Paula Lima – Foto: Arquivo pessoal
Por Paula Lima
Vivemos e estamos em guerra. No Brasil, na Ucrânia e no mundo. Estamos diante do horror impensável, nos piores moldes, com tanques, mísseis, a ameaça de um ataque nuclear, destruição e morte. São os autocratas e criminosos no poder que em nome da pátria disfarçam seus verdadeiros interesses. E sabemos que tudo nos atinge como povo e nação. Mas também sabemos que algumas dores comovem mais do que outras.
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No Brasil, a cada 23 minutos um jovem negro é morto. A cada sete minutos uma mulher é vítima de violência doméstica. A cada seis horas e meia uma mulher é vítima do feminicídio. Criminosos invadem todos os dias com armas, tribos, quilombos e comunidades. A milícia domina e quem vive sob esse “regime” não tem qualquer liberdade. Esses criminosos aqui também são protegidos por homens que têm e estão no poder. Aumentou em 137% a invasão de terras indígenas em dois anos desse governo atual. Indígenas estão sendo exterminados, saqueados e roubados. Há crimes contra o meio ambiente e falta de responsabilidade ambiental. Pessoas vivem em lugares de instabilidade, inseguros, que desmoronam por não terem outra saída para sobreviver. São mais de 230 mil pessoas morando nas ruas.
Pessoas (negras) estão sendo mortas a sangue frio em qualquer lugar, seja na rua, mercado, quiosque, de dia ou de noite por agentes de segurança ou não. A impunidade impera. Pessoas se alimentam de ossos e lixo. Crianças não têm acesso à saúde, educação, nem proteção. A cultura tem sido bombardeada covardemente sob a ótica da ignorância. O nazifascismo tem crescido por aqui e alguns aplaudem. E o grande desejo é armar a população.
Um prazer bizarro com interesses financeiros pela violência e o caos. E como se nada disso fosse extremamente angustiante, continuamos em pandemia. Lutamos com desespero pela vacina contra as ações do próprio governo atual. Esse também é um país em guerra e nenhuma é justificável. Quem ganha com isso? Sabemos. Mas todos os outros, nós, somos atingidos duramente pelo desprezo que esses têm pela vida humana. Agentes do caos, do horror. Tiranos. Um homem ou alguns pouquíssimos decidem quais os milhões que morrerão. Quem lidera essa cena catastrófica são criminosos e senhores da guerra disfarçados de líderes e governantes em nome da ganância e do poder. É perverso. É desesperançoso. É covarde.
Aqui, diariamente, e neste momento na Ucrânia. Diante de tudo isso, como se não bastasse, assim como aqui, a cor da pele determina quem deve ser salvo e quem não. Há discriminação, racismo e xenofobia. Assim como a guerra na África não comove. Pessoas negras estão sendo destituídas dos seus direitos humanos há séculos. Evoluímos? Não. Cada pele tem uma dor? Registro aqui a minha revolta, incompreensão, indignação e meus profundos sentimentos pela humanidade desumana.