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Joia: o novo palco paulistano

RG foi conhecer as obras do Cine Joia, de Facundo Guerra e Lucio Ribeiro

O grande projeto cultural de São Paulo em 2011 é a inauguração do Cine Joia, casa de shows do tycoon do nightlife Facundo Guerra e do jornalista indie-addicted Lucio Ribeiro. Dois motivos: 1. Um palco novo para a cidade, pensado com devoção, com programação alinhada ao seu (nosso) tempo. 2. O restauro de uma construção histórica, patrimônio art déco, relicário de memórias de imigrantes japoneses que se debulharam com aquele filme do Akira Kurosawa, lá nos idos de 1958 a 1987, quando o cinema em forma de diamante funcionava a plenos projetores.

Entusiasmo no bolso, RG foi conhecer o Cine Joia, antes. Embarcamos num dos tours que o Facundo anda fazendo com os amigos. Passeio com direito a uma refeição num japa tradição e um sorvetinho na volta. A primeira mirada é um choque: a fachada do antigo cinema, uma das perdidas quatro salas de projeção da colônia japonesa por ali, vai se refazendo dos anos de abandono, do gesso da igreja evangélica que ali habitava, para o bem e para o mal. Lá dentro, segue o assombro. Uma nuvem de poeira faz arder o olho, que vai ardendo mais com o palco, o teto, a floreira que vai iluminar, o chão de tacos originais, as viagens de um arquiteto perdido no tempo – um adorável lunático, desde já.

Falando em adoráveis, nosso cicerone é caso à parte. Argentino radicado no coração dos boêmios da paulicéia, Facundo Guerra virou rei ao inventar o clube Vegas, no começo dos anos 2000. Deu ali o real pontapé para a tão propalada revitalização do “Baixo Augusta”, a região quase central da cidade que andava mal das pernas, relegada às casas de saliência e à drogatina trash. O Vegas reverberou e a região, de cult, virou cool. Anos e bares e clubes
– inclua aí o Volt, o Z Carniceria e o Lions – depois, Facundo mira seu farolete noutra região, para sorte da prefeitura (iniciativa privada cumprindo o papel) e do real estate sino-brasileiro. “É o meu maior projeto”, ela decreta, com mais dois no horizonte: o clube Yatch, com Caca Ribeiro e Bob Young, e o Pan Am, clube que deve decolar no Rio.

Facundo vai contando um sem fim de coisas, todas muito reluzentes, muitas “off the record”, porque há muita lauda para preencher até que o Cine Joia abra suas portas no apocalíptico 11.11.11. Surpresas a galope, muitas delas (tem uma que é f***) fadadas à nossa cobertura jornalística, posto que ali deveremos nos entregar à Baco, aos pulos, às peripécias vocais mais recônditas. A gente se vê no lado esquerdo da pista.

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