por Eduardo do Valle
“Boa música não tem data de validade”. A declaração é do ex-baixista do New Order e do Joy Division, Peter Hook, que passou por São Paulo em uma apresentação única no Cine Joia na noite dessa sexta-feira (04.10), à frente de seu novo grupo, Peter Hook and The Light. Encontramos o cantor para uma entrevista exclusiva, onde o músico falou sobre a evolução de sua música desde sua participação nos dois grupos lendários e sobre a relação do jovem com a música. De quebra, ainda abusamos da boa vontade do músico e pedimos para olhar o que ele tem ouvido em seu iPod, o que acabou nos surpreendendo com o que encontramos.
De fala clara e direta, Hook é daqueles que olha nos olhos enquanto fala, um tipo raro hoje em dia. Do alto de seus 57 anos, viu gerações de jovens dançarem sucessos como “Love Will Tear Us Apart”, “Bizarre Love Triangle” e “Blue Monday”. Protagonista de um dos divórcios mais dramáticos do mundo da música, com sua saído do New Order, em 2006, diz que tem, com ele, a segurança de que sua obra ainda é muito ouvida por jovens audiências. “Quando olho para a pista, o que mais vejo são jovens, o que é surpreendente, se pensar que nosso som tem mais de 30 anos”, afirma.
Nosso momento com o músico aconteceu antes de um DJ set na flagship da Chilli Beans, nos Jardins. De lá, ele seguiria para o show, onde interpretou sucessos dos dois primeiros álbuns do New Order, Movement e Power, Corruption & Lies. Apesar disso, no entanto, a relação de Peter com os outros membros fundadores da banda ainda é complicada: “Nos falamos apenas por advogados, o que é muito triste, na verdade”, contou Peter. Concordamos nisso.
Apesar dos entraves, no entanto, Peter é um otimista e aponta que a música de hoje conta com bons artistas. De seu gênero favorito, o dance, destaca nomes como Skrillex e Disclosure. No entanto, ele fala que acompanha artistas que lançam grandes hits, como o Black Eyed Peas, por exemplo. E então queremos saber: o que Peter Hook ouviria em seu iPod, afinal? Ele tira o iPhone que estava em seu lado e nos explica que, na verdade, aquele era o telefone da esposa dele, e que o dele, com mais de três mil músicas, tinha quebrado. Poderíamos parar por aí, mas, abusados, pedimos para ver, mesmo assim, a playlist do aparelho. As oito músicas, de artistas como Jay Z e Katy Perry, fazem Pete explodir em risos e se explicar “É de minha esposa! É de minha esposa!”.
Nos despedimos dele para que ele possa assumir a cabine do DJ. De lá, viramos público na pistinha. Em nossa volta, uma audiência jovem vibra e fotografa o artista com seus celulares. Peter ri e coloca uma versão mixada de “Love Will Tear Us Apart”, do Joy Division, e bota todos pra dançar, como no começo de sua carreira, como se o tempo não tivesse passado, como se fosse, ele mesmo, atemporal.
Em nossa galeria você confere a turma boa que passou pelo show do cantor no Cine Joia.