. Isso motiva muito, minha ideia é de enaltecer a identidade regional. Eu moro em São Luís e não penso em me mudar de lá, embora eu viaje muito, minhas raízes estão lá, e as pessoas se sentem representadas. Eu me vejo como um instrumento para mudar a vida das pessoas, esse é meu objetivo. Quem tem um grande alcance na internet consegue fazer muito para muita gente.
Quais são seus próximos projetos?
Meus próximos objetivos é o lançamento do filme com a Lilia Cabral, “Arcanos” (nome provisório), que nós gravamos no ano passado, além do São João da Thay. Sempre tivemos muita sorte em conseguir, em todas as edições, esgotar os ingressos, o povo vibra, pede mais.
Como cuida da beleza?
Eu tenho hoje pessoas que eu confio muito e que estão por trás de mim, como um bom dermatologista, tenho muitos cuidados, bebo bastante água, tiro a maquiagem antes de dormir, mas nem sempre foi assim. Faço skincare à noite. Com relação à alimentação, eu tenho um nutrólogo, porque eu acho importante fazer a reeducação alimentar com um profissional. Tenho um personal que mesmo viajando me passa os treinos para que eu possa fazer sozinha, de onde quer que eu esteja. Tenho uma estrutura que me permite ter uma qualidade de vida mesmo sendo “maria avião”, mesmo estando cada hora em um lugar diferente. Então eu rodo muito, mas consigo ter um certo equilíbrio porque tenho uma equipe de apoio muito grande. Eu gosto refazer academia com personal, senão me dá preguiça, gosto muito de dançar, eu fiz dez anos de balé clássico durante a vida, e amo jogar vôlei. Começamos na quadra e já estamos na praia, é uma olimpíada, mas todo mundo é ruim (risos).
Como lida com as redes sociais, já teve haters?
Hater todo mundo tem. Eu acho que quando você recebe sua primeira crítica na vida é muito estranho, dá vontade de desistir, ou dá vontade de ficar se explicando, dando satisfação para pessoas que você nem conhece. Mas a partir do momento que percebi que isso acontece com tudo mundo, até com pessoas que são unanimidade no Brasil, eu entendi isso como um preço. Se eu sou uma pessoa pública, que tem uma vida na internet, que abre mil possibilidades e oportunidades, é um preço que eu tenho que pagar. É como um combo, se você quer ter visibilidade nas mídias, vem com hater junto.
Acha importante ter um discurso feminista e antirracista nas redes?
Eu acho importante você ser feminista e antirracista na vida, fora das redes sociais também. Eu acho muito importante usarmos nossa visibilidade para nos posicionarmos, levantarmos assuntos relevantes. Hoje, se eu estou aqui com 30 anos, tendo a opção de trabalhar, ter opção a voto. Eu não vejo a possibilidade de eu não ser uma feminista. Em relação ao racismo é algo que me dói muito. Sempre que a gente vê esses relatos absurdos, eu me posiciono, fico muito indignada, porque se a gente deixa de falar, a gente acaba normalizando esses assuntos. Porque acontece tanto, todos os dias, que as pessoas acabam se acostumando, nem ligam mais, tem que falar todo dia, ser antirracista, se posicionar.
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