O livro mais incendiario deste Natal promete ser a autobiografia de Vera Fischer, que sera lancada na proxima segunda-feira (12.12), na Livraria da Travessa de Ipanema, Rio. A loura conta, sem cerimonia, passagens de sua infancia e de sua adolescencia, flertando com o que todo mundo quer saber: sua metamorfose na Deusa. Ja descolei alguns trechos:
DESEJO DE MATAR O PAI
Um dia – eu ja era adolescente –, cursando o classico a noite, matei aula com um namoradinho. O pai do namoradinho tinha uma Kombi, de modo que nos passeavamos de Kombi. Quando cheguei em casa, meu pai me esperava na porta da loja, com as pernas abertas e maos na cintura. Saltei da Kombi ja sabendo que o fim do mundo estava proximo. Ele me deu um soco na cara que fez a minha peruca voar longe. Eram os anos 1960 e as perucas estavam na moda. Naquele dia, eu estava com uma peruca Caetano Veloso, ou seja, black power, so que loura. A peruca foi parar no esgoto. Eu subi para o quarto e escrevi no meu diario: “vou matar meu pai”. Nao precisei faze-lo. A vida se encarregou disso. Ele morreu de cancer.
NUA EM PARIS
Um quadro surrealista de Maty Vitart enfeita a parede. Comprei-o na Franca, em 1976. Isto me remete a epoca em que fui a Paris fazer as ultimas fotos para a Playboy. Eu estava com 49 anos, as imagens eram ousadas. Considerei o ensaio um ato de coragem. Lembro de um dia em que fomos fotografar num hotelzinho antigo, no centro de Paris. Estavamos em novembro, quase dezembro, e o frio era insuportavel, pois a locacao consistia em uma sacada no quarto andar. Um lindo casaco de peles cobria meu corpo. E mais nada. La embaixo, carros, transeuntes, bicicletas, onibus. Todos iam e vinham. Eu so de olho. Na hora em que eu arrancasse o agasalho seria um Deus nos acuda. Nao deu outra. O fotografo se posicionou, tirei o casaco charmosamente e fiquei nua em pelo. No inicio nada aconteceu. De repente, um tumulto. Carros freavam, buzinavam, as pessoas todas em pe olhando para cima, para a sacada onde eu estava majestosamente nua.
PAGE SEX
Ninguem me viu chegando com os pacotes – ou se viu, nao se importou. Tranquei a porta do quarto, vesti um pijama, deitei na cama e comecei a manusear os livros, um por um. Primeiro as capas (adoro capa de livro interessante), depois como se chamavam. Os titulos das publicacoes me levam a pensar em mil coisas. Muitas vezes, por causa deles, escolho o que vou ler primeiro. Sua alteza real, de Thomas Mann; O lobo da estepe, de Hermann Hesse; Os 120 dias de Sodoma, do Marques de Sade, entre outros. Comecei logo com Sade. Coloquei os pacotinhos de chocolate de um lado e os amendoins do outro. Ia lendo e comendo, uma verdadeira luxuria. O livro do Marques excitou todos os meus sentidos, experimentei uma forte vontade sexual e toda a minha libido veio a tona. Henry Miller provocou o mesmo efeito. Com esses livros, percebi que o sexo para mim estava aliado as maldades, as perversoes, as maldicoes.
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