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DF: Coletivo Coletores comemora 15 anos com exposição no Museu Nacional da República

Foto: Divulgação

Quem tem direito à cidade? Quais monumentos nos representam ou deveriam nos representar? Quem determina o que será ou não lembrado? Quem tem direito à memória? É de indagações como essas que surge o trabalho do Coletivo Coletores, dupla criada em 2008 na periferia da Zona Leste de São Paulo por Toni Baptiste e Flávio Camargo, artistas multimídias, pesquisadores e professores, e que traz, em sua obra, o rearranjo de signos, ícones e memórias de resistência que compõem tecidos urbanos e sociais.

Marcando seus 15 anos de existência, o Coletivo Coletores ocupa o Museu Nacional da República de Brasília com a primeira exposição de arte digital e multimídia da instituição, com curadoria e expografia assinada por Aline Ambrósio, arquiteta, expógrafa, curadora e produtora cultural mineira e afro-índigena.

A mostra “Signos de Resistência, Bordas da Memória” entra em cartaz a partir de 13 de julho na Galeria Principal do museu, e reúne uma seleção de mais de 250 obras, dentre elas 50 inéditas e trabalhos emblemáticos da trajetória da dupla.

Foto: Divulgação

“O conjunto de obras trará destaque para ícones e territórios do Brasil que foram apagados ou esquecidos, a exemplo da figura de Tebas, primeiro arquiteto negro do país, e ainda a história por trás das Igrejas dos Homens Pretos e de diferentes líderes sociais que foram perseguidos ou assassinados e se tornaram símbolos nacionais e internacionais na luta pela igualdade racial, pelos direitos humanos e pela vida”, explica a curadora.

A exposição lança um olhar à história e às contradições da construção do Brasil, e busca recontar a história do País, a partir de suas memórias apagadas e de suas contradições hegemônicas. A proposta dos artistas é questionar e rememorar os signos que representam historicamente as lutas e resistências não apenas no território brasileiro, mas também em outros espaços de disputa das periferias do sul global, culminando no rompimento de bordas e barreiras visíveis e invisíveis que permeiam a existência desses grupos sociais marginalizados e subjugados.

Para ampliar a circulação dessas histórias e ícones, os Coletores apresentam intervenções urbanas digitais, fotografias, videomappings, animações, pichações e instalações multimídia organizadas em seis núcleos: Ícones da resistência, Bandanas-Bandeiras, Arquitetura: Territórios de Memória, Palavracidade, Costurando Bordas e Percursos Insurgentes.

Foto: Divulgação

Figuras icônicas da resistência brasileira, pessoas negras, originárias e periféricas, são homenageadas nesse núcleo da exposição. São personalidades que se tornaram símbolos nacionais e internacionais na luta pela igualdade racial, pelos direitos humanos e pela vida, como Marielle Franco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Carolina Maria de Jesus, Marighella, Tereza de Benguela, Galdino da etnia Pataxó, Luiz Gama, Tebas, Chico Mendes, Martin Luther King, entre outros.

Entre os trabalhos, está “Tebas Rememórias II” (2020), obra que parte de uma narrativa antirracista e contracolonial que revisita a trajetória de Joaquim Pinto de Oliveira, popularmente conhecido como Tebas, o primeiro arquiteto negro do Brasil.

Museu Nacional da República – Setor Cultural Sul, Lote 2, próximo à Rodovia do Plano Piloto – Brasília/DF

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