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Sanches: “O fracasso é preciso e me trouxe até aqui”

Na coluna desta semana, Sanches fala sobre como o fracasso faz parte da vida dos artistas. Na foto, o pintor francês Claude Monet (1840-1926) (Foto: Reprodução/Nadar/Wikipedia)

Tenho pensado no fracasso como algo subjetivo e volátil. Nunca me saiu da cabeças a história na qual Monet e Cézanne – que são artistas atualmente consagrados – tiveram suas pinturas diversas vezes recusadas pelo Salão Oficial de Paris, na época.

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Olhando em retrospecto até os dias atuais, quem fracassou naquele momento de rejeição? Tendo a acreditar que foi o Salão de Paris, e não os artistas. Ou ambos têm a mesma parcela de culpa? Ou nenhum deles? Por isso, acho o conceito de fracasso ambíguo e relativo.

Quando se trata de criatividade, o fracasso é inevitável. Todos nós, seja qual for a linguagem de criação que trabalharemos, de alguma forma, sempre fracassamos. Talvez seja por isso que as pessoas em geral têm medo de levarem uma vida criativa. O fracasso é claramente mais iminente.

Não dá pra negar a tentação em acreditar que fracassos são realmente momentos nos quais falhamos de verdade e pronto. Entretanto, prefiro enxergá-lo sempre como uma das partes menos prazerosas de um processo criativo e, ao mesmo tempo, entender a propulsão evolutiva que momentos como esses nos proporcionam – se olhados sob a perspectiva correta.

Assim como Monet e Cézanne, meu trabalho foi diversas vezes rejeitado. Assim como eles, porém, eu insisti. Pura e simples insistência, não porque fui arrogante ou insensível, mas porque estava totalmente comprometido com o meu ofício, não tinha como evitá-lo, e não queria, mesmo se meu trabalho estivesse longe de ser competente à época. O fracasso me trouxe até aqui.

 

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Rafael Sanches – Colunista de arte do Site RG

Foto: Arquivo Pessoal

Sanches é um artista multidisciplinar que confunde as linhas entre arte, arquitetura e moda, entrelaçando desde a criação de obras de arte tridimensionais até o design de futuros espaços “reimaginados”. O artista é conhecido por sua incansável experimentação de formas, materialidades e formatos em muitos gêneros de trabalho. Abrangendo esse conceito tipográfico que vai além de letras e palavras – formando forte comoção estética, ele se transformou em um dos novos artistas contemporâneos mais requisitados do País.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site RG.

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