A primavera inspira uma completa renovação de energias para o final do ano que se aproxima. Definitivamente, a troca de estação inicia uma onda deliciosa de mudança de humor. Que tal deixar essa onda tomar conta também da sua adega e do seu dia a dia?
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“Algumas uvas são capazes de produzir, tipicamente, vinhos frescos e com aromas florais que têm tudo a ver com a primavera.” diz Andreia Berthault, educadora em vinhos e fundadora da escola virtual Red Submarine.
Para revigorar sua energia nesta estação florida, Andreia sugere 3 vinhos florais que vãoproporcionar diferentes experiências.
Moscatel
A uva Moscatel faz parte de uma grande família, sendo a “clássica Moscatel” denominada de “Muscat Blanc à Petits Grains”. Ela é capaz de produzir uma série de estilos de vinhos brancos, como espumantes, secos, doces e fortificados. A depender do estilo de vinho, a paleta de aromas e sabores será diferente.
Mas, em geral, os vinhos que são produzidos com a Moscatel apresentam aromas e sabores florais (flor de laranjeira e madressilva), cítricos (limão siciliano, laranja) e frutados (uvas, peras, maças verdes).
No Rio Grande do Sul há uma Indicação de Procedência (IP) inteiramente dedicada à produção de vinhos finos de Moscatel – a IP Farroupilha, que responde por cerca de 50% do volume de produção da casta no País.
A sugestão para a primavera não poderia ser diferente: os espumantes Moscatel da IP Farroupilha. Eles são frescos, saborosos, por vezes, levemente adocicados. Harmonizam muito bem quando servidos entre 6°C e 8°C junto a frutas da estação. Excelentes, por exemplo, para aproveitar um brunch em um sábado.
Riesling
Apesar de ser muito aclamada entre os conhecedores de vinho, a uva branca Riesling ainda é desconhecida do público em geral. Tal como a Moscatel, também é capaz de produzir vinhos brancos que variam do seco ao doce. Quando cultivada para tanto, pode originar vinhos com alto potencial de guarda.
A espécie cultivada em climas frios – por exemplo, na região do Mosel, na Alemanha – origina vinhos com delicados aromas de jasmim, limão e frutas verdes. Sua alta acidez torna os seus vinhos muito vibrantes no paladar.
Leitão à pururuca é uma das melhores harmonizações que você pode fazer com sua taça de Riesling seco, servida entre 7ºC e 10°C.
Dica valiosa: se você estiver buscando Rieslings alemães secos, procure pela palavra “trocken” no rótulo. Ela significa “seco”, em alemão. Ainda assim, pode acontecer de o vinho ser ligeiramente adocicado. Se isso acontecer, adicione um pouco de molho de laranja no leitão, que a harmonização vai ficar espetacular.
Torrontés
A Torrontés é a uva branca de destaque da Argentina. Lá, é cultivada em várias regiões, mas os vinhos da mais alta qualidade costumam vir de uvas cultivadas nas altas montanhas da província de Salta, na região de Cafayate.
De modo geral, a Torrontés produz vinhos secos, com aromas de jasmim, rosas, melão e pêssego. Sua acidez costuma ser mais moderada do que a da Riesling, mas continua sendo elevada o suficiente para produzir vinhos refrescantes e deliciosos, especialmente para esta estação.
Um Torrontés gelado (entre 7ºC e 10°C) tem a capacidade de transformar um simples prato de queijos frescos (por exemplo: feta, queijo de cabra, mozzarella de búfala) em uma experiência incrível. Ótima opção para aproveitar um final de tarde primaveril em casal.
Outras cepas
O sommelier Leandro D’Kessadjikian, consultor da Wine & Spirit Education Trust (WSET), também indica os rótulos mais propícios para serem degustados nesta estação.
“Existem vinhos cujas características combinam perfeitamente com as da primavera, que trazem aromas herbáceos, florais e de especiarias, paladar fresco e frutado e acidez bem presente”, afirma.
Vinhos rosés
Queridinhos quando o assunto é vinhos para primavera, os rosés são elaborados a partir de uvas tintas como a Carignan, Grenache, Merlot, Mourvèdre, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, garantindo frescor, acidez na medida certa e teor alcoólico reduzido.
“Isso acontece pelo curto período em que o vinho passa em contato com a casca das uvas. A recomendação para os rosés é que se escolha vinhos de safras mais recentes”, explica. Considerados perfeitos para a estação, existem tipos mais secos, outros com teor de açúcar mais baixo, alguns mais encorpados, dentre outros.
“Com taninos mais macios, sua leveza e corpo são perfeitos para equilibrar com diversos pratos, além de combinar temperaturas mais altas, que são frequentes nessa época do ano.”
Espumantes
Leveza também é uma grande característica dos espumantes, o que os qualifica com louvor para esta lista.
“Cada espumante, de acordo com as uvas utilizadas e o processo de produção, terá determinadas características. As uvas Chardonnay e Pinot Noir são algumas utilizadas na produção de blends para espumantes perfeitos para a estação”, aponta.
“Com baixa concentração de álcool, boa acidez e sabor levemente adocicado, os espumantes são excelentes para consumo não apenas em grandes momentos festivos, mas em qualquer contexto mais descontraído da primavera, em que o paladar peça esse tipo de suavidade”, acrescenta Leandro.
Vinhos brancos
Produzidos a partir de uvas brancas como a Sauvignon Blanc e a Chardonnay, os vinhos brancos ideais para a estação são aqueles que passaram menos tempo em madeiras. Isso refletirá em uma maior acidez e frescor desejados, perfeitos para dias ensolarados.
“A Sauvignon Blanc, considerada uma das uvas mais admiradas do mundo, garante acidez intensa e frescor. Esse tipo de casta possui maior acidez se comparada com a Chardonnay, que recebe as maiores recomendações de escolha para vinhos varietais jovens e que não foram passados em madeira. A justificativa é que a madeira reduz a acidez”, observa o sommelier.
Vinhos Tintos
A primavera também tem tudo a ver com os tintos leves. Produzidos com as uvas tintas como Pinot Noir, Merlot e Carménère, esses vinhos possuem taninos mais agradáveis ao paladar.
“Somando isso ao baixo teor alcoólico e acidez equilibrada, sem passagem por madeira, ele não deixa a desejar em um belo dia de primavera e deve ser servido bem refrescado, entre 14ºC e 16ºC”, recomenda o profissional.
“Com origem nas variedades mais consumidas de vinho, os tintos leves também são ótimos para quem quer variar e busca alternativa aos rosés, brancos e espumantes. Eles também são famosos pela considerável flexibilidade de combinações que podem ser feitas com inúmeros tipos de comida”, completa o especialista.