Cultura

Depois de “DOM”, Flávio Tolezani volta ao teatro em junho

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Foto: Vinícius Mochizuki

Ator, diretor, cenógrafo. Flávio Tolezani vai muito além da arte de interpretar. Atualmente em um dos papéis principais de “Dom”, do Prime Video, ele não para e já tem projeto para o teatro. Está montando a peça “Gagarin Way”, de autoria do escocês Gregory Burke, com direção de Marco Antônio Rodrigues. A estreia está prevista para junho deste ano. Eu e mais três grandes companheiros em cena. O texto é muito bom! E volto para o palco, lugar fundamental pra mim.”

Formado como ator pelo Teatro Escola Célia Helena, e em comunicação – rádio e TV pela Fundação Armando Álvares Penteado, Tolezani atuou, dentre outras peças, nas montagens do Folias d’Arte com direção de Marco Antônio Rodrigues: “Otelo”, “El Dia que me Quieras”, “Orestéia, o Canto do Bode” e “Folias Galileu”. Também sob a direção de Rodrigues, atuou em “Ensaio Sobre a Cegueira” e “Casting”.

Esteve na montagem de “A Mandrágora” do grupo Tapa com direção de Eduardo Tolentino. Sob a direção de Gabriel Villela participou de “Hécuba”, “Crônica da Casa Assassinada” e “Vestido de Noiva”.

Ademais, encenou “The Pillowman – O Homem Travesseiro com direção de Bruno Guida e Dagoberto Feliz, “Bull” em codireção com Eduardo Muniz; “Incêndios” com direção de Aderbal Freire-Filho; “Ópera do Malandro, direção de Kleber Montanheiro; “In Extremis”, direção de Bruno Guida; “Fala Comigo Antes da Bomba Cair”, direção de Carla Candiotto; “Roque Santeiro, O Musical” com direção de Débora Dubois; “Carmen”, direção de Nelson Baskerville e “Consentimento”, com direção de Hugo Possolo e Camila Turim.

Dirigiu os espetáculos “Longo Adeus”, de Tennessee Williams, e “Bull”, de Mike Bartlett. Como cenógrafo já foi criador em mais de 20 montagens.  Na TV atuou em produções como “A Favorita”, “Divã”, “As Brasileiras”, “Corações Feridos”, “A Teia”, “Verdades Secretas”, “Êta Mundo Bom”, “O Outro Lado do Paraíso” e “Verão 90”.

No cinema esteve em “Jogo da Memória” com direção de Jimi Figueiredo; “Uma Noite em Sampa” e “Cidade Imaginária”, ambos com direção de Ugo Giorgetti.

Leia papo que RG teve com o artista .

Foto: Vinícius Mochizuki

Como você se descobriu ator?

Acho que não me descobri, foi acontecendo aos poucos e quando vi já não tinha mais volta.  Eu era muito tímido na minha adolescência, não conseguia pensar em subir em um palco.

Quando tinha 17 ou 18 anos resolvi fazer um curso livre de teatro. Coisa curta, uns três meses. Acho que pensava em conhecer mais essa arte, não me tornar ator. Fui fazer faculdade de economia. Isso mesmo! Já no primeiro ano eu comecei a pensar em largar, não era minha praia. Fiz o curso livre uma segunda vez e decidi: tranquei a faculdade no segundo ano e entrei no curso de formação de atores no Célia Helena Centro de Artes e Educação.

Cursei em paralelo a faculdade de comunicação em rádio e TV. Não sabia se estaria nos palcos ou atrás das câmeras. Acabei ficando nos palcos e na frente das câmeras.

Quantos anos de carreira já tem?

Me formei em 2001 e desde então não parei. São 22 anos de carreira. Nos primeiros sete anos me dediquei totalmente ao teatro. 

Por que cenografia? O que te atrai nessa arte?

Uma das opções fortes que tinha para escolher na época do vestibular era arquitetura e design. Sempre gostei dessa arte de criar espaços e objetos. Acabei achando isso dentro do teatro. Comecei ajudando e fazendo assistência para cenógrafos, executando e construindo o desenho deles. Aos poucos comecei a fazer o cenário dos meus espetáculos e logo começaram a me chamar para outras produções. 

Gosto de criar e também de colocar a mão na massa. Gosto de estar na execução e construção. Sou rato de teatro, como dizemos. Me atrai poder dar corpo à concepção geral da encenação, criar essa outra realidade. E sempre como cenógrafo eu penso como ator, como servir da melhor forma ao jogo cênico.

Como começou a dirigir?

