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Vegas: até logo

Clube paulistano que revitalizou o Baixo Augusta fecha as portas

por Jeff Ares

Eu fui no Vegas, muito. Me diverti ali, subi e desci aquela escada, batia a cabeça no ar ouvindo música eletrônica de excelente nível, na escura pistinha de baixo. Me atraquei naquelas paredes. Fumei uns bons cigarros lá fora. Papeei com as hostess lá na frente. Fiz amigos, gente da noite que ainda vale um bom sorriso. Saí dali e fui beber a última cerveja nos puteiros da rua. O hot dog eu nunca comi.

Nesta segunda-feira (16.04), veio a notícia de que o clubinho que decretou a revitalização do que atende por “Baixo Augusta”, o lado Centro da Rua Augusta, fechou as portas. Para sempre, oficialmente. Mas os para sempre, na noite, são sempre discutíveis – neste sábado eu dancei na pista gótica do outrora extinto Madame Satã, reinaugurado há pouco. Fica então a vontade de que, daqui uns anos, uns jovenzinhos filhos da mãe, muito mais dispostos e sem pigarro, divirtam-se na festa de reabertura do Vegas, 15 anos depois. Espero ir. Mas não vou descer pra pistinha não, que eu tenho noção do ridículo.

Por ora, ficamos com o comunicado do criador do clube, seo Facundo Guerra:

“Carta aberta sobre o encerramento do Vegas
É com pesar que anunciamos o fechamento do Vegas a partir desta semana do dia 16/04/2012.

O Vegas teve um ciclo de sete anos, e ao longo destes anos todos a noite de São Paulo e especialmente a rua Augusta mudou para melhor. É possível contar a história da noite recente de nossa cidade através de um antes e um depois do Vegas: coincidência, timming, chame como quiser, mas a noite de São Paulo floresceu desde a abertura do projeto. A rua Augusta, antes desolada, hoje representa a cara de nossa cidade. E ironicamente foi o sucesso do clube e, por consequência, da rua Augusta, que acabou por vitimar o Vegas: o galpão onde o mesmo se encontra recebeu uma proposta de compra milionária para ali ser montado um empreendimento imobiliário. Como inquilinos nunca poderíamos cobrir a oferta que o imóvel recebeu e batalhamos até o último segundo, mas nesta segunda-feira resolvemos jogar a toalha. O Vegas tombou não por conta da falência do projeto, mas em virtude do preço do metro quadrado na região, hoje uma das mais valorizadas de São Paulo.

Foram noites memoráveis e do Vegas saíram outros 5 projetos que entregamos para São Paulo, sem contar as dezenas de clubes e bares que povoaram a rua e a transformaram em cartão postal de São Paulo. O ciclo, hoje, se encerra. Ao longo deste sete anos foram incontáveis os amigos, os parceiros, as alegrias que o clube proporcionou. O Vegas foi a porta de entrada para muitos profissionais que atuam com sucesso na noite paulistana hoje, e só por isso ele já cumpriu sua função histórica. Lançou antes de muitos novas estéticas no campo da música e do vídeo, teve em seus palcos os melhores DJs do Brasil e do mundo, foi pauta da imprensa internacional, serviu de referência para clubes Brasil afora e teve seu nome e seu projeto clonado pelo menos 4 vezes ao longo dos anos, prova incontestável de seu sucesso. O Vegas nunca mais deixará a memória e os corações de quem ali trabalhou e dos clientes que passaram suas noites ao nosso lado.

Portanto, nada de tristeza aqui. Somos imensamente gratos ao clube que serviu de fundação para a Nova Augusta. Cumprimos com louvor o objetivo do projeto.

O Vegas está morto. Viva o Vegas!

Nós.”

Facundo Guerra.

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