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Coluna Ricky Hiraoka: 10 coisas que você precisa saber sobre ser VIP

Por Ricky Hiraoka, colunista de RG

Eu descobri o que era ser VIP quando tomei um tabefe na cara no meio da inauguração de uma loja nos Jardins. Afinal, não qualquer um que é agraciado por uma bolacha daquelas de novelas dada pela mão bem tratada de uma senhora muito distinta, um ícone da moda, que não ficou muito feliz com uma nota que tinha publicado na coluna social que assinava na época.

“Filho da puta!”, me disse entre os dentes enquanto segurava o meu rosto. “Eu sabia que você ia usar minhas frases mais polêmicas!” Em minha defesa, devo dizer fui fiel às palavras dela. Tinha tudo gravado. Até a assessora havia me mandado um SMS agradecendo a honestidade com que transcrevi as aspas.

O fato é que nesse mundo de flashes, bebidas à vontade, risadas, gente bonita por todo lado, listas que dão acesso a lugares e eventos exclusivos, não importa de quem você gosta ou não. O que vale é sorrir sempre, estar com o cabelo preparado para uma foto e com uma taça abastecida.

Há quase dois anos longe de tudo isso, trabalhando como roteirista de programas de TV, graças a um convite da RG, eu me vejo novamente as voltas com esse mundo envolvente, sedutor, glamoroso e viciante: o mundo dos colunáveis, gente que é convidada para festa badaladas, que está sempre com a #vidasocialbombando, que recebe mimos, que é considerada digital influencer (seja lá o que isso signifique), os chamados VIPs.

Para entender quem são essas pessoas, como elas vivem, como se reproduzem (se é que se reproduzem) e como entrar para essa seleta seleção, conversei com alguns dos principais relações-públicas de São Paulo e fiz um tutorial básico para esclarecer os mistérios que envolvem esse universo.


Afinal, o que é ser VIP?
A definição do que é ser VIP não é muito exata, já que varia de acordo com o evento e de quem o promove. “O VIP é toda pessoa que tem sinergia e interesse por aquele tema e, portanto, merece um tratamento que mostre o reconhecimento de um setor ou de uma marca”, explica Kelly Lobos, responsável pelos eventos gastronômicos mais badalados da cidade. Caio Carvalho, dono de um dos mailings mais variados da cidade, completa. “Ser VIP é fazer a diferença numa festa. Pode ser pelo poder de influenciar os outros a quererem ir também, por sair bem na foto ou por ser aquela pessoa divertida que arrasa em qualquer lugar.”

O que os VIPs têm que eu não tenho?
Para você que se pergunta por que fulano é convidado para tudo e você para nada, Dori Neto, que seleciona como ninguém gente interessante para um evento, dá uma dica: “Para ser VIP é preciso ser referência dentro de um segmento. O VIP se destaca no que faz.” Fellipe Trindade, um dos nomes da nova geração de RPs, comenta: “VIPs são pessoas bem relacionadas, queridas por todos e adoradas pelas colunas sociais, além de serem pessoas pontuais, elegantes e cordiais.”

Como entro num mailing? Me ajuda, Ricky!
Aqui não tem muito segredo. Em geral, é preciso conhecer o relações-públicas ou ser alguém que a marca deseja que esteja presente prestigiando o evento que ela realiza. “Eu conheço todas as pessoas do meu mailing. É a única forma de receber os convites”, afirma Priscila Borgonovi, responsável pelas listas de eventos disputadíssimos.
Se você não conhece ninguém, não fique triste. Pode ser que você trombe com um deles por aí e as portas do mailing se abram para você. “Geralmente convido pra fazer parte do meu mailing pessoas que me chamam atenção nas festas e outros locais que frequento”, conta Dori. “Sempre estou acrescentando novos nomes,pois o mailing precisa ser reciclado…” Helinho Calfat, outro RP bombado de São Paulo, faz coro ao discurso de Dori. “Sempre incluo gente nova no meu mailing. Adoro lançar novos rostos nos eventos que depois vão parar no mailing dos meus amigos!”

