Por Matheus Evangelista
Algo está acontecendo dentro das salas de desfile nesta temporada de SPFW. A primeira vez que participei do evento, no verão 2006, trabalhava no extinto spfw.com.br, atual FFW, e aos 16 anos, ver uma apresentação, os cenários e exatamente todos os detalhes do que acontecia antes, durante e depois de um desfile me fascinava. O que continua fixo na minha memória, depois de quase dez anos e sabem-se lá quantos fashion shows? Os aplausos. A consagração de uma coleção bem recebida, o agradecimento dos convidados a algo que os fez sonhar por alguns minutos.
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Estamos em 2015, a temporada é a de inverno 2016, e depois de quatro dias de evento, não há como negar – algo está mudando. Não há mais aplausos, palmas. O inconsciente coletivo mudou essa ordem. Agora a fila final é fotografada e só depois é que as palmas começam. Muitas vezes elas surgem no final, quando o estilista já está na passarela. “Eu percebi isso do PIT de fotógrafos, é muito estranho e parece que não gostaram do que viram”, soltou Paulo Reis, fotógrafo da Agência Fotosite.
Uma estilista ficou sem saber o que fazer quando tudo terminou e nenhuma palma ouviu. “Comecei a pensar que não havia agradado porque geralmente vem um barulho, uns gritos seguidos de palmas”, desabafou a designer, que teve sua cota de clap clap, mas numa redução de força & impacto 50% menor que o que recebeu na temporada passada. Camila Garcia, diretora de redação da Harper’s Bazaar Brasil concorda. “Há a intenção de bater palma, inclusive batemos palma, mas com o celular numa mão, com o óculos ou o release na outra. O som não é tão intenso quanto costumava ser, afinal, estamos tentando captar o último momento do desfile, seja numa foto ou num vídeo.”
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Se até o tradicional “bom desfile”, repetido quase como um mantra e escutado em tom de exaustão após as vinhetas exibidas antes dos desfiles, deixou de ser desejado há tantas temporadas, era óbvio que algo assim poderia surgir. Talvez, no futuro, o agradecimento venha em forma de Twitter. 120 caracteres e nada mais. Será?