Paula Lima: “O amor é combustível, nosso tempo é agora”

Essa semana não foi nada fácil para nenhum de nós. A pandemia não nos dá trégua e, infelizmente, não vemos qualquer seriedade do Governo Federal para que esse quadro mude para nós brasileiros. Foi instaurada a CPI para investigar as ações do governo na pandemia e apurar o que todos nós sabemos, desde o início.

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A nossa angústia essa semana teve nome: Paulo Gustavo e todas as vítimas que estão dentro de um número avassalador e que se foram desde o início dessa tragédia. Mais de 400 mil vidas perdidas. Este ano, quando se iniciou a vacinação contra a Covid-19, até esse mês de maio, tivemos quase o mesmo número de mortes do ano passado inteiro. Ou seja, o quadro é muito mais grave. Mas a irresponsabilidade, a ignorância e o negacionismo continuam a nos prejudicar de forma brutal. Sim, estamos sem ar.

A partida do genial ator, humorista, diretor e grande humanista nos trouxe um vazio ainda maior. É como se tivéssemos perdido um familiar, um grande amigo. Eu não o conheci, mas por meio de seus personagens, histórias, filmes e relatos de amigos que o amavam imensamente e que estão nos fazendo conhecer ainda mais essa grande pessoa, o nosso amor, admiração e respeito crescem ainda mais. Ele era amor e combustível para muitos.

Paulo também deu voz e luz de uma maneira singular à comunidade LGBTQIAP+ e a todos que tem algum sentimento e empatia pela vida. Falava sobre a família, os filhos e o marido do jeito que é, do jeito que deve e tem que ser. O seu ativismo, consciência e generosidade fizeram história.

O adeus a Paulo e a nossa perda para essa doença a qual já existe a vacina, deixa um gosto muito amargo. Deixa um gosto e um alerta de um possível projeto de morte e um questionamento do por quê estamos perdendo quem amamos, de forma tão covarde. A revolta, o inconformismo e a indignação tomam conta.  Urgentemente lutemos bravamente pela vacina e contra a incompetência. E que estejamos muito, mas muito atentos em relação ao futuro desse Brasil tão legal, de gente bacana, competente, da terra redonda, de gente mais justa e mais humana. Muito obrigada, Paulo Gustavo, cuidaremos do seu legado grandioso. 

Falando sobre absurdos, a atriz Maria Flor (@mariaflor31) criou um quadro desses “power”, em que com muita consciência e representatividade, ela nos deixa um pouco mais leves por dizer o que é preciso. Assistam ao “Flor Pistola”, de 4 de maio, em que ela fala do nosso ministro da Economia – aquele que tem pavor da maioria dos brasileiros comuns. Não quer que a gente viva até os 100 anos, não quer que o pobre vá à Disney e nem que o filho de porteiro vá para a faculdade. É, meus amigos… 

Ah, e vocês sabiam que, para o presidente do Brasil, o cabelo black power tem piolho e barata? Para ele, então, negro é sujo. As reflexões deixo com vocês. 

Gostaria de registrar aqui também o meu repúdio em relação às ações policiais que ocorrem em toda a periferia e nas comunidades do Brasil. Que a lei seja igual para todos, esse é o grande e justo movimento. Quero deixar todo o meu respeito à essa população que perde seus entes inocentes queridos todos os dias pela violência da segurança pública. Todos os dias. Lembrando que, no Brasil, um jovem negro morre a cada 23 minutos. Preto e pobre é alvo por aqui. Minha atenção especial neste momento à Comunidade do Jacarezinho. Eu sinto muito! Precisamos de investimento em educação. E depois educação novamente! Moradia, saneamento básico, saúde. Precisamos de líderes que lutem pela vida do seu povo. Essa é a chave da mudança. 

A chave da mudança também é discutir os nossos problemas para que sejam combatidos. Assistam “O negro no futebol brasileiro” (dois episódios na HBO), com várias chaves importantes sobre preto, pobre e discriminação. Acredito que estejam cientes que os primeiros clubes de futebol não aceitavam atletas negros, não? Aplaudo aqui o trio da Copa de 1962. Infelizmente, eu não era nascida, mas quem viu Pelé, Garrincha e Didi não se esquece. Nunca se viu algo assim. 

Só pra gente celebrar os gênios, entender mais a história, as conquistas e alimentar a alma,  hoje quero indicar no Instagram e no Twitter a coluna excepcional de Thiago Amparo (@thiamparo), na Folha de São Paulo, a incrível Bela Reis (@belareis) e a sempre fenomenal Zelia Duncan (@zeliaduncan). 

Indico também o filme que me surpreendeu: “Billie Holiday Vs United States”, sobre a carreira da diva extraordinária, ativista e intrigante do seu auge até a sua morte sofrendo a perseguição do FBI desde que entoou pela primeira vez em “Strange Fruit”. Andra Day está perfeita no papel de Billie e concorreu ao Oscar. Indico também o especial: “Sounds of Metal” com o excelente Riz Ahmed. O filme conta a história de um baterista de heavy metal que perde a audição. Sensível!

E não deixem de ouvir o meu programa de rádio, nesta volta dos inéditos! O Chocolate Quente, meu programa de música negra apaixonante, vai ao ar todas às terças-feiras, às 20h e aos domingos, às 19h pela Rádio Eldorado FM. Esse programa me dá prazer e é um dos meus combustíveis também.

Venho realimentando a alma com arte (sim, ela salva), poesia, aguardando a tão desejada vacina, e principalmente com muito amor. O amor é o maior combustível de todos. Olhando para o lado alegre da semana, me encantei com o Gil do Vigor, do Big Brother Brasil 21 – e não posso deixar de citá-lo aqui! Ele é uma alegria, não? Ser quem se é, é sempre libertador.

E mais uma vez, quero registrar que ler e ouvir sobre Paulo Gustavo também nos faz acreditar mais no amor. Como ele dizia, “o amor é ação”, então façamos! E é muito importante que tenhamos essa lucidez e fé. O amor nos traz mais esperança, motivação, felicidade e é ele o responsável por muitas alegrias da vida adulta. A gente não pode desistir. Cuide, viva e se declare para o seu amor e amores. Nosso tempo é agora!

Paula Lima é cantora, compositora e apresentadora. Atualmente, está à frente do “Chocolate Quente” na Rádio Eldorado. Também é uma das diretoras Na União Brasileira de Compositores (UBC).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site RG.