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Exposição faz retrospectiva de Sérvulo Esmeraldo com 113 obras

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) recebe, de 19 de abril a 26 de junho de 2023, a exposição “Sérvulo Esmeraldo: Linha e Luz”, a primeira grande retrospectiva do artista após sua morte. Referência obrigatória na história da arte brasileira, o artista cearense que morreu em 2017, aos 88 anos, ganha mostra que sintetiza sua extensa produção e apresenta 113 obras de diversas dimensões em variados materiais.

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Trabalhos de potência gráfica, outros de cromatismo intenso, objetos em movimento real ou virtual, obras que definem o talento e a inteligência do artista que deixou grande legado nas diversas linguagens por onde transitou. A exposição traz desde pequenos trabalhos de Sérvulo, de sua história inicial, como gravador, como pesquisador da linha e das texturas, do plano e da bidimensionalidade, até a sua transposição para o espaço tridimensional. Graças ao Instituto Sérvulo Esmeraldo, sediado em Fortaleza, foi possível trazer a público obras que integram um patrimônio artístico de extraordinário valor. A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil e, após o Rio de Janeiro, segue para o CCBB São Paulo, em temporada que vai de 29 de agosto a 20 de novembro de 2023.

Sérvulo Esmeraldo nasceu na cidade do Crato, no Cariri cearense, região carregada de cultura e beleza em pleno Brasil profundo. Como a maioria dos artistas da sua geração, iniciou seus trabalhos a partir da observação da paisagem. De imediato, interessou-se pelo movimento, pela transformação dos fenômenos da natureza, pela dinâmica dos corpos e pela dialética do saber.

“Ainda criança, Sérvulo começou a produzir pequenas engenhocas que se apropriavam da corrente dos riachos abundantes na região. Nessa busca entre os fenômenos naturais e a intervenção humana, o artista aproxima arte e ciência, processo e criação, objetividade e liberdade criativa. A percepção de determinada equação visual descoberta pela observação da paisagem é imediatamente respondida pela ação transformadora do artista”, afirma Marcus de Lontra Costa, que divide a curadoria com Dodora Guimaraes Esmeraldo, viúva do artista e que está a frente do Instituto Sérvulo Esmeraldo.

“Diferentemente da tradição de austeridade do construtivismo modernista, Sérvulo Esmeraldo cria poesias com a sua ação geométrica. As suas esculturas se originam de profunda sensibilidade gráfica.  Por isto elas são sempre desenhos nos espaços.  Elas se articulam,  se movimentam, elas são objetos cinéticos algumas vezes, elas são objetos da transparência, objetos da sedução e do encantamento.  Sérvulo cria uma geometria feliz.  Uma geometria poética e romântica”, diz Marcus  de Lontra Costa.

“Os seus trabalhos gráficos determinam as bases da práxis do artista. Ela garante a Sérvulo a régua e o compasso e, com esses instrumentos, o artista subverte o plano na busca da dinâmica do movimento. Tudo em Sérvulo é fluido, é devenir, é líquido”, complementa Lontra.

A escolha das obras expostas em SÉRVULO ESMERALDO: LINHA E LUZ  levou em conta as etapas e as interligações dos trabalhos do múltiplo artista e evidencia a coerência e a concisão da sua vasta obra.   “Essa evolução tem uma lógica simples e muito clara: a gravura em madeira (1957) é “matriz” para as esculturas em acrílico (anos 1970) e que, por sua vez, geraram as litografias (1976), e assim por diante, como se obedecesse a um projeto de sequências e consequências em um fluir sem hiatos”, declara Dodora Guimarães Esmeraldo.

“A alegria é também um dos elementos constituintes do acervo reunido nesta exposição. Exatamente por ser uma das marcas do Sérvulo Esmeraldo, que colocava o humor sempre à frente de tudo. Um mestre, inclusive, na arte de saber viver”, finaliza Dodora.

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