Eu já vinha interessado em dirigir teatro há um tempo. Aliás eu sempre caía nessa função na faculdade de rádio e TV. É uma ocupação que me agrada. Em 2012, fui convidado por um coletivo que estava fazendo uma pesquisa dentro do Grupo Tapa para dirigir a montagem. Aceitei na hora. Juntava a minha vontade em dirigir, o prazer e honra em comandar algo que estava dentro do Tapa e continuar essa pesquisa focada na interpretação. Virou um espetáculo lindo e potente nessa experimentação de linguagem. 

O que te encanta mais, atuação, direção ou cenografia, por quê?

Ah, pela minha trajetória não dá para dizer outra coisa. Atuar me encanta mais. 

Foto: Vinícius Mochizuki

Seu papel em “DOM” é forte e denso, como se preparou para o personagem?

Muita coisa foi feita ao longo dessa preparação. Além da parte individual de estudo e pesquisa, tivemos um ótimo período de ensaios. Isso foi fundamental. Durante os ensaios fizemos leituras, improvisações das situações e muita conversa. Essa troca é muito importante para se chegar a um olhar comum sobre a trama, a realidade representada e a linha de interpretação. Encontros com todo o elenco, mesmo quem não contracenava, justamente para estarmos “falando a mesma língua” em cena. Muitos  encontros com Gabriel [Leone] para entendermos essa relação tão conturbada, com Filipe para construirmos a linha de pensamento e o corpo desse Victor,  e uma busca junto com Breno [diretor] para entendermos essas atitudes tão fora da curva desse personagem.

Precisei chegar em lugares muito diferentes dos que já tinha passado antes como ator. Tive também alguns estudos específicos, como aula de mergulho e motociclismo. 

Teve cenas em que foi mais difícil filmar a série?

As cenas mais intensas dramaticamente são sempre as mais delicadas de se fazer. É realmente difícil de filmar uma cena em que algema seu próprio filho, ou seu internamento na Febem.

É um mergulho em sentimentos muito duros que acabam reverberando na gente. É preciso cuidar disso. Precisamos de preparação, de foco, cumplicidade com o companheiro de cena e de respeito geral no set. Tudo isso só foi possível porque a equipe sempre esteve totalmente empenhada e unida para contar essa história. 

Como lida com as redes sociais? É mais de olhar ou de postar?

Uso muito pouco. Olho mais do que posto. Talvez eu resista a entrar com tudo nesse ambiente.

Acha que o streaming abriu portas para atores e diretores, incluindo diretoras mulheres?

Sim. Com o aumento do volume de produções é natural que se tenha mais espaço, sem dúvida. Acho que hoje tem muito mais mulheres em todas as funções dentro do audiovisual. Isso é ótimo, mas ainda estamos longe de equilibrar. O caminho ainda é longo.

Como vê, atualmente, a indústria do audiovisual?

Tivemos um “boom” com a chegada do streaming. A indústria audiovisual vinha num caminho ascendente.  Só que tudo mudou com o início do governo anterior. Tudo que foi feito para desvalorizar a arte e os artistas. Toda a desestruturação dos incentivos públicos fez com que esse setor sofresse, principalmente o cinema e o teatro. Hoje já estamos respirando melhor e o audiovisual está retomando suas condições normais de produção. 

Acha que a representatividade preta cresceu no audiovisual?

Cresceu, mas ainda é pouco. Estamos muito longe de igualar as oportunidades dentro de todos os mercados. 

Quais são os próximos projetos?

Estou começando a ensaiar um novo espetáculo com estreia marcada para 9 de junho aqui em São Paulo. Chama-se “Gagarin Way”, de autoria do escocês Gregory Burke A direção é de Marco Antônio Rodrigues. Eu e mais três grandes companheiros em cena. O texto é muito bom! E volto para o palco, lugar fundamental pra mim.  

Vai estar em alguma novela? E cinema?

FT- Não por enquanto. Nesse momento estou focado no meu espetáculo, mas adoro fazer novela e cinema. 

Foto: Vinícius Mochizuki

Pretende dirigir alguma peça de teatro?

Tenho um texto em mente, uma vontade antiga já. Vai sair um dia, mas demanda uma dedicação que não consigo ter nesse momento. 

Como cuida do corpo? É adepto de alguma atividade?

Para mim é fundamental cuidar do corpo. Sem alguma atividade diária, por menor que seja, meu corpo e mente não funcionam cem por cento. Faço algumas coisas, mas posso listar três delas: natação, bicicleta e ioga. Ciclismo vem desde a infância e sigo praticando. A natação chegou há uns 15 anos e é hoje minha principal atividade, e a ioga é algo bem mais recente, mas fundamental no meu dia a dia. E claro, cuido da alimentação. Nada radical, mas evito algumas coisas. Importante é entender o caminho de cada um para se sentir bem.

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