Há quem diga que o mundo está ficando chato. Em um momento em que opressão e preconceitos são assuntos em pauta na discussão mundial, não é mais aceitável fazer piadas em cima de minorias, como acontecia antigamente. No entanto, quem tira de letra essa nova fase e cria um humor inteligente sem machucar ninguém, se dá muito bem.
SIGA O SITE RG NO INSTAGRAM
Letticia Munniz é um grande exemplo disso. A humorista criou uma veia feminista em seu trabalho e, além de arrancar boas risadas de suas seguidoras no Instagram, de uma forma irônica e debochada, sempre compartilha informações e dados importantes sobre a causa. “Acho que o humor é uma fuga da realidade difícil que a gente vive, se for pra rir da dor de alguém, não quero”, conta em papo com o RG.
Letticia revela que esse nem sempre foi o seu foco. Ela dividiu que chegou a fazer cursos de teatro e humor para se especializar no ramo e entrou na internet como uma forma de criar o seu portfólio. “Comecei com vídeos bem genéricos e uma vez, numa brincadeira, disse que falaria de relacionamentos porque entendia tudo sobre eles, o que era uma piada por eu nunca ter namorado”, conta.
A brincadeira deu certo e suas seguidoras começaram a pedir conselhos românticos, o que virou o seu quadro “Lelê Responde”, no Stories e IGTV. Sem meias-palavras, de uma forma descontraída e cheia de palavrões, ela responde perguntas, principalmente, sobre relacionamentos.
Assim, Letticia se viu empoderando diversas meninas a pensarem mais em si mesmas e ver com outros olhos situações de abuso. “O mais bonito disso tudo, é que nem eu sabia que era feminista”, disse. “Eu fui percebendo ao longo dessa história que as palavras que saiam da minha boca a respeito daquelas relações eram uma exigência para que fossem respeitadas como mulher, independente da roupa, da atitude, das escolhas de vida.”
De acordo com a humorista, o seu público vai de mulheres de 15 a 60 anos, mas se concentra em 17 a 30. “O que mais recebo de mensagens é ‘nossa, como eu teria sido uma mulher mais feliz se tivesse te conhecido nova’, e quer saber? Eu também teria sido mais feliz se tivesse me conhecido nova. Quanto medo de se relacionar, quanto abaixamos a cabeça, calamos, tudo o que nos ensinaram é ser a mulher que agrada os homens”, diz a capixaba, que mora hoje em São Paulo, e tem 28 anos. “O feminismo deu esse presente pra gente, que é o melhor que qualquer mulher poderia sonhar em receber: a liberdade de ser quem a gente quiser ser.”
E a divulgação online deu certo. Além dos mais de 130 mil seguidores no Instagram e o reconhecimento de nomes como Kéfera, Letticia gravou pelo segundo ano consecutivo um show no programa “Comedy Central: Stand-Up” e participou da série “Borges”, da Porta dos Fundos, disponível na Netflix. Vale dar o follow na menina!