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De jovem semianalfabeto a dono de rede de academia: conheça Henrique Pereira

Henrique Pereira – Foto: Divulgação

A pandemia mudou a nossa rotina, evidenciando cuidados, principalmente com a saúde e o nosso próximo. Neste momento, a relação mais humanizada também está em evidência. Pensando nisso, vamos contar um pouco da história de Henrique Pereira, sócio-fundador da Rede de academias Evolve, um exemplo de superação.

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Semianalfabeto até os 14 anos, o empresário hoje, aos 39, foi deixado com os avós, pois sua mãe não tinha condições de criá-lo. Ela veio para a capital do País aos 14 anos, engravidou de seu primeiro namorado, e como trabalhava em “casa de família” não podia cuidar de uma criança naquele momento. Então, aos dois meses, Henrique foi morar com os avós, em uma fazenda entre Unaí e Arinos, em Minas Gerais. “Nossa família era muito grande, meus avós tinham 17 filhos, mais ou menos da minha idade e eu fui criado até meus oito anos nessa fazenda”, comenta.  

“Minha mãe me visitava a cada três meses, sempre levava livros, revistas, e nós não tínhamos escola formal, eu fui aprendendo a ler por incentivo dela, que sempre falava que os estudos eram a única forma de eu ter uma perspectiva de vida”, destaca. Ele continua: “Cresci com ela falando da importância de correr atrás dos meus sonhos e objetivos, que assim como ela passava por muita dificuldade, ela queria que eu tivesse uma história de vida diferente”, acrescenta Pereira. 

Mal sabia ele que as coisas piorariam. Aos oito anos de idade quando sua avó decidiu buscar uma vida melhor e se mudou para um bairro mais próximo de Unaí, o Mamoeiro, com cerca de mil habitantes. Este foi um momento difícil, pois antes, na fazenda, muitas vezes não havia diversidade de alimento, mas nunca faltava o que comer, pois eles produziam. “Porém, passamos por situações mais complicadas a partir de então, porque, às vezes, meu avô demorava muito para ir ao Mamoeiro levar alimento, dinheiro, e às vezes passávamos fome”, recorda.

“Lembro de muitas vezes minha avó recomendar ‘olha Henrique, você e seus tios precisam “se virar”, procurarem um pé de manga, comer um jatobá próximo a umas fazendas, porque a gente não terá o que comer hoje à noite, e foi assim, uma infância muito dura, muito sofrida, mas que me moldou e me mostrou que eu precisava ser uma pessoa melhor e buscar algo maior”, ressalta. E assim continuou até seus 14 anos.

Em 1994, a mãe do empresário ganhou um lote no Recanto das Emas, Região Administrativa do Distrito Federal, e o trouxe para morar com ela. Nessa época, ela já tinha outro relacionamento e outro filho. E graças a isso Henrique começou a estudar, foi para a escola e se descobriu autodidata. “Sempre busquei a leitura e os estudos com o incentivo da minha mãe, então, eu consegui ir acelerando minha formação”, afirma.

Henrique Pereira – Foto: Divulgação

A carreira na Educação Física e a ascensão

Depois de concluir o segundo grau ele conta que não tinha noção do que faria.  A única diversão que conhecia era o futebol e, por afinidade ao esporte, escolheu a Educação Física. Este foi um acerto “em cheio”. No segundo semestre, um conhecido o chamou para fazer um estágio em uma academia e mesmo sem muito conhecimento técnico, ele conta que descobriu o seu propósito de vida. 

“Percebi que o jeito que eu tratava as pessoas mudava tudo. Sempre busquei falar com respeito, acolher, ajudá-las a treinar e isso trazia muita felicidade e eu percebia que conseguia mudar o dia, até mesmo o humor dessas pessoas”, pondera. E isso só fez crescer meu amor pela profissão e por consequência ascensão na minha carreira. Ele passou a se dedicar ainda mais, fez vários cursos, frequentou inúmeros congressos no Brasil e exterior. “Tive o privilégio de conhecer o Paulo Gentil no início da minha jornada, uma referência na educação física no país.

