Explorar edifícios abandonados e em ruínas não é para qualquer um, já que você nunca sabe quando um passo errado pode fazer com que toda uma estrutura antiga desmorone. Nos últimos oito anos, Roman Robroek, um fotógrafo holandês, se tornou especialista em tirar lindas e assustadora fotos de prédios abandonados, castelos desertos, igrejas misteriosas e marcos importantes ao redor do mundo.
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“Quando comecei minhas jornadas urbanas de fotografia, a maioria dos prédios que via estavam vazios, abandonados e deteriorados. Não levou muito tempo para que a curiosidade tomasse conta de mim. Qual era a história por trás dessas construções? Quem vivia ali? Qual era o propósito daqueles objetos e porque eles foram abandonados? Essa curiosidade criou um vínculo entre mim e fotografia urbana e, desde então, visitei locações maravilhosas ao redor do mundo”, contou Robroek ao site Business Insider.
Em uma viagem recente, o fotógrafo visitou um spa em ruínas em Tskaltubo, Georgia. O espaço foi frequentemente usado na era soviética por Joseph Stalin, já que suas fontes termais costumavam ser chamadas de “água da imortalidade”. Apesar de o resort estar abandonado, visitantes ainda se aventuram para tirar fotos do local, que também é conhecido por abrigar uma comunidade de refugiados.
A cidade de Tskaltubo foi um destino popular desde o século VII, principalmente devido às famosas fontes termais da região. Durante séculos, as pessoas acreditavam que as águas daquele lugar tinham propriedades curativas. Acreditava-se que as fontes podiam tratar doenças como reumatismo, problemas circulatórios e cardíacos, diabetes, asma e várias doenças de pele.
A construção do resort começou no início do século 20 e, quando ficou pronto, se tornou um destino popular para os membros da elite da era soviética. Como parte do programa “direito de descanso” da União Soviética, seus residentes começaram a ganhar passes para visitar o resort e se banhar em sua famosa água.
Este programa exigia que os cidadãos da União Soviética tirassem pelo menos duas semanas de férias em um spa, por ano. Entretanto, os visitantes não podiam levar suas famílias e bebidas, danças e barulhos excessivos eram reduzidos ao mínimo. O belo resort tinha 19 luxuosos sanatórios e nove salas de banho.
A maior sala de banho do resort, chamada No. 6, foi construída exclusivamente para Joseph Stalin e é a única que continua sendo usada atualmente.
Um hotspot para visitantes que procuravam relaxar e tratar várias doenças nos banhos terapêuticos do resort durante a década de 1950, mas que entrou em ruínas depois do colapso da União Soviética, em 1990. “Vários dos sanatórios que estavam prosperando há 50 anos estão agora abandonados, em forte decadência e desmoronando”, conta o fotógrafo.
Desde então, a natureza reivindicou o resort com videiras, ervas daninhas e musgo escalando os interiores outrora ornamentados e luxuosos deste spa fantasma esquecido. Tskaltubo continua sendo uma cidade com resorts e spa e, em 2015, um novo centro termal médico foi construído, além de um novo hotel, restaurante e vinícula, contrastando com as ruínas do antigo resort. O local novo oferece serviços como banhos radioativos de semi-radônio e banhos minerais terapêuticos.
Mas as ruínas continuam atraindo turistas e fotógrafos do mundo todo. “A oportunidade de olhar através de portas fechadas é verdadeiramente uma experiência única, relaxante e atraente ao mesmo tempo”, conta Robroek. Mas o fotógrafo também revela que, em 2018, haviam seis mil refugiados internos vivendo no resort decadente.
Expulsos de suas casas em Abkhazia devido a gerra com a Georgia, no final do século 20, esses refugiados encontraram abrigos nas ruínas do spa. “Enquanto fotografava as construções em que as pessoas viviam, senti como se estivesse invadindo sua privacidade. E acredito que realmente estava”, diz o fotógrafo. Diversos refugiados estão aguardando uma nova casa, já que o governo prometeu que as pessoas vivendo nas ruínas de Tskaltubo receberiam um lar até 2020, mas, até agora, nada se tornou concreto.
As pessoas que vivem no antigo spa venderam diversos móveis e lustres deixados para trás para sobreviver.
Um sistema de esgoto improvisado também foi criado a partir de tubos de plástico, a fim de tornar as condições mais habitáveis para os milhares que vivem lá.
“Eles me mostraram onde entrar na construção, sorrindo e acenando, me mostraram quais partes são habitadas, quais estão abandonadas e onde tomar cuidado. Não tenho nada além de respeito pela atitude que essas pessoas tem e sinceramente espero que coisas boas aconteçam para eles em breve”, relatou o fotógrafo.