Marco Luque – Foto: Priscila Prade
Que ele é engraçado ninguém duvida, afinal, são mais de dez personagens criados ao longo de sua carreira e que já fazem parte do cotidiano das pessoas, como Mustáfary e Jackson Faive. Sim, estamos aqui falando de Marco Luque, que atualmente está em cartaz em São Paulo, no Tokio Marine Hall, com o espetáculo “Todos por Um”. A direção é dele e de Guilherme Rocha, com produção de sua produtora, a Macatranja.
Na peça, o artista, que também é autor do texto ao lado de Rocha, sobe sozinho ao palco, mas muito bem acompanhado dos personagens que mais marcaram sua carreira nos últimos anos. Com muita criatividade e inovação, Luque ainda leva um cenário tecnológico e mágico ao show.
“Eu acho que a minha arte é mais do que só o humor, eu levo uma mensagem ao meu público, sempre procuro algo do bem e que faça uma reflexão sobre a sociedade”, diz Luque.
Conhecido nacionalmente por seus ilustres papéis que lotam teatros, em “Todos Por Um” o humorista traz as façanhas de Jackson Faive – o motoboy paulistano mais famoso do Brasil –, Silas Simplesmente – um taxista com visual anos 70 que incrementa seu veículo para agradar aos diferentes clientes –, Mustafáry – um vegetariano irônico e controverso, que prega a sustentabilidade do planeta, diz amar a natureza e os animais (especialmente o Serumaninho, cachorro que encontrou na praia) –, Ed Nerd – um nerd que sofreu bullying na escola, deu a volta por cima e quer se vingar de todos os colegas do 3ºB -, e Mary Help – a diarista Maria do Socorro, repaginada e engraçadíssima.
“Construir um personagem me traz sempre um desafio, principalmente quando eles são novos. E nesse momento eu me vejo em uma certa dificuldade, pois é difícil encontrar o que ele irá falar, qual mensagem ele irá passar ao público”, diz.
Leia a seguir o papo que Luque levou com RG.
Quando você começou com os personagens Mustafáry, Jackson Faive e os outros que você apresenta no espetáculo, almejava esse sucesso todo? Como lida com a recepção do público?
Eu sempre gostei muito de me caracterizar em personagens, e acho que isso veio mais forte no “Terça Insana”, ali a Grace Gianoukas sempre pedia para criarmos novos personagens e isso fez com que eu chegasse hoje com mais de 10 personagens criados. Então assim, eu não criava meus personagens pensando no sucesso, mas conforme foi indo e eu vi que eles estavam crescendo e sendo bem recebidos pelo público, e isso anos atrás, quando a internet ainda nem era o que é hoje, e com a internet, esse sucesso vem de uma forma maior ainda.
Em todos esses anos que eu me apresento, eu aprendi muito com a plateia e as recepções dela com as piadas e entendi que é como uma criança, então ela sempre será sincera com a emoção e recepção do que estou apresentando. A partir disso, eu consigo ter uma base do que está sendo bom e aquilo que eles não têm gostado, e assim vou me adaptando. Mas antes de lidar com o público, eu preciso me fazer rir primeiro, porque é isso que vai contagiar a plateia, e se eu achar graça e acreditar na minha piada, dou a chance de eles também acreditarem.
Como foi a construção desses personagens? De onde veio a ideia?
Construir um personagem me traz sempre um desafio, principalmente quando eles são novos. E nesse momento eu me vejo em uma certa dificuldade, pois é difícil encontrar o que ele irá falar, qual mensagem ele irá passar ao público. E a ideia vem de percepção mesmo, da observação que eu vou fazendo das pessoas que encontro, até mesmo do meu público nos shows, e quando escolho qual eu vou interpretar, eu sempre estudo a imagem e a forma como eu quero apresentar ele, porque essa é a minha arte, é o que eu faço, me transformar em outras pessoas.
Marco Luque – Foto: Priscila Prade
Como você vê a evolução do papel do humorista no Brasil nos últimos anos até o ponto em que estamos hoje?
Quando eu comecei há alguns anos atrás, o modo de fazer humor era totalmente diferente, principalmente por conta da internet, que ainda não estava tão avançada quanto hoje e te dando tantas oportunidades. Isso tudo é muito bom, porque hoje não ficamos mais apenas em um mesmo modo de se apresentar, ou só com apresentações em palcos, podemos estender nossa arte para o meio digital e ampliar nosso público.
O humor nos tempos de mídia atuais, requer mais empenho, pois não temos o retorno ao vivo, vendo a forma como as pessoas estão realmente agindo e se expressando, enquanto nos palcos e TVs eu consigo entender e ver o que a plateia está achando logo no momento. Muito por conta disso, precisamos nos adaptar às redes sociais, mas sempre de forma que eu consiga estar passando a mesma energia e mensagem que em um palco.
Qual sua maior intenção através da sua arte e como acha que consegue realizar isso?
Eu acho que a minha arte é mais do que só o humor, eu levo uma mensagem ao meu público, sempre procuro algo do bem e que faça uma reflexão sobre a sociedade. Então, para isso, eu sempre penso no que posso transmitir, mensagens do bem, que não ofenda os outros e porque acredito que minha missão e intenção são fazer o bem.
O que espera daqui para frente?
Eu quero continuar me apresentando pelo Brasil afora, e atualmente eu tenho focado em empreender com a minha arte. Eu tenho uma produtora, a Macatranja, que está há mais de dez anos no mercado e atualmente tenho trabalhado na abertura de dois novos núcleos.
Tokio Marine Hall – R. Bragança Paulista, 1.281, São Paulo.