“Ele me chamou para fazer estágio com ele e eu fui cada vez mais me preparando e aperfeiçoando, entendendo as áreas de atuação e tentando traçar um caminho”, ressalta. Henrique complementa: “Com inúmeras barreiras e limitações eu sempre procurei superar fazendo tudo com o máximo de dedicação e paixão, fui buscando conhecimento e trabalhando os pontos fracos, nunca limitando-me, nunca me considerei uma vítima, muito pelo contrário, sempre tive claro comigo que eu deveria ser o capitão do meu próprio barco, único responsável pelo meu sucesso ou fracasso”. 

Empreender: do sonho à realidade

Profissionalmente trabalhou em todos os departamentos de uma academia, foi estagiário, professor, coordenador e chegou a gerente geral, onde conheceu bem o mercado. E apesar de novo na área, Pereira sempre teve a vontade de empreender, de ter uma academia com sua cara e seus valores, valores que trouxe e que são reflexo de sua história. “Por ser um mercado em que existe uma injeção de capital muito grande, os investimentos são muito altos, e sempre que eu conversava com algum colega, eles tentavam me limitar, tirar o meu desejo e sonho, mas graças a Deus eu nunca dei ouvidos”, diz.

E apesar das negativas, ele sabia que um dia, realizaria seus sonhos. “Comecei a procurar parceiros para tornar esse sonho  realidade. Inicialmente eu falei com meu antigo patrão, mas ele tinha uma visão totalmente diferente, achava que tínhamos que abrir academia no Plano Piloto e eu queria investir nas cidades satélites, então, comecei a oferecer a ideia também para meus alunos de personal”, recorda o empresário brasiliense. 

E foi assim que ele chegou até Vinícius Santana, o primeiro a “comprar” a ideia. Juntos, começaram a desenhar o modelo que gostariam de trilhar, com números da região, público alvo, localidade e as perspectivas para o negócio. Nessa época já existia a Smartfit, modelo mais próximo ao que gostariam de seguir. E depois de muito estudo nasceu a Evolve em janeiro de 2017. “Nascemos com esse conceito singular, que nós chamamos de gymbox, que é a integração entre treinamento de força e funcional. O meu objetivo era criar um diferencial com relação à Smart e fazer bastante sucesso. Unimos os conceitos de boutique e low cost com o objetivo de oferecer um serviço de alta qualidade com a melhor relação custo-benéfico possível”, descreve.

“Além disso, eu sempre  quis uma academia com ambiente humano e acolhedor, e é o que vivenciamos na Evolve. Sempre falo que temos um “negócio diferente”, diz. Para o profissional, o cuidado com os colaboradores é fundamental. “Se nossos colaboradores estiverem com o coração cheio de coisas boas, é isso que eles vão transmitir aos nossos alunos e acho que esse é o nosso grande diferencial, são as pessoas do nosso time, são apaixonadas pela Evolve e pelo que fazem e nós temos como missão mudar e transformar a vida de pessoas”, conclui. 

Expansão

Desde o surgimento da primeira unidade Evolve, no Brasil 21, muita coisa mudou. De lá pra cá foram mais sete unidades no Distrito Federal e em Goiás. E mesmo em meio à pandemia e às restrições impostas para evitar a disseminação do novo Coronavírus, a rede conseguiu se manter, sem demissões e com o plano de expansão para outros estados.  As unidades estão sendo construídas em Rio Verde, Catalão, Jataí e Goiânia, no Goiás, Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, e Taguatinga Norte, Samambaia, Ceilândia e Gama, no DF. 

Com 21 mil clientes e o faturamento de R$14 milhões em 2019, os planos vão além. Em breve, a Evolve vai estar também, em Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins e Mato Grosso do Sul. “Nossa ideia é que realmente a rede cresça cada vez mais no país e que mais pessoas tenham acesso a uma academia de qualidade com um preço justo. Além disso, é a oportunidade perfeita para outros empresários investirem nesse modelo de negócio já que apresentamos um sistema de cotas bem interessante”, conclui Pereira.

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