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Fábio Ventura: “É urgente ver o quanto estamos distantes de um cenário com oportunidades iguais para todos”

Foto: Leandro Lima

O carioca Fábio Ventura está com a agenda cheia de projetos. Além de ser um dos protagonistas da novela infantil “A Infância de Romeu e Julieta”, do SBT – Prime vídeo, ele está em “Rio Connection”, uma parceria Sony – Globoplay, e em “Desejos SA”, do Star+, ambas as séries com previsão de estreia para o segundo semestre deste ano. Apesar de carioca, atualmente ele mora em São Paulo, onde tem tocado seus projetos como ator.

Solteiro, mas “pai” de dois filhotes de quatro patas, ele é incisivo quando o assunto é paternidade. “A paternidade é um sonho que acompanho de olhos abertos, atento para a oportunidade. Acredito que um dia possa acontecer”, diz.

Ventura teve uma infância generosa e tranquila, com arte e cultura fazendo parte desse período. “Pude contar com ótima educação dos meus pais. Meu pai de criação, minhas duas mães, Licia Maria e Cirene, me deram muito amor e abraçaram todos os meus sonhos, com muito respeito. Logo, posso tranquilamente fechar os olhos e ouvir as gargalhadas de uma ‘velha infância’ feliz.”

A carreira artística de Ventura começou aos 14 anos, cantando. Mas, aos 16, teve seu primeiro contato com o teatro, o que despertou nele enorme curiosidade e prazer. “Vivi Jasão em ‘Gota D’Água’, de Chico Buarque e Paulo Pontes.  Era uma montagem do grupo T.A.C.A, onde diversos artistas como Marisa Monte, Drica Moraes e tantos outros tiveram seus primeiros contatos com o teatro. Foi avassalador. Desde 1995 sigo trabalhando”, conta.

Formado em artes cênicas pela Faculdade da Cidade, no Rio de Janeiro, ele também se dedicou ao canto popular e ao idioma inglês, que estudou em Boston e Nova York. Fluente no idioma, já fez trabalhos na língua inglesa e se sente à vontade para tanto.

Sobre a representatividade preta no audiovisual, acha que houve avanços, que vários passos foram dados. “São várias lutas dentro de uma luta. É importante reconhecer novos espaços ocupados, mas é demasiadamente urgente ver o quanto estamos distantes de um cenário com oportunidades iguais para todos. É preciso mais”, avalia.

Leia a seguir o papo que  RG teve com o ator.

Que papéis de sua carreira destacaria?

Certamente o Bernardo Monteiro na novela “A Infância de Romeu e Julieta”. O que me traz muita alegria de poder dar vida a um personagem, que procura trazer harmonia entre duas famílias conflitantes. O Oliver Barrett, que pude viver em “Love Story – O musical”. Dr. S e o Vizinho de “O Brilho Eterno”, montagem recente em São Paulo, e Capitão Ernesto Batesquião de “Se Essa Lua Fosse Minha”.

Foto: Leandro Lima

Conte sobre a série “Rio Connection” e fale sobre seu personagem.

A série se passa no início da década de 1970 quando a heroína chega ao Brasil. Meu personagem, Santos, é um detetive que ajuda a combater o crime, mas se vê no meio de um jogo de intrigas. A série é uma parceria da Globo com a Sony Pictures e traz muito suspense e ação. Foi gravada toda em inglês e já estreou em alguns lugares do mundo como Holanda, Canadá e Alemanha. Tem estreia prevista para este ano no Brasil e Estados Unidos.

Você também está em uma produção da Star+, o que seria? 

Uma participação na série “Desejos SA”, com previsão de estreia para o segundo semestre deste ano.

Conte sobre seu personagem.

É um personagem extremamente bem-humorado, tem bom senso e uma gargalhada farta! Faz parte do núcleo de amigos da personagem central interpretada pela Carol Castro.

Como surgiu o convite para estrear “A Infância de Romeu e Julieta”, produção do SBT e Prime Video? 

Por coincidência do destino, recebi o convite para o teste do personagem momentos antes de apresentar o maior prêmio imobiliário do mercado no País. Meu personagem é arquiteto e está presente em grande parte dos empreendimentos imobiliários da família. Guiado pelo pai, Leandro Monteiro, belamente defendido pelo ótimo Guilherme Sant’Anna. Fiz parte da seleção e a notícia de que havia conseguido o papel veio cerca de um mês depois.

Foto: Leandro Lima

É seu primeiro trabalho infantil?

Na teledramaturgia sim. Mas já havia feito dois musicais infantis. Dentre eles “A Arca de Noé”, de Isabela Secchim e Thereza Falcão, no qual gravamos o álbum do espetáculo. Trabalhar com o público infantil e infantojuvenil é um presente. Um desafio. É um público exigente. Muito sincero e que tem uma energia sensacional.

Tem algum personagem que gostaria de interpretar?

Eu sinceramente acredito que os personagens mais legais de interpretar são aqueles que nos surpreendem. Que tenham bastante personalidade e venham em projetos com uma dose saudável de desafio. Mas aclaro que existem personagens que eu gostaria de dar minha leitura, como Ismael do “ Anjo Negro”, de Nelson Rodrigues, o Othelo, de Shakespeare. Personagens distantes da minha personalidade na teledramaturgia, no streaming e na sétima arte que tenham relevância em representatividade e protagonismo preto são extremamente bem-vindos. São décadas de muita luta, persistência e estudo em busca de personagens com essas características.

Como avalia atualmente a presença preta no audiovisual?

Vejo boas conquistas. Passos importantes. Passos esses dados por diversos artistas de diversas gerações que abriram portas. São várias lutas dentro de uma luta. É importante reconhecer novos espaços ocupados, mas é demasiadamente urgente ver o quanto estamos distantes de um cenário com oportunidades iguais para todos. É preciso mais.

Acha que o streaming abriu portas para atores e diretores, incluindo mulheres?

Certamente. E isso é ótimo. Mas não podemos parar por aí. É preciso que este caminho seja próspero para mais autoras e autores pretos, indígenas. Precisamos ocupar cargos e funções como direção de arte, montagem, técnicos de som, direção, assinar figurinos, caracterização e muita mais.

Como cuida do corpo? Que atividade faz?

Procuro me alimentar bem! Praticar atividade física com frequência, de cinco a seis vezes por semana. Faço musculação, corrida e agora vou retornar a prática do crossfit, para alternar com os treinos. “Que a força esteja comigo” (risos).

Foto: Leandro Lima

Tem algo que não come?

Não como carne vermelha, aves e suínos desde os 16 anos de idade, mas ainda como peixe. Tenho intolerância a ovo.

O que gosta de ouvir?

Fui educado na escola do ecletismo. Lá em casa se ouvia de tudo. Do samba ao rock, da bossa nova ao pop, do jazz aos musicais da Broadway. Mas este sangue vermelho, latino, africano esquenta mais quando ouço nossa música popular brasileira. Estão sempre na playlist: Marisa Monte, Caetano Veloso, Maria Bethânia, John Legend, George Michael, Los Hermanos, Beatles, Lenny Kravitz, Seal, Madonna, The Weekend, Daft Punk,Cold Play, Beyonce, Tribalistas, Péricles,  Seu Jorge e oque fizer o coração bater mais forte.

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