Top

Flay: “Me colocavam numa caixa de ex-BBB”

Munida de seu primeiro álbum de pop e R&B, a ex-BBB Flay volta aos palcos para show em São Paulo no dia 2 de julho, na Audio – Foto: Divulgação

Muito antes de pensar em morar na casa mais vigiada do Brasil, Flay começou a trabalhar com música, aos 13 anos, sob o nome artístico Flaay Pink. Nascida em Nova Floresta, município na Paraíba a aproximadamente 165 km de João Pessoa, ela saiu de casa aos 18 anos para focar na carreira. Depois de alguns anos tocando forró, fez parte de uma dupla sertaneja com Mara Araújo e participou do projeto Rainhas da Balada, um grupo com várias vocalistas. Em 2018, voltou a trabalhar com a antiga dupla, com quem lançou o EP “Trago Verdades” e o disco promocional “Desce Mais Uma”. A essa altura, ela era um nome em ascensão do feminejo, e recebeu o apoio artistas consagrados como Wesley Safadão e Maiara & Maraísa.

SIGA O RG NO INSTAGRAM

Acontece que Flay nunca quis caber em um rótulo. Procurando expandir seu público, entrou para um dos programas mais assistidos do país. Sua edição do Big Brother Brasil, em 2020, acabou se tornando uma das maiores da história, com recorde de votação que entrou para o Guiness Book. Nada melhor para uma artista regional que queria ter sua voz ouvida pelo Brasil inteiro, certo?

Depois do programa, ela chegou a lançar uma faixa com a dupla sertaneja João Bosco & Gabriel e ainda encontrou resistência para ser vista como queria.

“Eu sou cantora, o principal era olharem para meu canto, a mensagem que eu passo com meu canto, e acabavam me ignorando para me colocar numa caixa de é ex-BBB e é isso. Sendo que cantar é o que eu fiz a vida inteira, e acabou ficando um pouco de lado nessa fase mais celebridade, mas tudo foi justamente para expandir meu público, para mostrar minha arte”, afirma em entrevista ao RG.

Foi só em 2023 que ela começou a mostrar sua essência por meio da música. “Imperfeita”, um projeto independente, chegou às plataformas digitais em março, marcando sua transição para o pop e R&B.

O álbum busca passar uma mensagem de força e empoderamento em suas 12 faixas, incluindo canções pessoais como “Eu Era Só uma Menina”, em que fala sobre a violência sexual que sofreu aos 11 anos. No mês seguinte ao lançamento do disco, ela venceu o “The Masked Singer Brasil”, revelando sua identidade por trás da fantasia de DJ Vitória Régia, que emocionou o Brasil com covers de Whitney Houston, Etta James, Céline Dion e outras grandes divas.

Flay saiu em primeiro lugar como DJ Vitória Régia no “The Masked Singer Brasil” – Foto: Divulgação

“É algo que eu sempre estudei, sempre me preparei para ser. Sempre me vi numa cantora como a Beyoncé, a Whitney [Houston]. Mas eu não via na minha região a oportunidade de ganhar dinheiro, viver da arte, cantando isso, então eu acabava cedendo ao mercado regional para conseguir viver da música. Quando a gente rompeu essa fronteira, quando o BBB abriu as portas para mim e expandiu meu público a esse nível, quando eu senti que eu não estava sendo feliz sem cantar minha verdade, essa foi a grande virada de chave”, conta em entrevista ao RG.

“[O “The Masked Singer”] foi quando eu encontrei a oportunidade de cantar músicas desafiadoras, grandiosas, atemporais, clássicos de grandes divas no repertório da DJ Vitória Régia, para que as pessoas realmente entendessem qual o perfil de artista que eu sou. Como teve essa passagem pelo BBB, por eu ser nordestina, fica uma coisa limitada, ‘a Flay só canta isso, só canta sertanejo’. Sou nordestina e minha principal faceta é não me limitar a nada. Valorizo e morro de orgulho das minhas origens, das minhas raízes, mas não quero me limitar a nada. Não quero que nada me prenda a nada como artista.”

O marco desse divisor de águas será materializado com sua volta aos palcos no dia 2 de julho, quando fará um show na Audio, em São Paulo. Em entrevista ao RG, ela reflete sobre seu álbum, a nova fase no pop e R&B e vontade de explorar ritmos latinos como o reggaeton.

RG – É um álbum super pessoal, como você acha que vai ser apresentar nos palcos?

A gente tem acompanhado esse álbum tocando as pessoas, muitas mulheres principalmente, e isso nessa distância, eu acho que pessoalmente vai ser muito mais especial. A troca de energia que só o palco nos dá.

RG – Tem alguma musica que você esta mais animada para performar e alguma que você acha que será mais desafiadora, até emocionalmente?

Provavelmente “Eu Era Só uma Menina” vai ser mais desafiadora para cantar ao vivo, tanto que eu acho que não vai ser uma música que vai estar em todos os shows, vai vir uma vez ou outra como algo especial mesmo, quando for bem de sentimento. Estou animada para cantar “Só o Amor Pode Ferir Assim”. É um blues, uma música muito gostosa, fazer um blues no dia de hoje, nos palcos, boates, clubes do Brasil, vai ser uma coisa muito inédita. Vai me dar essa sensação de retrô, vintage, que tanto amo, e é a estética do álbum.

RG – Vi seus stories falando sobre cantar na esteira. Como tem sido os preparativos ate la?

Por enquanto esse é o único preparo que estou fazendo. O próximo passo vão ser as coreografias, mas é algo que vai levar um tempinho ainda. O show esta sendo preparado mais nessa partel burocrática inicial, muita reuniçao, essa parte mais de executar.

