Bruna Pinheiro é uma atriz já reconhecida de parte do público. Ela acaba de deixar a série “Reis”, da Record TV, onde viveu a personagem Ayla, uma deficiente visual e mulher forte que imprimiu sua marca na trama. Aos 26 anos, ela busca mais oportunidades, mas não é de ficar parada esperando. Agora que sua personagem morreu na série, ela está escrevendo roteiros com o namorado, o também ator e roteirista Rafael Delgado, projetos que querem levar para o cinema.
Desde cedo, Bruna sempre batalhou pelos seus sonhos, começou no teatro aos sete anos de idade e nunca mais parou. Seu primeiro papel de destaque foi interpretando Branca de Neve, peça que a fez entender que era isso o que queria para a sua vida: a atuação.
Neta da célebre Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema, tem na avó sua grande inspiração. Bruna conta que o grande sonho de Helô era ser atriz, mas que as condições da vida a levaram para outros caminhos. “Eu acho que, na verdade, ela tem toda a influência do mundo.”
Além de neta de Helô, ela ainda é sobrinha da apresentadora Ticiane Pinheiro, com quem cultiva uma amizade profunda e a quem chama de tia-irmã. Como ela conta, é uma família de mulheres fortes e determinadas. “As minhas bisavó e avó, com certeza, que sempre foram muito à frente de seus tempos, nos incentivaram a sermos mulheres independentes, a estudar, trabalhar e nos mostraram a importância de sermos unidas e de nos fortalecermos na nossa relação”, diz.
Leia a seguir papo que RG teve com a atriz.
Como Bruna Pinheiro se torna atriz?
Para ser sincera eu não sei exatamente onde nasceu a atriz Bruna Pinheiro, porque acho que sempre fui uma pessoa muito ligada à arte, desde muito pequena, por influência da minha família também. Eu sempre gostei muito de artes, como artes plásticas, música, atuação, adorava assistir a filmes, ficava me imaginando naquelas personagens. Mas eu comecei a entender que eu queria isso para a minha vida quando comecei a fazer teatro, eu era muito novinha, tinha 14 anos, fiz a Branca de Neve. Me lembro que a mãe de uma amiga minha me disse: “Menina, você nasceu para isso.” Mas eu comecei a fazer teatro na escola, com uns 7 anos. Aí depois eu estudei artes cênicas, fiz faculdade Célia Helena e estou nessa vida de atriz.
Quais trabalhos você destacaria na sua carreira?
Então, eu já fiz muita coisa, no teatro principalmente, fiz muita peça, mas a minha vida no audiovisual começou no ano passado. Eu fiz a minha primeira série para a Record TV, que foi “Todas as Garotas em Mim”, e acabei de fazer a série “Reis”, em que interpretava Ayla. A Série “Reis” foi o trabalho de maior relevância no audiovisual, pois foi uma personagem muito difícil, porque era uma personagem com deficiência visual. Acho que boa parte das atrizes gostariam de interpretá-la, porque ela casa, tem um parto, ela morre em cena… São coisas que eu, Bruna, nunca passei, e tive que me aprofundar muito nos estudos e preparação. Pelo fato de ela ser deficiente visual, tive que fazer preparação tanto na Record TV, como no Instituto Benjamin Constant, onde eu acompanhava as aulas de mobilidade, conversava com os orientadores, via pessoas com deficiência visual convivendo nesse ambiente maluco e caótico que são as ruas do Rio de Janeiro. E naquela época, da série, não havia preparo nem amparo nenhum para pessoas com deficiência.
Quais são os próximos projetos?
É que é assim, a nossa profissão é muito maluca, né? Quando a gente acaba um trabalho, a gente volta à estaca zero. Não estaca zero exatamente, porque a gente sempre aprende um monte de coisas, mas voltamos a fazer testes e tal. Eu digo sempre que a nossa profissão é mais sobre fazer testes que estar em cena o tempo todo. Eu sou uma pessoa que gosta muito de se movimentar, então estou com dois projetos de roteiro, meu namorado é roteirista, além de ator, então estamos com esses dois projetos juntos. Tenho um clipe de uma banda em São Paulo que vou atuar. Também estou escrevendo um projeto para dar visibilidade à causa dos deficientes visuais, conheci uma atriz no Instituto Benjamin Constant e isso me incentivou muito a tocar a ideia.
Então deve vir um trabalho pela frente desses roteiros que você está escrevendo?
Sim, se Deus quiser, é que tem as fases dos editais, tem de inscrever e tal, mas a gente quer até o final deste ano estar gravando o longa-metragem. Ele conta a história de uma viagem de Réveillon que nós fizemos com amigos, e trata mais ou menos sobre a nossa transição da fase pré-adulta para a adulta em si. São todas as loucuras da passagem para os 30 anos.
E streaming, você pensa nisso?
Sem dúvidas, quero muito, acho que o streaming abrange um público que hoje em dia é muito maior que o da TV aberta. Por isso as próprias TVs estão chamando uma galera da internet para atuar nos projetos, criar e executar. Eu sou uma pessoa que consome muito streaming.
