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Diário de Viagem: Machu Picchu, Vale Sagrado e Cusco

Por Jeff Ares

Desde adolescente, tive vontade de visitar Machu Picchu. Herança dos pais, pós-hippies, de suas histórias sobre os incas, seu poder, sua misteriosa cidade sagrada, no alto de uma montanha… Eram os Deuses Astronautas?

Pois, muitos anos depois, decidi encarar a viagem, junto com o Thiago, meu parceiro. Melhor agente de viagens que eu conheço, ele fez o roteiro todo, que aqui divido com vocês, em dicas curtas, na galeria de fotos.

A primeira recomendação é hospedar-se nos hotéis da rede Belmond, certamente a melhor opção para quem gosta de conforto e bom serviço. Tem um em cada porto. Em Machu Picchu, o Belmond Sanctuary Lodge  é sensacional, o único hotel no topo da montanha, o que te permite visitar a cidade sagrada em horários perfeitos, bem cedo ou mais no fim do dia, em que o número de turistas é bem menor e a visita mais silenciosa. Some a isso uma jacuzzi com vista para a cidadela sagrada… ou uma massagem mirando a montanha de Huayana Picchu… nada mal hospedar-se ali. Recomendo que o faça por pelo menos 2 dias.

No Vale Sagrado – a boa surpresa da viagem – hospede-se no Belmond Rio Sagrado , um hotel tranquilo, com alpacas e lhamas em seu bonito jardim, com a facilidade de uma estação de trem privada – de onde você embarca no Hiram Bingham, o famoso trem, antigo Orient-Express, a maneira mais elegante de chegar em Machu Picchu. O Rio Sagrado é um porto seguro para conhecer os povoados dos arredores do Vale. Quatro dias são suficientes para explorar a charmosa cidadela de Ollantaytambo, os artesanatos de Chinchero, as ruínas extraterrestres de Moray, o salineiro de Maras… Recomendo caminhadas e trilhas por ali; tem uma trilha com as lhamas, que é demais… Conheça o povo dali e seus costumes, caminhe pelos vilarejos, ouça suas músicas, experimente suas comidas e tradições. Tivemos a sorte de ver a “Bajada de Reyes”, a Festa de Reis local, em Ollantaytambo, um dos festejos populares mais bonitos que eu já vi, com etnias de todo o Vale.

Já em Cusco, é sempre uma dúvida hospedar-se no Monasterio ou no Palacio Nazarenas, ambos da bandeira Belmond. Ficamos nos dois, em momentos diferentes da viagem, e pessoalmente preferi o Nazarenas, ainda que o Monasterio seja muito charmoso. Mas o quarto do Nazarenas é um tanto mais elegante. Mas, de novo, é uma questão de gosto. Ambos são excelentes.

Cusco é um ótimo ponto de partida para a visita ao Vale Sagrado e a descida à Macchu Pichu. Não precisa ficar muitos dias por ali não. A altitude castiga: compre as Sooroji Pills (versão peruana da Cibalena) logo no aeroporto, tome-as de 8 em 8 horas, e abuse das folhas de coca. Fôlego retomado, não perca os bons restaurantes locais: o Chicha, do famoso chef Gaston Acurio, é obrigatório. Vale conhecer o Cicciolina, onde servem um ótimo Pisco Sauer (a instituição peruana) e o MAP Café , um bom exemplo da culinária contemporânea peruana, com suas invencionices. Para uma experiência típica, tome a refrescante chicha morada (uma bebida à base de milho negro, o maiz) e coma um milho cozido (choclo) com queijo fresco no mercado central – mercados são sempre boas experiências.

Cusco é um grande shopping a céu aberto, mas deixe para comprar suas baby alpacas, ponchos de lã e outros souvernirs pelos vilarejos do Vale Sagrado. Minhas melhores compras foram feitas na Associação das Tecelãs de Chinchero, uma cooperativa que há 33 anos reúne as mulheres da região e as ajuda a tornar seu maravilhoso trabalho em fonte de renda justa.

Mas não há o que pague o ponto alto da viagem, que de fato é Machu Picchu. Uma experiência viva, ancestral. A natureza é exuberante, ajuda a te colocar em um estado espiritual. É inacreditável percorrer a cidade sagrada, construída em um lugar de acesso tão limitado, de maneira tão inteligente, em um tempo tão distante e primitivo.

Se tiver fôlego, encare a escalada do Huayana Picchu. Difícil, dilacerante. Mas chegar no topo tem algo de mágico. E terapêutico, um exercício de superação. A vista é um presente; se eu fecho os olhos, ela aparece.

Melhores meses para viajar: de maio a setembro. Frio, mas não chuvoso. Alta temporada, então prepare-se para ver muita gente… Nós fomos no réveillon. Choveu bastante, mas tivemos a boa sorte de muitos dias bonitos. O Sol faz toda a diferença, por isso eu optaria pela alta temporada.

Dito isso, boa viagem! Buena onda.

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