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Novidade na pista! O #estudeofunk – programa de aceleração artística e desenvolvimento de jovens talentos do funk carioca – já tem data marcada para o lançamento de seu álbum de estreia: no primeiro minuto desta sexta-feira (24.03), “#EOFunk Volume 1” chega a todos os aplicativos de música, com 16 faixas produzidas e interpretadas pelos artistas participantes do projeto, que é realizado pela Fundição Progresso.
São músicas que versam sobre as vivências diversas dos músicos, passando por reflexões sociais, relatos sexuais e amorosos e narrativas da cena funkeira carioca.
O disco é uma celebração da diversidade de vozes abraçadas pelo #EOF, oferecendo uma janela para o público conhecer as histórias dessas jovens vozes. É o que explica Taisa Machado, diretora artística do projeto: “O #estudeofunk se alimenta da vontade de impactar e registrar o poder do movimento carioca. A ideia com o álbum é apresentar nosso time de estrelas, mas também reviver uma cultura dos primórdios de funk, relembrando os discos de equipes que construíram a cena funkeira, como o ‘Rap Brasil’, ‘Tornado Muito Nervoso’, da Furacão 2000, ‘New Funk’ e muitos outros”. Ela explica que, com isso, o desejo é de exaltar o poder de criação de tendências que o funk teve e ainda tem na cultura brasileira.
É o caso da reflexiva faixa “Eu Sou Amor”, que narra a caminhada, as ambições e ideais de sua intérprete, Winnie, que é cria do Vidigal. Acompanhada de produção assinada por Lastra, ela canta: “Vivi tantas guerras, mas sou amor”.
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Este clima, de otimismo e resiliência em meio aos desafios, marca presença em mais outras faixas da tracklist. Em “Jacaré no Peito”, com beat de funk rasteiro também assinado por Lastra e vocais por conta de Nego Zu, a mensagem é encorajadora, apesar das dificuldades do cotidiano. Na música seguinte, “Família”, Codazzi destaca a importância da rede de apoio familiar em sua vida, enquanto MC Chachá traz outra perspectiva. “De antemão eu nunca tive família/Eu tô no corre por mim, pela minha filha”, ela versa.
A perspectiva feminina brilha também em “Gotham City”, cantada por Adrielle e produzida por $idean, na qual a cantora elege a figura da Mulher-Gato como referência de força para circular na cidade e no baile, poderosa. Por sua vez, “Trans Brasil” reúne confissões de
força e empoderamento de um corpo transgênero navegando em uma sociedade hostil a corpos dissidentes. “Direção da cena pode ficar à vontade/De antemão vem se problema ela é mulher de verdade”, canta Havanna, na faixa produzida por DJ Funk In Rio e Letícia Salgueiro.
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Amor e sexo
Reflexões sobre relacionamentos amorosos também têm lugar na mistura de narrativas do novo registro. Um exemplo é a faixa de abertura, “Só Sei que Eu Me Apaixonei”, que te produção assinada por Beat do Ávile e Isaque IDD, na qual MC 2R Robin Rude narra uma paixão à primeira vista no baile. A levada é outra em “Vai Me Pagar”, em que Lady Ly convida Preta Queen B’Rull, Adrielle e Taty Aleixo para somarem aos versos de superação pós-término.
Por sua vez, “Thaís” descreve uma figura feminina que domina e para o baile – esta com MC Farrá na voz e DJ João CDD e DJ SEDUTY no beat.
Para além das vivências amorosas, o sexo, que é tema tão recorrente do funk carioca, também é parte importante das mensagens transmitidas pelo novo disco. Parceria de Taty Aleixo com Lastra, “Joga Joga” traz a narrativa da liberdade sexual com protagonismo feminino. Já “A Gente Foge”, colaboração entre Valen e $idean, revela a intimidade de um casal apaixonado. “Todas as noites/A gente foge/Minha válvula de escape é você em mim”, ela canta.
Bastante fiel a seus trabalhos anteriores, Wes também colabora com a tracklist, em um funk proibidão sem vergonha de ser. É “Cospe e Senta”, que conta com produção de DJ Swag do Complexo. Outro exemplo é “Me Bota”, na qual os vocais graves de Nego Zu contrastam com os versos descarados de Lady Ly.
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Mistura de ritmos
Talvez um dos maiores trunfos deste lançamento do #estudeofunk seja a constante mistura de ritmos e referências musicais proposta por seus artistas. São encontros que enriquecem a experiência do ouvinte, evidenciando também o funk carioca como ponto de encontro para muitas outras manifestações artísticas. “A riqueza de diversidade que o #estudeofunk abriga é sem dúvida nosso maior tesouro e ela reflete a ebulição cultural conectada a cena funk que rola no Rio de Janeiro e na região Metropolitana”, comenta Taísa.
Essa abundância cultural fica bastante evidente em faixas como “Ela É Toda Ão”, na qual tecnobrega, eletro e bregafunk são parte da mistura promovida por MC Moz e DJ Seduty, versando sobre a beleza da mulher que foge dos padrões.
Outro exemplo é “Pele Dourada”, que tem ritmo frenético e abraça sons do R&B e da house music na produção, assinada por Lastra e Detonacry. Quem assume os vocais é Lizzie.
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Fechando os trabalhos do novo álbum, a dobradinha “Bota no Beat” (Preta Queen B’Rull e Jujuliete sob produção de Lastra) e “Brinde dos Cria” (Lekin nos vocais, com produção e voz de $idean e colaboração de Lastra no beat) brilham por celebrar a força e a caminhada de seus artistas na cena do funk e na sociedade.
A primeira faz isso incorporando elementos do ballroom – som do movimento político e cultural da cena LGBTQIAP+ negra latina-americana -, com versos ferrenhos sobre autoestima. A última é uma junção do afrobeat com o funk carioca, encerrando o disco em clima de confraternização.