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R.I.P. Jair Rodrigues

A última entrevista de Jair Rodrigues para RG

por Jeff Ares

Jair Rodrigues se foi, aos 75, como contamos aqui.

Em 2013, em algum dia de fevereiro, liguei pra ele. Ele tinha rodado um filme, ia estrear no cinema, maior barato. Pedi uma entrevista pra revista. Quinze minutos que viraram uma hora. Reproduzo aqui, pra relembrar o cara. Tive a honra de conversar com ele, um prazer, que eu vou levar pra vida toda. Eu gargalhava, ele se divertiu. Um grande sujeito, me pareceu. Um grande legado.

O papo, aqui embaixo.

Vai com Deus, Jair. Obrigado por me atender.

“Tarcísio Meira que se cuide!”

Aos 73 anos, Jair Rodrigues interpreta um veterano comediante em Super Nada, filme de Rubens Rewald, que estreia neste mês nos cinemas. Elogiado em Gramado, o cantor  conversou sobre a experiência com RG, por telefone, depois de um banho gelado. Quinze minutos que duraram uma hora de muitas histórias, entremeadas por cantorias, sempre em disparada.

RG: E aí Jair, vai fazer novela?

Jair Rodrigues: (risos) Se me convidarem né… Mas tem de ser um papel superlegal, como este que eu fiz. Não estou querendo ser mais do que ninguém, mas o pessoal veio me cumprimentar (pelo filme). Me senti o Antônio Pitanga. O Tarcísio Meira que se cuide!

RG: Te deixou apreensivo fazer cinema, depois de tanto tempo?

JR: A gente sempre fica pensativo… Mas eu não sou o camarada de desistir de nada. Em 1968 fiz um filme com o grande Oscarito, eu, a Rosemary. Éramos meninos de orfanato e cantávamos em um coral. O Oscarito nos dava uma aula de interpretação, assim como tive nesse filme, em que o pessoal ajudava nas inflexões.

RG: Verdade que você não gostava dos palavrões das falas?

JR: Poxa, tinha filho da p., vai tomar no fiofó, aquele negócio que às vezes a gente fala, mas sem sombra de dúvidas é uma falta de respeito. Eu nunca disse uma palavra de baixo calão na TV. Eu sou de uma outra época. Eu dizia: ‘Posso falar desse outro jeito?’. Aí mudaram muita coisa.

RG: Como faz pra se manter jovem aos 73, plantando bananeira no palco e tudo?

JR: Eu tomo banho gelado, parece que abre a cabeça! Faço sauna há 30 anos. Me exercito andando e jogando futebol.

RG: Joga em que posição?

JR: Lateral esquerdo. Mas jogo em todas, até de juiz, se bem que é perigoso esse negócio de xingarem a mãe da gente…

RG: Os anos te pesaram ou te deram mais força?

JR: Te digo com toda a sinceridade: os melhores momentos da minha carreira eu vivo de 30 anos pra cá. Tem projetos e projetos sobre a minha vida, as pessoas falam de coisas extraordinárias, fatos que eu às vezes até esqueci. Agradeço a Deus todos os dias. Se eu te disser você não vai acreditar, mas o Jair faz muito mais shows agora do que antes. Amanhã tem Sorocaba, depois Recife…

RG: O que vem de novidade depois do filme?

JR: O Jairzinho me disse: ‘Pai, tenho um projeto pra fazer com o senhor, gravar canções regionais em ritmo de samba’. Vai ter música italiana (e canta “O Sole Mio”), bolero (e canta “La Puerta”), Roberto Carlos, que eu nunca gravei (e canta “Como É Grande o Meu Amor Por Você”)… São mais de 30 músicas, que eu começo a gravar neste ano. Só paro quando o homem lá de cima quiser, enquanto isso eu fico enchendo o saco da rapaziada.

RG: O que você deixa que digam, que pensem, que falem?

JR: Falem bem, mas falem de mim.

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