Você acha que o streaming abriu portas para profissionais mulheres?
Com certeza. Acho que além do público da TV aberta ser muito nichado também, tem a panelinha, né? Acho que ele é mais fechado para receber pessoas novas. Eu sou nova e demorei muito tempo para conseguir quebrar essa barreira. Acho que agora eu dei uma quebrada, fiz dois trabalhos na TV e agora estou um pouquinho mais dentro, mas é difícil. Querendo ou não, o streaming são várias plataformas que suportam muito mais projetos. Então, sem dúvida, abre portas para muitos tipos de produções. Tipo produção de terror, que no Brasil é muito difícil de a gente ver, até produções infantojuvenis… Eu acho que o streaming comporta tudo.
E quanto à representatividade preta dentro do audiovisual, acha que atualmente é mais presente?
Com certeza. Eu não tenho como falar sobre esse assunto, porque não tenho propriedade sobre o tema, mas tendo amigos e vendo a transformação, até da televisão mesmo, acho superimportante. Acho que nós vivemos eras e eras com os mesmos perfis. E agora tudo está se abrindo, eu acho que é muito importante, para questões LGBTQIAP+, raciais, eu acho que o streaming veio sim abordando várias temáticas que não eram faladas, citadas, e são temáticas inclusivas, que precisam existir. Com certeza é muito importante falar sobre isso, falar sobre tudo. E eu estou muito feliz, de fato, com essa abertura.
Cinema você já fez?
Eu fiz um filme chamado “30 Anos Blues”, que foi premiado no Festival de Gramado, com dois diretores amigos meus de São Paulo, Dida Andrade e Andradina Azevedo, e foi uma experiência muito legal, de guerrilha mesmo, ou seja, todos que estavam ali queriam realmente fazer cinema.
Como você cuida da beleza, tem algum ritual?
Eu bebo muita, mas muita água. Eu moro no Rio de Janeiro, então passar protetor solar é uma regra. Vou à academia todos os dias, estou voltando com um ritmo muito legal. Moro sozinha, então prezo muito pela minha alimentação também, eu aprendi a cozinhar por uma questão “eu preciso aprender a cozinhar”. A minha avó [Helô Pinheiro] é minha maior inspiração de cuidados, então acho que eu tenho um bom parâmetro.
Fale sobre a influência de sua avó na sua carreira.
Eu acho que, na verdade, ela tem toda a influência do mundo. O sonho da minha avó sempre foi ser atriz, sempre, mas ela nunca conseguiu concretizar esse sonho porque quando ela estava entrando nesse mundo da atuação, ela teve o Fefe, que é o filho mais novo dela, e que nasceu com uma deficiência cognitiva, então ela mudou todos os planos da vida dela para cuidar exclusivamente dele, e abandonou esse lado artístico cênico. Acho que o fato de eu ter me tornado atriz também vem muito de realizar o meu sonho e o dela, por tabela. E ela sempre me diz isso, que quando me vê atuando ela está realizando um sonho dela. Minha avó faz tudo por todas as pessoas, ela é muito altruísta, é a pessoa que mais se doa. Sem dúvida, a minha avó é inspiração para tudo na minha vida.
Fale da relação com sua família e do fato de ter uma avó tão famosa?
Somos uma família com muitas mulheres, mulheres unidas e que nunca ficam paradas (risos), desde sempre acompanhei minha avó nos programas de TV, entrevistas, ensaios fotográficos… O fato de tê-la como avó é, sem dúvida, uma grande honra. Sempre a admirei muito. E amo quando as pessoas me falam o quanto a admiram também.
É, naturalmente uma família de mulheres fortes, a que você atribui isso?
As minhas bisavó e avó, com certeza, que sempre foram muito à frente de seus tempos, nos incentivaram a sermos mulheres independentes, a estudar, trabalhar e nos mostraram a importância de sermos unidas e de nos fortalecermos na nossa relação.
Como é sua relação com sua tia Ticiane?
É uma relação maravilhosa, somos muito próximas, ela é uma tia-irmã e todos dizem que somos muito parecidas. Temos muitos gostos em comum e sempre trocamos muitas figurinhas sobre a profissão, moda, e vida no geral.
E com as pequenas?
Elas são minhas irmãs de coração, sou filha única, então minhas primas são minhas irmãs emprestadas (risos). Como a mais velha das quatro, tento sempre enaltecer as qualidades das meninas, dizer o quão lindas e especiais elas são e incentivá-las a serem quem elas quiserem ser. Cada uma está em uma fase diferente da vida, a Lolle tem 19 anos, a Rafinha tem 14, e a Manu, 4. Fico muito feliz em poder ajudá-las e aconselhá-las.
O que você gosta de fazer nas horas vagas?
Eu sou uma pessoa muito diurna. Amo ir à praia com os amigos e namorado ou fazer um passeio na Lagoa com minha cachorrinha, ir ao teatro, ao cinema… E quando consigo, ir a São Paulo passar um tempinho com a família é sempre bom também.
As fotos de Bruna foram feitas no Píer Mauá.
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