Mesmo que você não acompanhe campeonatos de surfe, provavelmente já ouviu falar de Maya Gabeira. A primeira vez em que a surfista profissional se tornou manchete foi em 2013, quando sofreu um acidente no mar de Nazaré, em Portugal, lugar conhecido por ter algumas das maiores ondas do mundo. A atleta saiu inconsciente da água e ficou três anos afastada do esporte em recuperação.
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Porém, agora ela voltou a ser notícia por um motivo muito especial: Maya entrou para Guinness Word Records (conhecido como o livro dos recordes) como a primeira surfista mulher e também a que pegou a maior onda do mundo, de 20,9 metros, em Nazaré – sim, no mesmo local do acidente que quase tirou sua vida. A história de superação de Maya terminou com um grande final feliz, pois a categoria de ondas gigantes femininas no Guinness foi criada especialmente para ela.
“Represento o Brasil, represento as mulheres, além de termos criado uma categoria nova, para a qual eu tive que lutar para ser aceita”, disse a surfista em um papo exclusivo com o RG. “Espero realmente que isso seja uma motivação para que as próximas atletas queiram superar essa marca.”
O sonho de surfar a maior onda do mundo sempre foi um objetivo para a atleta. “Quando Nazaré entrou no mapa do surf de ondas grandes, tive a certeza de que esse era o lugar para tornar esse sonho realidade”, conta. Em 2013, ela resolveu focar a sua carreira nisso, mas infelizmente se machucou feio. Apesar de revelar que nunca pensou em desistir do surfe, ela conta que o desafio ficou para trás: “Eu estava fazendo o possível para melhorar, mas não podia exigir uma coisa que talvez não fosse possível, em consequência das minhas limitações físicas (minha coluna), além das psicológicas”.
De acordo com Maya, superar o acidente, os traumas e lesões a fizeram mudar como pessoa: “Foram anos de batalha, nos quais eu vivi uma experiência única, e eu acho que só o aprimoramento e conhecimento que pude adquirir nesses anos me trouxeram a confiança para tentar novamente e conseguir bater esse recorde”, explica. Em 2016, ela se sentiu preparada para voltar para água, mas sentiu o peso de tudo que viveu: “Estava sempre abaixo dos meus 100% devido às lesões e cirurgias pelas quais passei. Foi só na última temporada que eu consegui me recuperar totalmente, e estar preparada para os maiores dias”.
No entanto, positiva, a surfista acredita que tudo valeu a pena. Chegar ao topo e ser eternizada no Guinness Book foi um ponto alto: “Eu fiquei muito feliz, não tenho nem palavras, foi a realização de um sonho. É realmente gratificante”. Para os próximos passos, ela não hesita: “Foram muitos anos para chegar até aqui, então eu tenho que aproveitar isso tudo que está acontecendo e me dar conta do que foi feito. É tão difícil parar um pouco, descansar, então esse é o desafio de agora”, diz. E ela ainda dá um conselho precioso para as futuras gerações: “Que o sonho sirva de motivação para a evolução”.
Fashion na água
Além do alto nível de seu surfe, Maya também se destaca no quesito fashion. O maiô é o seu uniforme de trabalho, no entanto, ela sempre aposta em modelos coloridos e com modelagens inusitadas. O cuidado não é à toa: “Eu amo moda, mas sou muito simples e prática. Pouca estampa e tecidos mais confortáveis são a base do meu armário”, divide.
Vaidosa, os fios loiros também recebem atenção especial da surfista, já que sofrem com a exposição constante com a água do mar: “Faço hidratação e uso produtos para tentar mantê-los hidratados e protegidos”. Além disso, ela dá uma boa dica às praianas de plantão: “Uso bastante boné também, acho indispensável para quando estou fora da água ou no jet-ski”.