Raoni, o cacique que nos anos 80 caiu nas graças de Sting, ressurgiu nesta sexta-feira (25.03) no 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade. Na falta do líder do Police, o amigo-celebridade da vez é James Cameron, que ao lado do kayapó bradou mais uma vez contra a instalação da usina hidrelétrica de Belo Monte na região da Volta Grande do Rio Xingu, no Pará. O cacique foi incisivo e acusou o ex-presidente Lula de traição ao povo indígena. E aos brasileiros.
Uma das estrelas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a usina é alvo da patrulha ferrenha de organizações não-governamentais ligadas à causa verde. Apesar da licença prévia do Ibama, concedida em fevereiro de 2010, a obra ainda corre riscos. Na justiça, há uma série de questionamentos sobre as 40 condicionantes socioeconômicas e ambientais ao projeto. “(Lula e Dilma) Não respeitam o sofrimento que eles sabem que vão causar”, afirmou o líder indígena no hotel Tropical, em Manaus. Raoni alegou que não haverá mais terra para as plantações (para subsistência e para o comércio) e que os rios vão perder seus peixes com a mudança do curso e do volume de água dos afluentes do Xingu.
O circo está novamente armado, mas o que fica é a impressão de que, amanhã, a notícia vai enrolar peixe. E nem a star quality de um James Cameron poderá obstruir o plano desenvolvimentista traçado pelos anos Lula. Se Belo Monte for realmente inevitável – quando é que vamos investir em energia eólica e solar? -, que seja sob bases realmente sustentáveis.