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The Town: reunimos os pontos positivos e negativos do festival

Dave Grohl promoveu um congestionamento na cidade do rock| Foto: Reprodução / Instagram @thetownfestival

Dave Grohl promoveu um congestionamento na cidade do rock| Foto: Reprodução / Instagram @thetownfestival

Chegou ao fim a primeira edição do festival The Town, um dos eventos musicais mais aguardados do ano. Entre os dias 2, 3, 7, 9 e 10 de setembro, o Autódromo de Interlagos recebeu shows de Bruno Mars, Post Malone, Foo Fighters, Maroon 5, H.E.R, Joss Stone, Ne-yo, entre outros. A expectativa era alta desde o anúncio de sua criação por dois principais motivos: os donos são os mesmos do Rock in Rio e prometeram melhorias do espaço acompanhado de uma grande reforma. RG foi na segunda semana do evento e detalha os lados positivos e negativos do The Town, acompanhe:

Atrações

A escolha do lineup foi a mais segura possível. O festival trouxe artistas que vieram recentemente nas últimas edições do Rock In Rio e que consequentemente garantem a venda de ingresso. A maior aposta fora da curva foi o Ne-yo, que não possui um fã clube ativo e grandioso comparado com toda a programação. Mesmo assim, ele surpreendeu com um dos shows mais completos e animados da segunda semana. O artista cantou, dançou e não precisou de grandes figurinos e cenários para encantar o público. Outros cantores como H.E.R., Joss Stone, Foo Fighters sabem para que vieram e garantiram a clássica e certeira apresentação, sem fogos, papel cortado, bolas e outras artimanhas.

Mais abaixo dos headliners, a proposta de exaltar artistas brasileiros foi muito interessante. Vimos shows da Iza, Pabllo Vittar, Jão, Marina Sena, entre outros, estando lotados independente do horário. Diferente de outros festivais, que aquecem mais perto da atração principal do dia.

No entanto, alguns artistas brasileiros acharam que precisavam fazer um show grandioso buscando referências internacionais, quando na verdade isso não era necessário, bastava voz e banda. Pareceu mais uma copia de Beyoncé e Rosalía do que uma inspiração. Fora isso, foi interessante ver a qualidade da música nacional, que brilhou muitos mais do que outros shows internacionais como Kim Petras, Iggy Azalea e Maroon 5.

Espaço

Sinceramente não compreendi o que de benéfico a reforma trouxe para Interlagos. O banheiro? Preferiria que houvesse banheiros químicos e sem filas, e que esse fosse o único “perrengue” do local. Os tradicionais “morrinhos” do Lollapalooza foram apagados e o público foi obrigado a ver o show em linha reta, sem conseguir enxergar o artista. Além disso, o telão pequeno dificultou a visão. Na hora de trocar de palco, não havia escape. Eram milhares de pessoas tentando se mover em um fúnil. No geral, o som estava muito bom. No show do Foo Fighters pareceu que estava baixo, mas o sábado do festival foi tão caótico em relação a mobilidade e quantidade de pessoas que se esse tivesse sido o único problema, poderia ter sido relevado.

Definitivamente, o melhor espaço era do palco de eletrônica em todos os sentidos. New Dance Order foi instalado em um dos “morrinhos do Lolla”, o que fez a circulação do espaço ganhar de todos. Por mais que estivesse vazio, comparado com os outros, cabia muito mais pessoas. Lá deveria ter recebido o palco principal. Além disso, o New Dance foi o palco mais bonito e grandioso do evento, não em questão de tamanho, mas de jogo de luzes e arquitetura. Outro ponto é que o lineup também estava muito interessante. Valeu a caminhada até o local.

Ativações 

Não há como negar que as ativações foram a atração principal do festival. Nada contra elas, mas não compreendo porque estavam no caminho dos palcos e atrapalhando o fluxo do público. Talvez valeria posicionar esses espaços em outros locais. Mais do que isso, não compreendo o que faz uma pessoa ir em um festival de música e passar três horas em uma fila para acumular brindes de plástico e fazer vídeo no TikTok mostrando tudo. No aguardo de uma ativação com spray de protetor solar, Band-Aid e outros itens de sobrevivência para quem encara a maratona de passear de palco em palco a fim de ouvir e explorar coisas novas.

Entre todas as ativações, visitamos duas: a da Heineken, que escolheu o festival para comemorar seus 150 anos, e da Schweppes, que lançou uma nova bebida no evento: a tônica rosé. O espaço da cerveja era um dos mais requisitados, por estar perto do palco principal. Sob o título “Good Times Brouwerij”, o lounge da marca transportou os presentes para a fábrica de Amsterdam. “A música sempre fez parte do nosso DNA. A marca é urbana e celebra as cidades e as culturas. Não tem como pensar nisso sem música. Esses momentos de música podem ser o fio condutor para um futuro melhor, acreditamos nisso”, afirma, Beatrice Jordão, Heineken® Brand Sr. Marketing Manager. Já a Schweppes conseguiu a melhor visão do outro palco, The One. O espaço foi instalado em cima do Coke Studio, ativação da Coca-Cola, outro local disputado. Lá, a marca criou interações com especialistas em mixologia e apresentou a nova Schweppes Tônica Rosé em um cardápio de drinks especiais para os convidados. 

Público

Acredito que tenha sido a experiência mais diferente de todos os festivais em questão. O público parecia desanimado e por mais que os artistas falassem que os brasileiros são os melhores, não pareceu. Pode ter sido a exaustão de desviar das pessoas nas trocas de palco, filas para o banheiro e bar, mas não senti as pessoas no geral cantando, dançando ou pulando. Não houve muito a curiosidade da música. A prova disso era as pessoas sentadas na passagem aguardando o show do seu artista favorito começar, enquanto valeria assistir outros shows. Neste caso, famílias com carrinho de bebê e crianças dormindo no chão foram algumas das cenas.

A impressão que ficou é que o público se contentaria com qualquer coisa que seu artista favorito trouxesse, sem o mínimo de crítica e interesse por outros shows que completaram a programação. Neste sentido, a música realmente ficou em segundo plano. Vimos a presença de diversas influencers que foram trabalhar em Interlagos para fazer publi. Virou um local de fazer negócios e mostrar nas redes que você estava lá. Uma pena.

Futuro

Muito se falou sobre o Lollapalooza durante esses dias, já que o festival é no mesmo local. Vale lembrar que o Lolla em 2024 será comandado pelo dono do Rock In Rio, o mesmo do The Town, que já está confirmado em 2025. Agora, o Rock in Rio ocorrerá entre 13 e 22 de setembro de 2024, no Rio de Janeiro. Já o Primavera Sound, que também será em Interlagos, estará com a T4F, ex-Lolla. Vale a pena ficar de olho nesse troca troca de comandos.

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