Não fui convidado para ir a uma festa, mas quero um convite. Como proceder?
Gente, está liberado pedir convite, mas cuidado para ser não inconveniente. “A dica é falar só uma vez. Prestamos atenção. Se precisar pedir pela segunda vez já é meio estranho”, explica Kelly Lobos. A dupla Fabio Queiroz e Helo Ricci, acostumada a convidar para eventos culturais disputados, faz um alerta: “Se quer ser lembrado para as festas mais bafos, prestigie os RPs nos eventos menos requisitados. ”

Tenho milhões de seguidores nas redes sociais. Isso me faz VIP?
Não necessariamente como explica Caio Fischer, que de tanto lidar com celebridades acabou virando uma delas. “Com certeza, qualidade dos seguidores é melhor que quantidade. Quem é seguido pelas pessoas certas sempre será mais VIP nos meus eventos.” Caio Carvalho complementa: “Tem gente com muitos seguidores que não quero ver nem na rua do evento e gente que nem tem instagram que é a alegria da festa.” Portanto, quantos seguidores você tem não influenciará na hora de decidirem convidar você para um evento,

O que é fatal para a reputação de qualquer pessoa e faz ela ser persona non grata em eventos?
Não é por ser considerado VIP que você pode fazer tudo. Dependendo do deslize e da gafe, a pessoa recebe cartão vermelho. Dori elenca os motivos que o faz excluir alguém de seu mailing: causar confusão na porta ou dentro do evento, destratar as pessoas que estão trabalhando e vender ou repassar convites que ela recebeu. “Beber demais e ser inconveniente é ruim para reputação”, aponta Caio Fischer. Priscila Borgonovi resume: “Educação é fundamental!”

Como é a lista perfeita de um evento ou festa?
Fabio Queiroz e Helo Ricci resumem: “A boa mistura sempre é bem-vinda, Pensamos num mix de personalidades, gente divertida, animada, interessante, gente que circula e claro, que seja simpática.”

O que é uma saia justa num evento?
Todo evento tem saia justa para quem organiza e saia justa quem frequenta. Fernanda Perlaky, que faz eventos para várias marcas, dá um conselho para o convidado não causar climão: “Não chegue pedindo brindes. Tem que tomar cuidado com isso!” Para os RPs, o maior pesadelo é que o convidado não consiga entrar no evento. Helo Ricci “É sempre chato quando um convidado não consegue entrar num evento por causa da lotação. Infelizmente, acontece!”

Confirmei que ia ao evento, mas não poderei ir. Aviso que não vou mais?
Priscila Borgonovi avisa: “Se for algo muito pequeno ou com pouquíssimos convites, você precisa avisar que não vai mais!” Fellipe Trindade complementa: “As pessoas não entendem muito bem o significado de RSVP, mas se eu te convidei, eu espero uma resposta. É como se uma amiga chamasse você para jantar e você ignorasse!”.

Que recadinho ou indireta do bem você mandaria para as pessoas do seu mailing?

  • Kelly Lobos: “Amo minha turma! Sou coruja! Meu mailing é comilão, divertido e interessado. Sorte a minha!”
  • Caio Carvalho: “Vem gente! É open bar!”
  • Helo Ricci: “Convidado sempre tem razão e eu adoro nosso mailing!”
  • Fabio Queiroz : “Responder aos convites confirmando ou declinando sempre será meu recado direto mesmo. Quando você foi convidado, escolhemos seu nome no meio de tantos outros. Então, responda sim ou não! Obrigado!”
  • Fernanda Perlaky: “Obrigada por tudo, queridos! Sem vocês o meu evento não aconteceria!”
  • Dori Neto: “Galerinha, RSVP sempre! Sobre pulseiras VIPs dentro das festas, sempre que possível, terei o maior prazer em atender os pedidos, mas se não der, não fique chateado comigo!”
  • Helinho Calfat: “Façam RSVP e não tenha vergonha de dizer que não poderá ir. Isso só facilita nosso trabalho!”
  • Priscila Borgonovi: “Amo todos vocês!”
  • Caio Fischer: “Seja elegante!”
  • Fellipe Trindade: “Façam RSVP, não falem em meu nome e não levem acompanhantes sem avisar!”

*Ricky Hiraoka foi titular do Terraço Paulistano, coluna social de VEJA SP, por três anos. Hoje, trabalha como roteirista e escreveu programas para E! Entertainment, Multishow e SBT. Quando não está escrevendo, está na noite de SP caçando histórias curiosas e gente interessante.

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