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Augusta ComVida @Rua Augusta

Iniciativa do Instituto Escola São Paulo busca a ressignificação do espaço urbano por meio de ações colaborativas

Por Eduardo do Valle

A rua Augusta é um espaço de muitos passos. Tão extensa quanto estreita, já foi sinônimo de marginalização, mas hoje funciona como uma espécie de catalisadora cultural, unindo as mais distintas personalidades sob uma efígie despretensiosa e cool – um patrimônio paulistano legítimo. “No other place captures São Paulo now quite like Rua Augusta”, bradou artigo da T Magazine, do New York Times, em março deste ano. Nós concordamos.

Acontece que a Augusta passa hoje por uma releitura que coloca sua tendência underground e o mercado imobiliário em campos opostos. Espaços como o Bar do Netão e o Studio SP, por exemplo, já encerraram suas atividades para dar espaço a empreendimentos familiares. Entre protestos que fazem coro na internet e o barulho de britadeiras, há quem proponha uma nova forma de ver a Augusta – uma forma convidativa, digamos.

Augusta ComVida

Aos 24 anos, Luiza Arcuschin tem um instituto sob sua presidência e uma boa ideia. À frente do Instituto Escola São Paulo, ela é uma das representantes do movimento LAB SP, iniciativa apadrinhada por Marcelo Yuka que busca repensar os espaços da cidade por meio de intervenções urbanas. E, como intervenção inaugural, foi justamente na Augusta que o grupo mirou, dando vida ao Augusta ComVida.

Multidisciplinar e ousado, o Augusta ComVida mantém uma aura experimental. São diversas intervenções integradas que coexistirão no próximo dia 19 (data alinhada ao calendário da Virada Cultural), ocupando as calçadas da rua Franca à Jaú, em busca da ressignificação de seu espaço. A ideia é inspirada por ações que já ocorreram em São Paulo e em outras cidades, como o Festival Baixo Centro e a ação que transformou a Times Square em um boulevard em Nova York. “Queremos ir além do artístico e propor um benefício prático à cidade”, explicou Luiza.

São ações como a instalação de mobiliário urbano através de caixas de madeira e pallets e a instalação de jardins verticais em fachadas de estabelecimentos, inexistentes no espaço. A audição do pedestre também será despertada através de uma instalação especial realizada pelo músico e compositor Dudu Tsuda, que vai alterar a paisagem sonora da Augusta, convidando o espectador a explorar sua extensão.

Novo olhar

“A Augusta e suas diferenças funcionam como um ‘microcosmo brasileiro’, que é o que buscávamos para essa ação”, explica Luiza. Para ela, o olhar para a cidade está melhorando “mas as pessoas ainda precisam aprender a entender a cidade, a torná-la menos hostil”, defende. Sobre o que esperar como resultado da ação, Luiza ainda não pode prever: “Nesse momento não estamos buscando uma resposta, mas um despertar que conduza à reflexão”. Um passo inicial para a rua de tantos outros passos.

Quem se interessar pelo movimento pode saber mais – e colaborar! – no site Catarse, de captação de recursos para o projeto. Confira!

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