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Coluna Ricky Hiraoka: Esse cara sabe onde você ainda vai curtir uma festa

Por Ricky Hiraoka*, colunista de RG

Em 2014, São Paulo “descobriu” uma antiga fábrica desativada na região do Brás que serviu como sede para uma das festas mais legais daquele ano: a Pandora. Em 2015, o BTNK, um vagão de trem transformado em bar, virou febre entre os moderninhos. A partir 22 de outubro, será a vez dos notívagos conhecerem a Industria Minetti Gamba, uma fábrica de 6 mil metros quadrados, na Mooca, que abrigará a Motriz, novo projeto de Ian Haudenschild – produtor de cinema e TV e uma das mentes por trás da Pandora e do BTNK.

“A Motriz surgiu da vontade de fazer uma festa para um público mais bacana, que não se importa de pagar por um conforto”, explica. “Todas as Motriz terá o mundo industrial como pano de fundo. Na estreia, por exemplo, o DJ vai tocar amparado por duas empilhadeiras”. Ian deu mais detalhes na entrevista abaixo.

RG – Por que quis buscar novas locações como a Fabriketa e o BTNK?
Ian Haudenschild – Acho um saco fazer as coisas iguais. Na indústria criativa de que vim, o audiovisual, fazer igual é cair no esquecimento. Estamos na 3º maior cidade do mundo, com milhões de pessoas de países e cidades diferentes, criando uma cultura única, heterogênea e foda demais. Fazer em lugar batidos, para mim e meus sócios, não era uma opção. Isso seria um desserviço. Coisa de preguiçoso. Sem falar que além do audiovisual, trabalhamos com conteúdo. Então, não fazia sentido criar um projeto em que o público sairia sem levar um pedaço daquilo. Ele tem que crescer, aprender, conviver, interagir, refletir sobre a própria realidade, se questionar sobre o espaço, sobre a cidade, ver sobre um novo ângulo.

RG – Qual será seu próximo “lançamento”?
IH – Nosso novo projeto, o Motriz, vai rolar na Indústria Minetti Gamba, uma fábrica de 6000 metros quadrados, que fica na Mooca. É um prédio tombado pelo patrimônio histórico, de 1908 que deixou de ser indústria tem menos de 6 meses. Chegamos e o chão ainda tinha óleo das máquinas. Queríamos espaços que tivessem todas as garantias de ordem prática e legais, de que em qualquer caso de emergência (incêndio, brigas, etc) ninguém correria risco e que não incomodaríamos os vizinhos e o comércio. A Indústria Minetti Gamba tem características únicas tanto logísticas quanto estéticas, como estacionamento próprio dentro do mesmo complexo de galpões para mais de 100 carros, exaustores industriais, enormes ventiladores e teto na diagonal para dissipar o calor e aqueles janelões e portas em arcos, que são raros de se ver.

RG – Ah! A Pandora vai voltar a acontecer na Indústria Minetti Gamba. Você se inspira em alguma noite do mundo para criar suas festas?
IH – Minha família é suíça e alemã. Temos casa em Berlim e lá é uma referência forte por causa das várias férias que passei lá. Tenho minhas andanças por Praga também, que é outra doideira. A cena é completamente diferente de Berlim e vale conferir a Retro, que fica em Praha 2. Em 2015, tivemos uma temporada em Nova York, de onde voltamos com o BTNK na cabeça, depois de um jantar no Brooklyn. A cena da noite de lá é vibrante e sempre tem alguém tentando inovar mais.


Que Halloween vale a pena ir?
Nesse fim de semana rolam duas festas de Halloween em São Paulo. Hoje é dia da Auslander Halloween Party, organizada pela Fun2U. Sábado é a vez do Halloween da Gala, da We Clap. A gente sabe que a grana está curta, que produzir fantasia é perrengue e que o fígado está velho. Então, a gente facilita sua vida e elenca os pontos altos de cada festa: Se a intenção é beber, cair e levantar, a escolha perfeita é o Halloween de Gala que será open bar de uísque, vodca, cerveja, água e suco. Após cinco anos na Casa Fasano, a festa acontecerá em outro espaço: o Paço das Artes, no Centro.

Se você quer caprichar na fantasia, o ideal é a Auslander, que reúne um time que se dedica na escolha do figurino. Auslander não é para amadores. A cada ano, as fantasias ficam mais elaboradas e quem for escolhido como o dono da melhor fantasia ganha uma viagem para Nova York. Nada mal, hein? Se o objetivo é jogar água no chão para poder passar o rodo e beijar muito, talvez, o Halloween de Gala seja a melhor opção, já que fantasia não é obrigatória, o que permite que a gente analise melhor os alvos da paquera.


Da balada para o escurinho do cinema
Sócio das casas noturnas Yatch e da PanAm, Bob Yang está dando os primeiros passos em outra carreira: a de cineasta. “A gente tem que estar sempre se reinventando né? Adoro fazer festa, mas eu estava sentindo necessidade de novos desafios, de estudar”, conta. O primeiro trabalho de Bob atrás das câmeras, o curta O Chá do General, foi premiado como melhor curta LGBT no Festival de Curtas de São Paulo e acaba de ser selecionado para o Festival Mix Brasil e para o Festival Internacional de Curtas do Rio.

“Estou feliz demais, pois O Chá do General foi meu projeto de TCC, e de cara foi selecionado/premiado nesses festivais tão bacanas daqui”. Bob já prepara um novo trabalho: Peixe Vivo, que também terá temática LGBT e será escrito em parceria com Frederico Evaristo, namorado de Bob que também colaborou no roteiro de O Chá do General.


*Ricky Hiraoka foi titular do Terraço Paulistano, coluna social de VEJA SP, por três anos. Hoje, trabalha como roteirista e escreveu programas para E! Entertainment, Multishow e SBT. Quando não está escrevendo, está na noite de SP caçando histórias curiosas e gente interessante.

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