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Natascha Stransky encara a fofoqueira Silvia em “Terra e Paixão”

Foto: Priscila Nicheli / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Yago Maia

“Meu Deus! Essa novela para mim está sendo um recomeço, um recomeço bem bonito, porque eu estava havia um tempo longe da atuação.” A frase é da atriz e produtora Natascha Stransky, que está na trama das 21h da TV Globo, “Terra e Paixão”, como Silvia – uma fofoqueira inveterada que se mete na vida das pessoas.

Natascha recebeu o convite para fazer a novela um mês depois de perder a mãe, de quem cuidou durante toda a pandemia, e estava em um momento complicado de sua vida, o que é compreensível. Mas ela arregaçou as mangas e partiu para o novo projeto com tudo. “E esse momento, sala de ensaio com Tony Ramos, Susana Vieira, Débora Falabella, Glória Pires, sabe?… Às vezes eu olhava, me afastava e pensava: ‘Respira esse momento porque você está onde queria realmente estar’”, comenta.

Animada e cheia de projetos, neste ano ela ainda deve levar aos palcos a peça “O Abuso”, que apresenta cenas de relacionamento tóxico e que foi escrito por ela e pela colega Bela Rodrigues. “Eu passei por um relacionamento abusivo que foi bem complicado, fui entender isso só depois de quatro anos, e aí eu consegui levar para o palco.” Natascha ainda está na websérie “Esconderijo”, que retrata o amor de mulheres por mulheres e desvenda nuances desse relacionamento. “Esses dois projetos para mim como artista significam muito, porque tem esse lugar de levantar uma bandeira que eu acredito. De colocar minha voz como atriz”, enfatiza.

Além de atriz, ela é assistente de produção executiva (“Faroeste Caboclo” e “Eduardo e Mônica”) e atuou na distribuição de filmes nas entressafras dos trabalhos de atuação, e aprendeu muito com isso. Estudou na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), onde entrou com 17 anos, e se formou em artes cênicas. Logo depois assumiu uma personagem em “Duas Caras”, também novela da TV Globo. E não parou mais. Fez inúmeros papeis na TV, em diferentes emissoras.

Leia a seguir papo que RG teve com a atriz.

Foto: Priscila Nicheli / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Yago Maia

Como tudo começa?

Eu comecei a atuar muito nova, sempre quis ser atriz, desde a primeira peça que fui assistir, que era “Dona Baratinha e Seus Dois Maridos”, aí fiz minha mãe me levar a todas as sessões. Com 13 anos comecei a fazer teatro, primeiro no colégio, depois no Laura Alvim. Comecei a fazer peças profissionais com 15 anos, com 17 entrei na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), onde me formei. Logo depois da CAL eu fui chamada para fazer uma personagem em “Duas Caras”, novela da Globo, das 21h. Depois disso, fiz “Mutantes”, “As Canalhas”, “Milagres de Jesus”, fiz uma participação bem legal em “Em Família”, “Copa Hotel”, que foi um trabalho muito legal, também quando fui dirigida por Johnny Araújo e Vicente Amorim. Nas entressafras de atuação eu comecei a trabalhar por trás das câmeras, eu fiz “Faroeste Caboclo”, “Eduardo e Mônica”, como assistente de produção executiva. Também comecei a trabalhar com distribuição de filmes, como no documentário “Gabeira”, “A Última Abolição”. Fiz coisas na internet, uma websérie chamada “Esconderijo”, que foi muito legal mesmo, é um dos trabalhos que eu mais me orgulho de ter feito.

Que trabalhos da sua carreira você destacaria?

Os que mais me marcaram foi a Juliana, de “Copa Hotel”, porque eu sempre fui alucinada pelo Vicente Amorim e pelo Johnny Araújo, e ser dirigida por eles foi uma experiência muito bonita para mim. Teve “Esconderijo”, que me marcou muito porque é uma bandeira que eu levanto. É uma websérie sobre mulheres que amam mulheres, e a bandeira que eu levanto é a do amor, amor é amor sempre. E você poder levantar uma bandeira com o seu trabalho é algo mais bonito e poético que pode acontecer, é unir o útil ao agradável. Então foi muito bacana, além de eu ter feito a minha primeira vilã. Outro trabalho em que eu pude unir o útil ao agradável foi uma peça que a gente estreou na pandemia e agora queremos levar apara o palco, que foi “O Abuso”. É uma peça cuja idealização é minha e da Bela Rodrigues, sobre as nossas vivências. Eu passei por um relacionamento abusivo que foi bem complicado, que fui entender isso só depois de quatro anos, e aí consegui levar isso para o palco. Foi incrível, é uma peça forte. A arte sempre cura. Essa peça foi um lugar muito forte disso, porque ainda me machucava, mas encenando, parece que a situação toda saiu de mim e transmutou.

 E você encenou? Foi suave?

Sim, encenei. Foi forte, bonito. Tive que entender como separar a personagem de mim, teve até alguns momentos em que eu via que não tinha saído tudo de mim ainda, mas quando a gente estreou o que tinha que transmutar já havia transmutado.

