Por Rosana Rodini
Talvez seja o clima leve do Rio de Janeiro. Essa coisa da praia logo ali, do calçadão e do mar à disposição. Tem também a água de coco pra esfriar o corpo e a cabeça. E a Zona Sul lado a lado com o Vidigal. Mistura boa, meio funk/bossa nova e rock’nroll. Fato é que algumas cariocas se apropriam muito bem do melhor que o cartão postal tem a oferecer. E traduzem isso em estilo e lifestyle.
Maria Eduarda Ballesteros é dessas. Cara da menina cool made in Rio. Mesmo que ela não seja, de fato, carioca. Nasceu em Belo Horizonte. Mas mudou cedo para a maravilha de cidade, aos dois meses de idade. Hoje, aos 28 anos, é diretora de estilo da Toulon, a tradicional marca de moda masculina do seu pai, uma empresa de quase meio século.
“Vesti a camisa”, começa. Sentido figurado, claro. Nas fotos, clicadas em seu apartamento, na avenida Vieira Souto, um dos endereços mais tradicionais da cidade, Duda usou looks bem menos masculinos do que os criados por ela – que lhe caem muito bem, diga-se. É easy going, mas inteligente e cheia de foco. “Trabalho muito, mas prezo muito pelos meus momentos.” De fato, a rotina é intensa. Mas, quando se tem 28 anos de idade, sobra energia. E faz-se o tempo.
Formada em desenho industrial pela PUC, trabalhou em escritórios de design e com figurino de cinema. Quase enveredou para a sétima arte. “Era uma vida sem rotina. E eu preciso de rotina.” Aos 22 anos, por insistência do pai, decidiu entrar na companhia. “Ele queria dar continuidade à empresa familiar.”
Faz sentido: o avô, um imigrante espanhol, criou uma marca de sapatos em Minas Gerais. Visionário, começou a fazer jeans quando não se produzia muito no Brasil. Seus filhos transformaram o legado na Toulon, hoje comandada por Eduardo, o pai da nossa personagem. “Eu amava e odiava a ideia de já ter um caminho a seguir. Fiz muita terapia e tentei outras coisas até descobrir que era aquilo mesmo.” Quando foi, não se encaixou. “Eu tenho um perfil criativo. E a marca tinha um perfil estritamente comercial.” Natural, em se tratando de uma empresa deste porte: 45 anos de idade, 40 lojas pelo Brasil, 400 funcionários, mais de um milhão de peças por ano. “Era uma empresa madura e bem estruturada, ainda que culturalmente antiga.”
Mas a Duda é jovem, de cabeça jovem, principalmente. Montou um departamento de estilo e começou a fazer mudanças determinantes. Na paralela, um MBA na FGV. “Tive que me provar dez mil vezes mais. Nunca agi como a filha do dono.” Entre as mudanças que aplicou ali, tentou deixar a marca mais jovem e menos popular.” Elitizar? “Jamais. Mas você pode ser comercial com estilo e embasamento. Não precisa ser massificada. No Brasil, se é barato é ruim. Se é caro, é inacessível. Não queria fazer calça jeans e camisa branca por fazer. Queria um produto com um bom preço, mas com qualidade e que fizesse sentido” E fez.
Mais sobre esta criativa você descobre na edição da RG que está nas bancas. Imperdível!