Top

Fotógrafa Alessandra Rehder estreia mostra sobre comunidade em Moçambique

Artista Alessandra Rehder mora em Moçambique, onde desenvolve um trabalho com a comunidade local –  Foto: Reprodução/Instagram/@lele_rehder

Alessandra Rehder é cidadã do mundo. Aos 17 anos, durante sua primeira viagem à Indonésia, falou que gostaria de morar e trabalhar com fotografia e atuar em comunidades pelo mundo. E o fez. Nos últimos 15 anos, morou em comunidades da Índia, Indonésia e Moçambique, trabalhando com desenvolvimento social e agricultura, além de fotografar.

SIGA O RG NO INSTAGRAM

Hoje, essa jovem artista vive e trabalha em Murrebue, ao norte de Moçambique, onde desenvolve um trabalho com a população local de pescadores, trabalhadores rurais e seus filhos. Essas vivências se refletem nos projetos de arte visual de Rehder, que envolvem fotografia, filme e instalações com caráter político documental.

Um conjunto dessas imagens será exibido na exposição “Todos os olhos do mundo”, em cartaz de 11 de abril a 26 de maio na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, da USP, com curadoria do historiador e crítico de arte Luiz Armando Bagolin.

Foto: Divulgação

Para o curador, o que Alessandra busca é uma forma de aproximação que possa ser mais contributiva para as pessoas com quem se depara do que para ela mesma. “Em primeiro lugar, o que a mobilizou a olhar atentamente para essas culturas e comunidades foi o modo como vivem em harmonia com a natureza ao seu redor, mesmo sendo expostas a toda sorte de exploração brutal do capitalismo que consome o meio ambiente e as múltiplas formas de vida em nosso planeta. Mas, apesar de toda espoliação, da pobreza e da guerra (há ainda um estado de guerra civil no lugar onde ela resolveu viver e trabalhar), apesar de tudo, as pessoas que ela conheceu e com quem convive resistem, e à sua maneira são felizes e gratas pelo lugar onde nasceram, o que não significa estarem resignadas àquela condição de exploração. Por isso, Alessandra tem dirigido o seu trabalho para um caminho que é ao mesmo tempo uma forma de crônica social e estreitamento do entendimento de arte como ação artístico-política ativa no mundo”, reflete Bagolin.

Em diversas obras da exposição, Alessandra Rehder remonta plasticamente o sentimento de pertencimento dos moradores das comunidades em que morou e criou raízes. Conjuga antagonismos, pois ao passo que traz em seus registros uma espécie de estado de pureza e harmonia com a natureza ao redor, traz confrontos entre violência e inocência, destruição e pureza e as inúmeras nuances que surgem a partir destas oposições, nos quais a artista está interessada e encontra o seu caminho. A série que dá título à mostra, Todos os olhos do mundo, originalmente conta com retratos de crianças de diversas partes do planeta, captadas ao longo das inúmeras viagens da artista.

“Alessandra acrescentou-lhes recentemente os retratos das crianças do lugar no qual está vivendo. É um trabalho contínuo, incessante, porque não é ao retrato tal e qual, ou talvez ao retrato como uma forma de captação do exotismo que se dirige a sua intenção”, explica o curador. Ocupando a galeria do subsolo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, Rehder convida o público a conhecer “todos os olhos do mundo” por meio de instalações, fotografias e vídeos.

SERVIÇO

“Todos os olhos do mundo”, individual de Alessandra Rehder

Curadoria: Luiz Armando Bagolin

Local: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Abertura: 11 de abril, das 15h às 20h

Período: 12 de abril a 12 de maio de 2023

Endereço: Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, USP, São Paulo.

Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30

Mais de Cultura