Por Rinaldo Zirrah
E nem bem começamos o ano e já temos uma prova de barbárie urbana: você já deve ter visto na web a notícia sobre um menino, de 16 anos, que foi encontrado morto na cidade de São Paulo, no sábado (11.01). Kaique dos Santos estava ali na região do Centro, junto com amigos, bebendo e se divertindo. Coisa natural de jovens. Kaique, homossexual e negro, foi vítima de tortura. Tiraram-lhe os dentes, atravessaram uma barra de ferro em sua perna (!). A polícia? Bem…segundo Felipe Souza, da Folha, enquadraram a situação como suicídio.
Caros policiais, sinto informar: pelo menos eu jamais conseguiria, mesmo num momento de fúria e desespero, arrancar todos os meus dentes praticamente e, depois, não satisfeito, enfiar uma barra de ferro em minha perna. Até quando as autoridades irão fechar os olhos para a questão da homofobia? O menino, de apenas 16 anos, foi a primeira – praticamente – vítima que a mídia nos mostra este ano. Fora os muitos “Kaiques” que este Brasil tem e que todos os dias sofrem o cruel preconceito. E Kaique pode ainda ter sofrido duplamente. Afinal, além de gay, era negro. A polícia diz que irá adotar outras linhas de investigação do caso.
Agora, convenhamos: imagina você, mãe ou pai, saber que seu filho foi violentamente assassinado pelo fato de apenas…existir. Kaique era gay. Mas e eu ou você com isso? O fato do rapaz estar na rua com amigos, bebendo, curtindo sua noite e ser homossexual, não muda em nada a sua, a minha, a nossa vida. Até quando as autoridades vão negar que a homofobia deve ser encarada dentro do código penal com penas mais severas?
Está mais do que na hora dos gays se unirem e darem um basta nisso. Corre a boca pequena que hoje (16.01), a partir das 18h30, vai ter um pequeno ato reivindicando justiça no Largo do Arouche, em SP.