RG – O que te fez querer dar essa virada da sua carreira para o pop?

É algo que eu sempre estudei, sempre me preparei para ser. Sempre me vi numa cantora como a Beyoncé, a Whitney [Houston]. Mas eu não via na minha região a oportunidade de ganhar dinheiro, viver da arte, cantando isso, então eu acabava cedendo ao mercado regional para conseguir viver da música. Quando a gente rompeu essa fronteira, quando o BBB abriu as portas para mim e expandiu meu público a esse nível, quando eu senti que eu não estava sendo feliz sem cantar minha verdade.

Essa foi a grande virada de chave. Esse não é um álbum tão comum, tão de acordo com o que está sendo mais comercializado, mas ele era importante para a minha carreira nesse momento. O R&B é mto forte mundo afora, mas dentro do Brasil ainda não é algo tão forte. Eu decidi trazer isso porque tem muito mais a minha essência, a artista que me preparei uma vida inteira para ser.

Nesse momento, era importante até para conseguir tocar as pessoas que eu fosse muito verdadeira com a música, minha essência artística, e foi isso que aconteceu. Quando a gente virou essa chavinha com esse álbum, eu consegui tocar muito mais as pessoas. Consegui fazer com que a música mexesse de fato com os sentimentos delas, arrepiar, se identificar, se emocionar, chorar. É impossível a música não mexer com quem tá escutando quando ela traz uma verdade.

Foto: Divulgação

RG – Como o “Masked Singer” entrou nesse processo?

Foi extremamente importante, eu já tinha começado a escrever meu álbum quando veio o convite. Foi quando eu encontrei a oportunidade de cantar músicas desafiadoras, grandiosas, atemporais, clássicos de grandes divas no repertório da DJ Vitória Régia, para que as pessoas realmente entendessem qual o perfil de artista que eu sou. Como teve essa passagem pelo BBB, por eu ser nordestina, fica uma coisa limitada, ‘a Flay só canta isso, só canta sertanejo’.

Sou nordestina e minha principal faceta é não me limitar a nada. Valorizo e morro de orgulho das minhas origens, das minhas raízes, mas não quero me limitar a nada. Não quero que nada me prenda a nada como artista. Acho que isso é uma característica muito grande da artista que eu sou. No palco do “The Masked Singer” era o lugar e a hora perfeita para performar musica grandiosas que mostravam meu potencial de voz canto e performance e atingir meu principal objetivo.

RG – Isso acaba acontecendo né? De às vezes colocarem as pessoas em caixinhas.

E ignorando o principal. Eu sou cantora, o principal era olharem para meu canto, a mensagem que eu passo com meu canto, e acabavam me ignorando para me colocar numa caixa de é ex-BBB e é isso. Sendo que cantar é o que eu fiz a vida inteira, e acabou ficando um pouco de lado nessa fase mais celebridade, mas foi justamente para expandir meu público, para mostrar minha arte.

RG – Vi muitas pessoas surpresas com sua performance no “The Masked Singer”, realmente tocou muita gente.

É essa questão de subestimar o BBB, é isso que causa essa surpresa tão grande. Se eu tivesse crescido assim, aparecido para o Brasil através da música, não seria talvez essa surpresa tão grande. Mas por ter surgido como a BBB e no momento que a gente está, que canta músicas extremamente desafiadoras que não são tão comuns no nosso País, as pessoas tem um “Meu Deus, como assim”. Porque me julgam mais pela minha trajetória no programa. É bom surpreender positivamente as pessoas.

RG – Você acha que ainda vai explorar algum outro gênero? Qual?

Não tenho limites, mas eu sou muito apaixonada pela música latina, reggaeton. São coisas que eu escuto, consumo arduamente, então é algo que quero futuramente me explorar, arriscar, me jogar. Não que tenha expectativas de explodir no mundo afora na música latina, mas é algo que se eu realizar já vou estar muito feliz devido à minha paixão pelo idioma e pela música. No álbum, temos um trap pop, uma coisa meio Doja Cat, que é algo que também me identifico bastante. Assim como era um objetivo da Vitória Régia mostrar essa versatilidade é um objetivo meu, e essa questão de que eu não me limito, não canto só pop, forró, sertanejo. Eu canto o que me propor, basta me dar um tempinho, uma semana para eu estudar aquele gênero que vou fazer.

RG – Quais parcerias ainda tem vontade de realizar?

Meu grande sonho é o Camilo, meu cantor favorito latino. A música dele é muito gostosa, tem três anos que é meu artista mais escutado do meu Spotify. Isso é muito louco porque não costumo escutar homens (risos).

RG – Você conseguiu desenvolver alguma estratégia de autocuidado para lidar com a exposição nas redes sociais?

Eu sempre fui muito foda-se. (risos) Eu acho que o foda-se é a melhor saída. Porque se a gente for se apegar e se frustrar com as coisas que a gente lê, a gente pira. Já sabemos que não é algo só comigo, contigo, as redes sociais e as pessoas estão muito maldosas. Existe uma grande massa que vai para a internet apenas para destilar ódio. Tem essas pessoas que não importa o que faça, se for bom ou ruim, vai ter comentário negativo para fazer. A gente inora essa parte, foca nas pessoas que gostam, que dão a oportunidade de escutar, de enxergar. Obviamente a gente desagrada, erra, acerta, isso é ser humano e ser real. Ligar o foda-se sempre foi a minha melhor terapia.

SERVIÇO

Show “Antes de Meia-Noite com Flay”

Local: Audio – Av. Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca – São Paulo

Horário: abertura às 16h

Ingressos a partir de R$ 40, disponíveis aqui

Mais de Cultura