Felipe Haiut – Foto: @vidafodona
Se, por um lado, a infância é um período repleto de criatividade, por outro, pode ser marcada por imposições. Para as meninas, fechar a perna ao sentar, por exemplo, é uma instrução recorrente. Para os meninos, a regra é evitar qualquer coisa que seja lida como “de mulher”. Cor-de-rosa, cruzar as pernas, chorar. Como ficam os meninos que, naturalmente, rejeitam essa masculinidade compulsória?
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No espetáculo “Selvagem”, o ator Felipe Haiut faz o exercício difícil e necessário de abraçar sua criança interior – uma “criança viada”, como ele diz – e se libertar das repressões que sofreu na infância. Ao fazer isso no palco, ele dá permissão para que cada um da plateia também se livre das amarras que recebeu.
“Por mais que tenha algo de muito pessoal, os temas que a peça aborda se conectam com muita gente, trazendo uma dimensão de comunidade. É uma forma de reconhecer que eu nunca estive só, havia várias crianças selvagens compartilhando as mesmas experiências”, conta em entrevista ao RG.
Ator e autor Felipe Haiut com a diretora Débora Lamm – Foto: Nova Comunicação
Depois de uma primeira temporada com datas esgotadas em maio, ele retoma sua peça autoral nesta quarta-feira (05.07), com datas em todos as quartas-feiras de julho no Teatro Glaucio Gill, no Rio de Janeiro. Com direção de Débora Lamm, a peça é um mergulho nas vivências do artista e no imaginário da indústria cultural da década de 1990, na tentativa de inspirar um futuro mais inclusivo e diverso.
Como Haiut bem lembra, o Brasil registrou uma morte violenta de pessoas LGBTQIAP+ a cada 34 horas em 2022, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia. “As pessoas seguem morrendo por ser quem são, expressar sua identidade. Enquanto houver esse tipo de violência, isso precisa ser falado, e acho que a transformação acontece por meio do amor e da empatia. O teatro faz isso, te coloca no lugar do outro”, diz Haiut.
Seu espetáculo cumpre esse objetivo de maneira leve e divertida, criando um espaço acolhedor de conexão com o público. “Selvagem” também se propõe a ser uma plataforma, que pretende se estender além do espetáculo, para promover o diálogo e dar voz e visibilidade àqueles que são marginalizados ou invisibilizados pela sociedade.
SERVIÇO
Espetáculo “Selvagem”, de Felipe Haiut
Data: 5, 12, 19 e 26 de julho
Local:
Ingressos disponíveis aqui