O B Hotel, um dos hotéis mais charmosos de Brasília, recebeu um belo reforço no seu já prestigiado acervo de arte, disposto nas paredes e ambientes do inconfundível prédio de janelas irregulares, projetado pelo renomado arquiteto Isay Weinfeld. O hotel, situado no Eixo Monumental, foi presenteado com uma colorida tela pintada a mão pelo artista Anuiá Amarücamaiurá, do Parque do Xingu, no Mato Grosso.
O trabalho artístico de Anuiá Amarü, como gosta de ser chamado, busca inspirações no coletivismo, na ancestralidade e na cosmologia do seu povo ao recriar nas telas o grafismo adotado em algumas pinturas corporais realizadas com jenipapo nos rituais Quarup, que tem como principal objetivo a quebra do luto e da tristeza e a propagação da felicidade.
Para a obra entregue ao B Hotel, Amarü pintou um conjunto de quatro telas, que juntas formam a representação gráfica e cosmológica de uma borboleta, segundo a crença dos povos Yawalapiti e Kamayurá, etnia dos seus pais, que enxergavam nos desenhos uma expressão relacionada ao seu meio ambiente natural, seja ele físico ou espiritual.
Fora a inspiração central da obra, as cinco cores presentes na tela pintada por Amarü, representam significados distintos: o branco retrata as nuvens, o azul o céu e os rios, o amarelo as borboletas, o vermelho urucum e o preto o jenipapo.
Anuiá Amarücamaiurá – Foto: Divulgação
A tela pintada por Amarü se juntará a mais de 100 peças de arte indígenas já presentes no B Hotel, como cestas, esculturas, quadros e objetos de decoração em geral dos povos Caraja (TO), Xingu (MT), Kayapó (PA), Yanomami (AM), Guarani (RS) e outros.
Além da obra realizada para o B Hotel, as pinceladas de Amarü também estão presentes e espalhadas por todo o Brasil, inclusive em construções assinadas por Oscar Niemeyer, como o Memorial dos Povos Indígenas, também em Brasília.
Com o novo quadro pintado para o B Hotel, Brasília passa a ter 5 obras autorais de Amarü espalhadas pela cidade. O artista, que vem de uma família de pajés e logo se tornará líder do seu povo, começou a sua trajetória em 2014 e aprendeu a pintar, tocar flauta e a construir residências típicas com os pais e avós.