Foto: Priscila Nicheli / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Yago Maia

Queria que você falasse sobre a Silvia, sua personagem em “Terra e Paixão”.

A Silvia veio num momento muito bonito para mim. Quando o produtor Fábio Zambroni me ligou, estava fazendo um mês que minha mãe havia falecido, e eu não sabia se eu ia voltar a atuar, não tinha isso muito definido dentro de mim, não sabia que rumo ia tomar, porque passei a pandemia inteira cuidando de minha mãe. Quando ele me ligou… Eu fico até emocionada… Foi uma coisa muito bonita, pela minha mãe, pela espiritualidade, e o convite veio como um presente incrível para mim, porque realmente eu estava afastada. E esse momento, sala de ensaio com Tony Ramos, Susana Vieira, Débora Falabella, Glória Pires, sabe… Às vezes eu olhava, me afastava e pensava: “Respira esse momento porque você está onde queria realmente estar”. E não são todos os momentos da vida que a gente pode falar isso. A Silvia está nascendo aos pouquinhos, está vindo de uma forma bem bonita. O que eu sei da Silvia até agora? Ela é fofoqueira, é enxerida, tem sororidade, e ela tem esse lugar que é muito gostoso, ela caminha entre o pessoal da cooperativa, que é um pessoal mais sério e tal, e o povão, então ela acaba levando as coisas da cooperativa para o salão de beleza, e vai fofocando, ela tem esse lugar na trama.

Ela tem uma pegada de humor um pouco?

Tem, um pouquinho tem.

E como é o humor para você?

Eu adoro humor. Ela ainda não chegou com muito humor, não. Ela tem humor na forma como se coloca, sabe? Mas ainda não tem textos com humor. Eu estou colocando um pouquinho. Acho que nesse começo o autor está entendendo o que nós estamos levando para ele, para depois começarmos a dialogar no texto. É ver que eu estou oferecendo e o que ele está oferecendo para chegarmos ao meio do caminho.

O que representa para você estar em “Terra e Paixão”?

Um sonho, um recomeço. Sabe quando a gente está meio perdido assim na vida, aí uma pecinha se encaixa e você pensa: “Ah, por isso eu passei por todas essas coisas”. É nesse momento que eu estou agora. A minha avó era alucinada pelo Tony Ramos, ela era louca por ele. Aí, uma vez, eu encontrei o Tony Ramos em uma peça, e eu nunca tiro foto com ninguém, que a gente tem de fingir uma normalidade, né (risos)? Só que eu tirei uma foto com ele para a minha avó, que imprimiu a foto e colocou na parede inteira dela. Aí, quando eu estou no camarim ouvindo o Tony contar as histórias dele, eu olho e penso: “Viu, vó?”.

E você já contou isso para ele?

Ainda não, não tive coragem (risos). Mas eu quero contar, porque quero tirar outra foto com ele agora como colegas de profissão. E é muito engraçado. A primeira vez que eu vi o Tony Ramos, sem ser na preparação, eu gaguejei, eu tremi na base, e agora já vai para um lugar natural, sabe? Ela dá a opinião dele e eu dou a minha, e a minha opinião é validada por ele, é muito legal. Acho que ele realmente mostra para todo mundo o que é ser ator. Porque é assim, se o Tony Ramos e a Glória Pires são humildes do jeito que são, o resto tem de estar muito na humildade também. É um espelho, é um lugar que a gente pensa é aí que eu quero chegar.

E quais são os próximos projetos?

Tem muitas coisas que eu quero fazer. Eu quero levar “O Abuso” para o palco, já estava pensando nisso antes da novela, agora vai ter que esperar um pouquinho mais, mas já estou vendo edital, onde a peça se enquadra, onde colocar, que palco funciona melhor porque é uma peça mais intimista. É interessante um lugar menor, tipo o porão do Laura Alvim (RJ). E vem aí a quarta temporada do “Esconderijo”, e tem outras coisas começando a pipocar mas que eu ainda não posso falar ainda. Esses dois projetos para mim como artista significam muito, porque tem esse lugar de levantar uma bandeira que eu acredito. De colocar minha voz como atriz.

Você é ligada em moda?

Pouco, bem pouco, mas eu gosto bastante.

Foto: Priscila Nicheli / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Yago Maia

Você acha que a moda é uma forma de expressão?

Com certeza. Acho que uma das maiores formas de expressão é como a gente se veste e se coloca no mundo. Quando digo que não sou ligada em moda, é porque não sou ligada em tendências. Tipo, tal coisa está em alta agora, eu não me comunico bem com isso. Acho que a roupa diz muito, a gente colocar uma roupa e traduzir o que estamos sentindo naquele momento é muito legal, e é a forma que a gente tem, sem palavras, de se mostrar.

E beleza, você tem algum ritual?

Então, eu tenho meus rituais de beleza, sim. Faço ioga pelo menos quatro vezes na semana, caminho, no momento eu não estou fazendo musculação, mas preciso voltar (risos). Uso protetor solar todos os dias e, à noite, passo demaquilante e lavo o meu rosto.

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