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“Como ser feliz em tempos de pandemia?”, por Rodrigo de Aquino

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Foto: Getty Images

Por Rodrigo de Aquino*

Meu radar de 2020 estava voltado para as expectativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, desde 2018, dizia que neste ano a depressão seria a doença mais incapacitante no mundo. Março chegou e, com ele, a pandemia, invertendo a lógica e todas as expectativas. Passados alguns meses, ultrapassamos a marca de 150 mil mortes pela Covid-19 e, junto com esse número estarrecedor, incontáveis perdas comerciais, econômicas, sociais e emocionais.

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Não tivemos de Páscoa a Lollapalooza, de Parada LGBTQIA+, Festival de Parintins a Barretos e as celebrações de Dia das Mães e dos Pais foram completamente adaptadas, levando muitas famílias para dentro de celulares e computadores. As festas, baladas, shows e aglomerações integram o conceito de felicidade. Porém, a ciência diz que a falta dessas atividades consideradas “hedônicas” trazem, a longo prazo, impactos insustentáveis em nossa saúde mental. Todos adorariam ter como preocupação qual festa ir no próximo final de semana. Aceitar o cancelamento de eventos sociais, abrir mão de happy hours e festivais, a curto prazo, pode trazer algum tipo de frustração, porém nos mostra que a cultura do prazer e da satisfação imediata, que reina nos dias atuais, é diferente de felicidade.

O que gera felicidade sustentável, segundo a Filosofia e estudos científicos, são conceitos e sentimentos virtuosos (eudaimonia), que oferecem equilíbrio emocional e senso de humanidade, tais como: amizade, bondade e amor. Ou seja, ela tem a ver com um propósito maior, com o outro, com o grupo, por isso, nos pede atitudes compassivas, empáticas e solidárias. Aí você se pergunta: é isso mesmo? A ideia é falar de Felicidade em meio a uma crise sanitária, econômica, política e social que inclui centenas de milhares de mortos?

Em uma sociedade que deixa o capital psicológico dos cidadãos em segundo plano, talvez faça sentido a indagação. Mas, considerando que até mesmo a ONU defende a felicidade como um acelerador do desenvolvimento humano e social, a coisa muda de figura. Se queremos avançar, crescer e tornar nosso País um lugar bom para se viver, precisamos cuidar do bem-estar de todos hoje, não depois que todas as pessoas forem imunizadas. Agora é a hora de escolher como queremos ser e estar num futuro próximo.

Seremos uma sociedade ressecada e amarga, que terá forças apenas para recolher seus cacos ou queremos ser uma nação resiliente, disposta – apesar de tudo – a construir um novo tempo com mais oportunidades, equidade e bem-estar? Ao propor falar de Felicidade, entendo que é importante criar, através de inúmeras intervenções, um “cinturão social de sentimentos positivos”. A ideia é amenizar o impacto das emoções negativas tão presentes, diminuindo os danos causados por crises nervosas, de ansiedade ou depressão, melhorando assim, o bem viver e a qualidade de vida de todos.

Dar voz e vez aos sentimentos positivos é aceitar que uma sociedade segura, protegida e amorosamente acolhida têm mais bem-estar psicossocial. Seus cidadãos conseguem viver mais facilmente sua excelência, florescem e expressam sua melhor versão livremente, onde e quando quiserem. Com tanta dor ao redor, acredito que trazer a Felicidade “para a primeira página” é criar, a partir de hoje, uma nova realidade com mais humanidade (o que é bem diferente de um projeto de negação ou felicidade tóxica). No mundo pós-vacina, ela se apresenta como uma ponte segura em direção a uma sociedade mais digna e generosa. O momento da virada chegou e nada vai acontecer através de um milagre ou ação externa. A felicidade esperada não vem de bandeja e muito menos está disponível em uma prateleira. Como diz Aristóteles, “a felicidade é uma atividade, pois não está acessível àqueles que passam sua vida adormecidos”.

Uma vida digna e mais feliz, para as pessoas, para instituições e para a sociedade num todo, depende de ações coerentes de cada um e de todos nós.


*Comunicólogo e especialista em Bem Estar e Felicidade, Rodrigo de Aquino estuda desenvolvimento humano. Trabalhou como publicitário durante 20 anos até se especializar em Psicologia Positiva (IPOG) e se dedicar integralmente a trabalhar com bem estar e felicidade.

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